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Autor:
Max Schrappe
Qualificação:
Presidente da Confederação Latino-Americana da Indústria Gráfica (Conlatingraf) e do Conselho Consultivo da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf)
E-Mail
[email protected]
Data:
21/10/04
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O Novo Horizonte da América Latina

Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), as estimativas de crescimento da região para 2004 são bastante promissoras. Prevê-se expansão de 4,5 por cento, significando aumento de 3% na renda per capita. Esta perspectiva de expansão é motivada por quatro fatores principais: valorização das matérias-primas produzidas por essas nações, cujas commodities crescem de importância no mercado internacional; incremento do turismo; crescimento e diversificação das exportações; e maior responsabilidade fiscal dos governos, com reflexos no controle orçamentário do setor estatal.

Em 2003, a balança de pagamentos da América Latina e do Caribe teve superávit de US$ 5,6 bilhões. Este dado é muito importante, considerando que não havia superávit desde 1953. Em 2004, as tendências indicam que novamente haverá saldo positivo na balança de pagamentos continental, em volume equivalente a 0,8% do PIB. A balança comercial, graças a um expressivo aumento das exportações, terá peso significativo nessa equação. Ainda em 2004, há perspectivas de recuperação dos investimentos estrangeiros na América Latina e Caribe. As estimativas são de aproximadamente US$ 35 bilhões. O valor é mais próximo da média anual de US$ 39 bilhões, verificada no período entre 1990 e 2002, e bem acima dos US$ 29,5 bilhões registrados em 2003.

O ingresso de capital externo, por meio de investimentos e das exportações, é de fundamental importância, pois representa dinheiro não atrelado às dívidas externas dos países e tampouco recursos oriundos de novos empréstimos para refinanciamento dos débitos. Neste contexto, as exportações do setor industrial, que se somam à venda externa das commodities, vão assumindo um novo significado para as nações da América Latina.

O setor gráfico, um dos segmentos industriais que mais tecnologia agregou nos últimos anos, pode ter participação cada vez mais ampla nas exportações. Exemplo muito claro disto está em estudo que acaba de ser divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf): o saldo da balança comercial do setor no primeiro semestre foi de US$ 59,09 milhões, pouco superior ao de igual período de 2003, quando atingiu US$ 58,40 milhões. As exportações alcançaram US$ 111,25 milhões.

Os principais produtos vendidos no mercado externo foram cadernos (US$ 28,11 milhões), caixas e cartonagens dobráveis de papel e cartão não-ondulado (US$ 17,70 milhões), jornais empresariais e publicações (US$ 7,42 milhões) e livros, brochuras e impressos (US$ 4,90 milhões). Vale registrar que essa performance no comércio exterior da indústria gráfica brasileira segue-se a um exercício, o de 2003, em que, pela primeira vez em 10 anos, o setor obteve superávit em sua balança comercial.

Para o mercado gráfico latino-americano e caribenho no qual 42 mil gráficas, com seus 500 mil trabalhadores, buscam fortalecer-se e se inserir de forma competitiva na globalização e na iminente Área de Livre Comércio das Américas (Alca), as exportações constituem excelente alternativa. O sucesso no comércio exterior depende, claro, de ousadia nas prospecções, criatividade e eficiência no marketing e, principalmente, da qualidade. E este atributo parece cada vez mais presente nas gráficas da região, que conquistaram, este ano, 26 prêmios no mais importante concurso internacional do setor, promovido pela Printing Industries of America (PIA). O exemplo do setor gráfico, que é termômetro da economia, indica a perspectiva de um novo horizonte para a América Latina.

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