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Autor:
Fabio Arruda Mortara
Qualificação:
Presidente executivo da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG) e da AMuG (Associação dos Amigos do MuG - Museu de Tecnologia, Comunicação e Artes Gráficas)
E-Mail
[email protected]
Data:
26/08/04
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A Conquista da Competitividade

A "guerra dos fogões" e os limites comerciais impostos pela Argentina, bem como a sinalização de que algo semelhante deva ser feito no setor automotivo, suscitam oportuna reflexão: seriam o protecionismo e os subsídios indutores da competitividade? Um olhar objetivo e analítico sobre o comportamento da economia mundial e de como se têm processado o comércio exterior indica claramente que não. Medidas artificiais, barreiras alfandegárias e não alfandegárias - com todo o respeito aos irmãos argentinos - apenas empurram a realidade com a barriga do improviso e tapam o sol com a peneira do anacronismo, entorpecendo o mercado e perpetuando distorções de preços e custos.

É preciso muito mais! É essencial aporte tecnológico, formação profissional e modernização dos processos produtivos. Nesse sentido, pode-se estabelecer interessante analogia com a indústria gráfica brasileira. Até a década passada, o setor enfrentava - muitas vezes com desvantagem - a concorrência de gráficas da Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos e, pasmem, dos longínquos Hong Kong e Coréia do Sul. Em 1997, o déficit da balança comercial setorial atingiu o pico de US$ 426 milhões.

Os líderes gráficos não foram a Brasília invocar as bênçãos protecionistas. Ao contrário, trataram de fazer a lição de casa da competitividade, a começar por investimentos em máquinas, equipamentos e tecnologia, superiores a US$ 6 bilhões, política de inversões que desafiou os juros exorbitantes e a escassez de crédito. Paralelamente, promoveram a ampliação e aperfeiçoamento do treinamento e da formação profissional. Neste campo, as principais iniciativas concentram-se nas ações coesas desenvolvidas pelo Senai-SP, por intermédio da Escola "Theobaldo De Nigris", e pela ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica).

Além do ensino de nível técnico, já ministrado há tempos com grau de excelência, o Senai passou a formar tecnólogos em Curso Superior de Tecnologia Gráfica. Os cursos de gestão da ABTG tiveram, em 2003 e 2004, a adesão de empresários e executivos gráficos, especialmente os das micro e pequenas empresas, que contaram com o apoio do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP). Este passou, também, a estimular o acesso de profissionais das gráficas a cursos do Senai, subsidiando parte do valor.

Alinham-se a esta saga da competitividade, seminários, pesquisas e elaboração de normas pela ABTG, oficialmente reconhecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como Organismo Setorial de Normalização. A entidade também é a representante brasileira no Comitê Gráfico da ISO - fator que ampliou o intercâmbio com instituições técnicas de todo o mundo. A normalização agregou padrões de excelência aos processos industriais.

É preciso salientar, ainda, o importantíssimo papel do Prêmio de Excelência Gráfica "Fernando Pini", que chega em 2004 à sua 14ª edição e consolidado como o mais importante do setor e efetivo referencial de qualidade do mercado. É vitrina e, ao mesmo tempo, um dos fatores decisivos do avanço da qualidade. O ritmo das inscrições, que podem ser feitas, até 17 de setembro, no site www.abtg.org.br, indica novo recorde de empresas participantes.

Investimentos, formação profissional, normas, estudos, seminários e um prêmio direcionado à qualidade forjaram novo padrão competitivo para a indústria gráfica. Os resultados são concretos, com destaque na balança comercial brasileira: em 2003, pela primeira vez em 10 anos, o setor obteve superávit (US$ 73,7 milhões) no seu comércio exterior. Os números atestam a eficácia de uma política articulada de toda uma cadeia produtiva na conquista da competitividade.

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