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Autor:
Ivo Barbiero
Qualificação:
Presidente da Cheque-pre.com
E-mail:
[email protected]
Data:
22/03/05
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Cultura de Crédito e o PIB

Em dois anos, 8,9 milhões de brasileiros ingressaram no mercado consumidor

Merece destaque o fato de ter sido o consumo um dos principais responsáveis pela expansão recorde (5,2%) do PIB brasileiro desde o advento do Real, em 1994, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A constatação reforça a importância de o Brasil desenvolver uma efetiva cultura de crédito, a começar na gestão da economia. Estudo inédito da Cheque-pre.com reitera a tese e mostra que o incremento das vendas na ponta do varejo, identificado pelo IBGE, foi puxado não apenas pelo aumento do valor médio das compras, mas, sobretudo, pelo ingresso de mais brasileiros no mercado consumidor.

De dezembro de 2002 a fevereiro de 2005, 8,9 milhões de pessoas antes alijadas do consumo adquiriram capacidade de compra, utilizando um ou mais meios de pagamento (dinheiro, cheque, carnê, cartão de débito e de crédito). É o que indica o DPC (Dimensionador do Poder de Compra), novo índice de análise daquela organização. Dentre os 180 milhões de brasileiros, 126,6 milhões (70,3%) têm algum poder de consumo, advindo de rendimento de trabalho. A pesquisa inclui neste perfil os brasileiros acima de 10 anos que trabalham ou, no caso das crianças, que usufruem da capacidade de compra da família.

Com renda de até um salário mínimo, são 40,4 milhões de pessoas, o (22,4% da população). Entre um e dois salários mínimos, 37,8 milhões de indivíduos (21%). Entre dois e cinco salários mínimos, há 33,7 milhões de consumidores (18,7% dos habitantes). De cinco a 10, 8,9 milhões (4,9%). Acima de 10 salários mínimos, existem 5,8 milhões de brasileiros, representando apenas 3,3% do total. Em outro recorte, o estudo demonstra haver 48,4 milhões de cidadãos, ou 26,9% da população, com poder de compra acima de 200 dólares/mês.

O estudo demonstra, ainda, que a população economicamente ativa movimenta R$ 116,8 bilhões/mês, utilizando como forma de pagamento cartões de crédito ou cheques. São 340 milhões de transações com cartões, que põem em circulação R$ 26 bilhões. Quanto aos cheques, são emitidos 180 milhões, movimentando R$ 90,8 bilhões (dados de fevereiro de 2005).

Os números deixam claro que uma adequada política de crédito pode ampliar ainda mais o número de pessoas com capacidade de consumir. Por isto, não pode mais ser baseada no simplismo da negativação dos consumidores, mas na sua capacidade de fazer uma compra utilizando algum meio de pagamento seguro para o estabelecimento vendedor. Um lojista, por exemplo, não deve deixar de vender só porque o cliente teve um cheque devolvido. Precisa direcionar corretamente a forma de pagamento, com a utilização estratégica das ferramentas de informações sobre o comportamento dos consumidores e seu perfil.

De sua parte, o governo precisa ter a humildade de reconhecer que a redução dos juros é essencial para manter a economia aquecida. Os dados divulgados pelo IBGE contêm preciso alerta quanto à questão, indicando a redução do ritmo do crescimento do PIB no último trimestre. Não é mera coincidência o fato de esta tendência de retração ter-se desencadeado na esteira dos sucessivos aumento da Selic, a partir de setembro de 2004.

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