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Autor:
José Roberto de Toledo
Qualificação:
Diretor da Lello Intermediadora de Negócios
Site:
www.lello.com.br
Data:
19/05/05
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O Desafio de Morar Bem

O sonho da casa própria, comum entre os cidadãos, ainda é um grande desafio para boa parte da população brasileira. O cenário econômico do país, com achatamento salarial, demanda reprimida de empregos, inadimplência e escassez de linhas de crédito voltadas ao financiamento imobiliário, sobretudo para a classe média, acaba adiando projetos e expectativas em torno da aquisição do imóvel.

No Brasil, particularmente, o conceito que se faz sobre o aluguel de imóveis é diferente do que em outros países, sobretudo na Europa, onde morar em casas ou apartamentos como inquilino não tem conotação negativista. Lá, diferentemente daqui, o conceito de moradia prevalece sobre o de propriedade.

Com estoque de ofertas em excesso, especialmente em São Paulo, o mercado de locação residencial oferece boas oportunidades para quem procura um imóvel para alugar. De uma maneira geral, os valores de locação apresentaram, nos últimos anos, variação abaixo da inflação medida pelo IGP-M, favorecendo os candidatos a inquilino.

É natural, entretanto, que o cidadão prefira, em tendo condições, comprar uma casa ou apartamento a pagar aluguel durante toda a vida. Até porque o imóvel representa um ativo interessante, patrimônio que pode se valorizar, render lucros ao proprietário numa negociação bem feita ou mesmo contornar uma eventual necessidade financeira de última hora.

O que se discute, aqui, não é o direito do trabalhador em ter um, dois ou três imóveis. Pelo contrário, o mercado imobiliário é a grande alternativa contra as intempéries da economia nacional, representando um porto seguro para aqueles que temem eventuais dissabores com a baixa rentabilidade das aplicações financeiras em que pesem as altas taxas de juros cobradas pelos bancos - e a volatilidade do mercado de capitais.

Na verdade, o debate que queremos lançar gira em torno muito mais da qualidade de vida do cidadão, independentemente se morador de imóvel próprio ou alugado. Nesse sentido, faz-se necessário ampliar a visão em torno do mercado imobiliário, englobando todos os seus aspectos e oportunidades.

Em São Paulo, onde grande parte dos empregos concentra-se no chamado centro expandido, o trânsito e os custos com o transporte são fatores que devem pesar na escolha do imóvel. Quem mora em bairros mais afastados ou municípios da Grande São Paulo e trabalha no centro, por exemplo, tem uma despesa considerável com os deslocamentos diários, além de passar horas em intermináveis engarrafamentos.

Fazendo-se as contas na ponta do lápis, e levando-se em conta fatores como o tempo que se poderia passar ao lado da família, não será difícil constatar que morar longe, ainda que em imóvel próprio, pode ser dispendioso, desgastante e até mesmo prejudicial à vida particular do cidadão.

Ninguém, em sã consciência, gosta de morar mal. Por vezes, o trabalhador escolhe o imóvel que irá adquirir com base no critério exclusivamente econômico, ou seja, em regiões distantes mas dentro de um valor condizente com o qual ele pode arcar sem se comprometer financeiramente.

Com informação e consultoria especializada, no entanto, é possível encontrar alternativas de moradia aliando economia e qualidade de vida. Calculando-se valor de aluguel e encargos, mais o custo de deslocamentos e alimentação fora de casa, por exemplo, pode ser mais vantajoso que o proprietário alugue seu imóvel e, com os rendimentos decorrentes da locação, mude-se como inquilino para uma unidade mais próxima de seu local de trabalho.

Trata-se de um desafio para os gestores do mercado imobiliário mudar a cultura em torno da locação de imóveis, valorizando o conceito de propriedade, mas, fundamentalmente, o da moradia com bem estar e qualidade de vida.

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