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Autor:
Daniel Ferreira Júlio
Qualificação:
Administrador de Empresas e Gerente de Relações Comunitárias e Voluntariado da Fundação de Rotarianos de São Paulo
E-Mail
[email protected]
Data:
22/05/04
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O Desafio de Empreender

Jovens já são 51% dos desempregados. Como inseri-los nos benefícios da economia?

Ao refletirmos sobre as razões que explicam as diferenças entre os países ricos, emergentes e pobres, podemos encontrá-las na qualidade do capital social, nos recursos direcionados à melhoria tecnológica e na capacidade de investimento em infra-estrutura, máquinas, equipamentos e processos necessários ao desenvolvimento como um todo. O Brasil, como inúmeras outras nações, vive o processo de turbulência de uma economia que não apresenta melhorias e que, conseqüentemente, não consegue ampliar a oferta de trabalho de maneira a reduzir o índice de desemprego, cada vez mais assustador.

Conforme acaba de demonstrar o IBGE, o flagelo da falta de trabalho atinge nível superior a 12% da População Economicamente Ativa (PEA). Na Grande São Paulo, o índice é maior, chegando a aproximadamente 20%. Isto, em números absolutos, significa haver, somente na maior Região Metropolitana do País, dois milhões de pessoas sem exercer o direito básico de trabalhar e ter uma renda que possibilite a sua sobrevivência com autonomia e dignidade.

É neste contexto socioeconômico que se encontram milhões de jovens na faixa etária entre 16 e 24 anos, representando 51% do total de desempregados. A cada ano, mais jovens inserem-se no grupo demográfico incluído na PEA, pressionando de maneira crescente as estatísticas do nível de emprego. A economia deveria crescer, no mínimo, na mesma proporção da expansão vegetativa da população. Porém, isto não ocorre há tempos, e, na esteira da ínfima performance do PIB, agrava-se a falta de postos de trabalho.

Por outro lado, é preciso considerar a questão do chamado desemprego estrutural, ou seja, aquele advindo, segundo os especialistas, da eliminação de empregos pela automação das plantas industriais, robótica e cibernética. Muitas vezes, agrega-se a este fenômeno a falta de capacitação dos profissionais para desempenhar com eficiência tarefas que exigem conhecimentos, habilidades e atitudes específicas.

Infelizmente, o sistema educacional brasileiro ainda está distante de consolidar a qualificação de nossos jovens à altura das necessidades atuais existentes no mercado de trabalho, apesar de a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) de 1996 ter aceso uma luz no fim do túnel, normalizando os cursos superiores de tecnologia e a formação profissional de nível médio. Também é preciso considerar que, muitas vezes, os jovens não apresentam maturidade necessária para compreender esta realidade e, ao mesmo tempo, não possuem o conhecimento e capacidade operativa para encontrar a oportunidade do trabalho.

Nesse contexto, para criar realmente o espírito empreendedor em nossa juventude — para as carreiras profissionais, a eventualidade de um negócio próprio ou a própria vida —, de forma que possa efetivamente utilizar sua potencialidade, é preciso desenvolver sua capacidade de perceber seus próprios talentos e vocações, de sonhar, aprender e se esforçar na edificação de seu próprio futuro. Além disso, é preciso desenvolver sua atenção às oportunidades que existem em seu entorno socioeconômico, bem como o conhecimento de que necessita para lidar de forma eficiente com as situações nas quais estejam envolvidos.

Em recente pesquisa do Sebrae, denominada “Perfil da Juventude Brasileira”, a educação e o emprego são as principais preocupações dos jovens brasileiros. Este resultado deve estimular o desenvolvimento da capacidade empreendedora, aliada à aprendizagem adquirida e a força disponível nos jovens com bom nível de maturidade. Estes atributos lhes darão as condições básicas para perceber a existência de muitos nichos de trabalho ainda não preenchidos de forma satisfatória. Isto significa que, se não existem empregos, pode existir oportunidades de trabalho. Então, será necessário percebê-las, identificá-las e pensar nas melhores alternativas de como transformar idéias em ação.

À medida que os jovens tenham sua capacidade empreendedora desenvolvida, associada ao desenvolvimento de políticas públicas e ações das instituições financeiras do País, favorecendo o acesso ao microcrédito, haverá mais expansão econômica, com conseqüente ampliação das oportunidades de emprego.

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