.
Autor:
Mauro Johashi
Qualificação:
Diretor de Corporate Finance da RCS Consultores
E-Mail
[email protected]
Data:
25/05/04
As opiniões expressas em matérias assinadas não refletem, necessariamente, a posição do Empresário Online. Proibida a reprodução sem a autorização expressa do autor.

Administre Riscos na Empresa e Evite Prejuízos Inesperados

A empresa em que você atua possui uma concentração de valores a receber de um único cliente? Freqüentemente enfrenta problemas de recebimento de matérias-primas e de entrega de produtos acabados? A falha de algum processo produtivo ocasionou graves problemas junto a clientes e ao fluxo de caixa? A variação de preços de insumos ou dos produtos acabados afetou a competitividade da companhia?

Essas situações não são nenhuma novidade, especialmente para as pequenas e médias empresas brasileiras. A boa notícia é que algumas dessas corporações já estão conseguindo monitorar, mensurar e implementar ações com objetivo de minimizar esses efeitos, graças à aplicação de um conceito chamado administração de risco.

Muitos empreendedores já ouviram falar em administração de risco e normalmente associam este termo ao mercado financeiro. Apesar de relativamente recente, o emprego desse tema foi premente, por conta de alguns casos que ocorreram em instituições financeiras nos últimos anos.

Isso não quer dizer que esse mesmo assunto não seja importante para as empresas de uma forma geral. Muito pelo contrário, várias companhias e setores que já adotaram a administração de risco conseguiram otimizar e muito seu trabalho e suas despesas.

Mas afinal, o que é administração de risco e como funciona? Todos temos conhecimento de que qualquer atividade da qual estamos participando geralmente envolve uma incerteza quanto aos seus resultados. A incerteza pode ser mínima ou pode ser grande, mas na maioria das vezes é mal dimensionada.

Podemos, de uma forma bem sucinta, desmembrar a análise de risco em três vertentes: riscos de crédito, operacional e de mercado. O primeiro está relacionado às operações em que a empresa fica exposta ao pagamento de um terceiro , clientes e bancos, por exemplo. Quanto maior essa exposição, mais riscos têm de ser previstos.

Já o risco operacional associa-se aos procedimentos e documentações dos processos desenvolvidos na empresa. Uma falha pode ocasionar problemas na produção e a conseqüente falta de entrega da mercadoria ao cliente, acarretando até uma multa, gerar problemas no fluxo de caixa, mau dimensionamento de compras, concentração de clientes, entre outros. Este é certamente um dos riscos mais negligenciados pelas empresas.

E o que dizer do risco de mercado? Ele está vinculado à variação de preços que cercam a atividade produtiva da empresa, situação muito freqüente em casos de companhias atreladas a um fornecedor ou representante comercial exclusivo. Se o valor de um insumo for ampliado e onerar essas empresas, fatalmente haverá um repasse de preços ao consumidor, algo nada animador para seus negócios.

Outro fator ligado ao risco de mercado é a sazonalidade, uma preocupação usual no setor agrícola, mas que muitas vezes não é levado em conta por quem ainda alimenta o sonho de abrir um negócio próprio. Que tal comprar uma sorveteria no final do verão ou abrir um restaurante na beira da praia em plena época de inverno?

Se esses são aspectos fundamentais para as empresas, é interessante ter conhecimento de que hoje existem ferramentas específicas e apropriadas para o dimensionamento dos riscos da empresa. Diversas ações foram desenvolvidas em várias partes do mundo, com o objetivo de criar uma espécie de classificação de risco para as pequenas e médias empresas, semelhante a que existe para bancos e empresas de capital aberto.

Cuidado, porém, para não confundir a administração de risco com algumas análises que são feitas apenas tendo como base o histórico de pagamentos da empresa ou os demonstrativos contábeis. Esse conceito é muito mais abrangente, fazendo com que as companhias tenham um planejamento de capital de giro e um relatório econômico-financeiro muito mais delineado.

Apesar de ainda tímida, a aplicação deste conceito precisa ser motivada, como forma de organizar os negócios de fato e tornar mais transparente a relação das companhias com instituições financeiras, fornecedores e clientes. Pense nisso na hora de desenvolver seu negócio.

.

© 1996/2004 - Hífen Comunicação Ltda.
Todos os Direitos Reservados.