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Autor:
Jaime Wagner
Qualificação: Fundador e diretor da PowerSelf, diretor-presidente da Plug In e vice-presidente da Junior Achievement
Site:
www.powerself.com.br
Data:
19/10/06
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Tempo não é Dinheiro. É vida.

Todos pensam no tempo como algo para o trabalho, necessário para se “ganhar a vida” porque há 400 anos foi adotada a fórmula de que “tempo é dinheiro” e instituiu-se um modo de vida moldado na troca do tempo dedicado no emprego, na realização de algo, por dinheiro.

A divisão do trabalho e a apropriação social do seu resultado, girando em torno do emprego, levam àquilo que Marx chamou de “alienação do trabalho”: os três conceitos se confundem. Tempo, trabalho e dinheiro parecem ser três aspectos de uma mesma realidade.

O tempo do trabalho é visto como o tempo que se vende e não como parte da vida livre, e o trabalho visto como um encargo necessário e não uma contribuição espontânea, como algo que acrescente, uma atitude que mude. Em que isso difere?

Tempo, dinheiro e trabalho são conceitos distintos. Tempo é vida, dinheiro é reserva de valor ou um meio de troca, e o trabalho é esforço para gerar valor. As ações se dão no tempo, mas não podiam ser remuneradas em dinheiro, porque sua maior recompensa é o próprio valor que geram.

Alienação do trabalho é pensar que sua finalidade é destinada apenas para a remuneração do esforço e não à geração de valor. A utilidade social da pessoa é o seu maior valor, e o dinheiro é uma expressão deste valor acumulado, é um reconhecimento.

A expressão “tempo é dinheiro” dramatiza a importância do tempo. Não desperdice tempo, você está desperdiçando dinheiro. Somos ensinados a dar mais valor para o que recebemos, do que ao tempo que dedicamos a executar tais ações. A criança que brinca, é mandada para a escola para aprender uma profissão para depois conseguir um emprego, ganhar dinheiro e com ele poder enfim “brincar”.

Cultua-se o mito do ócio como ideal de vida, mas o trabalho é o caminho para atingi-lo. Trabalha-se durante a semana para “viver” no fim de semana. Trabalha-se um ano para gozar a vida nas férias. Depois de “ganhar a vida” vendendo horas de seu trabalho, o empregado visualiza a aposentadoria como um éden de ócio, sem nada para fazer.

Grande engano é pensar que o tempo é uma coisa, algo que se possa ter ou que nos falte. Viver é fazer as escolhas, portanto, administrar o tempo é eleger prioridades. Escolher algo implica abrir mão de outras opções. E, se esta escolha for consciente e responsável, o valor de tudo aquilo de que se abre mão, se transfere para aquilo que se escolheu fazer. É um ato de potência, de transferência de valor. O erro é fazer algo lamentando o que se deixa de fazer.

Tempo não é dinheiro. Conseguir dinheiro é que é uma questão de tempo. Tempo é vida. E o valor da vida não tem preço. Meu tempo é minha vida. Administrar bem o tempo é viver bem, é qualidade de vida.

De fato, todo o tempo da vida é um tempo livre cujo sentido, significado e finalidade são dados pela própria pessoa. Não se trata apenas de “matar o tempo” no ócio, mas de fazer algo que responda às necessidade de realização.

A vida livre é mais rica justamente no trabalho. Não no trabalho alienado em que se troca o tempo pelo dinheiro, mas no trabalho que dá sentido, que enobrece a alma e gratifica, que desenvolve potencialidades e estabelece vínculos afetivos.

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