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Autor:
José Roberto Sevieri
Qualificação:
Diretor Presidente do Grupo Cipa Congressos e Eventos Comerciais
E-mail:
[email protected]
Data:
19/10/05
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Responsabilidade Social em Eventos

Levando em consideração que um evento ativa 54 setores diferentes da economia brasileira, já fica registrada a grande importância do setor dentro da responsabilidade social.

A questão do lucro acaba ficando em segundo plano, quando se encara esta temática com a seriedade que deve ser tratada.

Antes até da responsabilidade social, tem que ser encarada a cidadania social, em que os mínimos direitos não são respeitados. Basta visitar um pavilhão de feiras durante a montagem. Sem raras exceções, é deprimente ver a forma que os trabalhadores, mal vestidos, se alimentam com os marmitex na mão, sentados em montagens inacabadas, no meio do pavilhão cheio de pó, barulho e cheiro de tinta, virando noites e dormindo em pedaços de carpetes e quando chega a fiscalização estes "promotores empresários" não admitem culpa, jogando a mesma para as montadoras, em que não tem nenhum encarregado nesta hora e os "trabalhadores", muitas vezes, nem sabe quem é o seu patrão. Neste momento vem as desculpas, que estão empregando pessoas e a fiscalização, que deveria também dar orientação, acabam por extrapolarem os seus limites gerando ainda mais confusão.

Esta situação de desrespeito não é exclusiva do setor de eventos, basta ver o setor de carvoaria, de corte de madeiras, área rural, trabalho em altura, confecções, trabalho infantil e tantas outras situações que acabam por levar ao banalismo, fazendo com que as pessoas considerem isto como "normal".

O ato responsável é aquele em que realizamos dentro das regras.

O social é o ato de viver em sociedade dentro das regras que foi aprovada pela maioria.

A responsabilidade social é um misto entre criar oportunidades, que possam extrapolar a sua consciência de direitos, e ampliar o seu manto de realização.

Os eventos distribuem empregos em gráficas, geração de energia, fábricas de tintas, móveis, fórmica, alumínio, táxis, companhias aéreas, alimentação, postagem, telefonia, logística e tantos outros que mostram claramente que o setor beneficia muito a sociedade, pois se nenhum negócio for realizado em uma feira ou se nenhum conhecimento tenha sido adquirido em um congresso, mesmo assim ajudou a cadeia de empregos.

É o único setor que pode obrigar o interessado a ir àquele destino, mesmo que não goste, mesmo que os hotéis estejam cheios, caros, mesmo que o trânsito seja ruim, que esteja frio ou chovendo porque não pode perder a visita naquela feira, que é o ponto de encontro do seu setor, onde irá encontrar os seus fornecedores e clientes bem como os seus concorrentes. Irá aprender sobre novas formas de negócios, comprar ou vender máquinas, movimentar seu estoques de produtos e manter o relacionamento. Dar empregos e ajudar a desenvolver ainda mais um setor é o primeiro objetivo de um evento comercial.

Na área de congressos quantas técnicas novas de saúde foram desenvolvidas e apresentadas, para que se multiplicassem e pudessem melhorar a vida de todos que são atendidos por estes que participaram do evento?

E neste ponto a responsabilidade total é do promotor do evento, pois solitariamente acaba por determinar para onde milhares de pessoas irão viajar, em que época do ano, qual destino, quando vão fazer os seus folhetos, os seus negócios e com quem vão se encontrar.

A responsabilidade é enorme, pois quando uma feira é realizada constrói-se uma imensa vitrine daquele setor para a sociedade e se não for bem apresentado à este setor, poderá prejudicar a imagem, ficando com fama de picaretas, desonestos ou malandros - se a apresentação é boa a imagem é inversamente contraria.

Na área de congressos é inimaginável trazer um mal profissional para ensinar a fazer operação nos olhos, por exemplo. Seria uma catástrofe.

Em vez de apenas responsabilidade social, que já é feito no dia-a-dia gerando empregos para a sociedade e negócios para os clientes, os promotores têm obrigação de terem responsabilidade com a cidadania, para que além de não errarem tanto e de forma consciente, possam formar os seus funcionários para um futuro próximo melhor.

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