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Autor:
Marco Zanini
Qualificação:
É presidente da NFe do Brasil.
Site:
www.nfedobrasil.com.br
Data:
23/06/2010
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A tecnologia mudou a rotina do contador, o SPED revolucionou

Quando comecei a trabalhar, alguns anos atrás, lembro de um profissional que ficava atrás de uma mesa, com pilhas e pilhas de livros, folhas de papel e caneta em punho. Ele também era o responsável por um espaço grande o suficiente para guardar tudo aquilo. Ele era o contador.
 
Poucos anos depois, com a popularização do computador, esse profissional passou a transferir alguns dados do seu trabalho para as planilhas, que avanço! E quando ele achou que tudo estava automatizado, veio o advento da Internet pra mostrar que ainda havia muito a melhorar.
 
Apesar da modernização, a essência do trabalho nunca mudou: o contador tinha contato apenas com informações de produtos e a movimentação da empresa depois do processo de negócio finalizado. Seu trabalho era viabilizar o pagamento de impostos devidos e escriturar, manualmente ou em sistemas de computador, as informações das notas emitidas. Esse processo tornava a rotina do contador extremamente operacional.
 
Mas há cerca de quatro anos surgiu o SPED (Serviço Público de Escrituração Digital): ferramenta única, capaz de proporcionar ao contador mais tempo para dedicar-se às atividades estratégicas de valor agregado. Pronto, o trabalho desse profissional estava totalmente revolucionado e o mercado pôde contar com uma das mudanças mais favoráveis dessa profissão.
 
O Brasil atualmente conta com mais de 70 mil escritórios contábeis. São cerca de 400 mil contadores espalhados por todo o país. Substituindo o Livro Diário e o Livro Razão por arquivos digitais, o SPED transformou o processo de fiscalização tornando-o muito mais prático e rápido. O contador agora pode se apoiar nessa solução para aprimorar sua atuação, obter mais conhecimento, ganhar novos clientes e sair na frente da concorrência. Literalmente, o escritório contábil passou a ser usado como consultoria, sendo o braço direito das empresas em decisões estratégicas de negócios.
 
Se formos observar os principais pontos dessa transformação, podemos começar pela dificuldade com que os contadores tinham em realizar a busca por documentos. Imagine aquele arquivo morto em que ele armazenava seus documentos fiscais. Agora pense em como seria realizada essa busca, gaveta por gaveta, folha por folha, ou pior, ano por ano. Seria muito difícil. Agora com o SPED, o que interessa para o contador é o arquivo eletrônico, basta digitar o dado no campo de busca, e ele tem em mãos uma resposta rápida e precisa.
 
A transação e cruzamentos de dados agora é real e por isso a busca é tão facilitada. A partir de uma base de dados (com informações digitadas pelo escritório contábil) é gerado um arquivo digital de acordo com o layout estabelecido, informando todos os documentos fiscais e contabilistas de interesse em âmbito federal e estadual. Tamanha organização facilitou o cotidiano não só do contador, mas também das empresas que passaram a compreender a importância da ajuda desse profissional.
 
Mais do que nunca, os escritórios de contabilidade estão agregando serviços de qualidade à sua oferta. Sabemos que, um dos maiores problemas das empresas hoje é identificar os seus ônus tributários. Ninguém melhor que um contador para ajudá-las nessa demanda. Se pegarmos o IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) como exemplo, percebemos que antes de identificar a alíquota sobre esse produto, devemos fazer o caminho contrário e conhecê-lo mais detalhadamente para a partir daí, identificar se aquele tributo indexado sobre o valor do item é correto. As empresas dificilmente fazem isso sozinhas, por isso, o caminho de tendência das contabilidades é transformarem-se também em consultorias tributárias.
 
E lembrando que o mundo passa por necessidades de iniciativas politicamente verdes e corretas, as contabilidades também apóiam a preservação do meio ambiente. Aquele arquivo morto tornou-se realmente morto, não existe mais, deixaram também de consumir grandes volumes de papeis e eliminaram os altos gastos com livros fiscais.
 
E se as empresas acham que os avanços param por aí, se enganam, mais uma tendência está se mostrando eficiente para esse mercado. Trata-se do cloud computing, ou computação nas nuvens. Empresas de TI já oferecem compartilhamento de ferramentas (software, assinatura digital, links de comunicação e impressoras) pela interligação dos sistemas via internet. Aposente o seu servidor, os dados agora serão guardados nas nuvens.
 
E uma das profissões mais antigas do mundo, mudou mais nos últimos quatro anos do que em séculos de evolução. Será que todos os contadores já se deram conta disso?

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