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Autor:
Ricardo Kurtz
Qualificação: Presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet (Assespro)
E-mail:
[email protected]
Data:
27/04/2007
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Informática como matéria obrigatória no Ensino Médio

A notícia da tramitação do Projeto de Lei do deputado Fábio Souto (PFL-BA) que torna a Informática obrigatória no Ensino Médio, a princípio é um grande acerto, afinal, como imaginar que ainda não seja? Inclusive o argumento, de que o próprio Ministério da Educação, ao elaborar os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio reconheceu a importância da computação e, conforme o próprio propositor de que "o conhecimento dos assuntos ligados a esta área chega a ser uma condição para se conseguir emprego" nos indica que a lei chega tarde.

Mas, será? Sabendo que somos um país de muitas leis que não saem do papel. Vemos diversos desses casos em outras áreas do ensino e na saúde, para não citar mais exemplos. Na educação, recentemente tivemos uma questão pontual que expressa bem minha preocupação, que nada tem contra o projeto e sim, com a forma como está sendo colocado. Mas vamos lá, todos devem lembrar quando o ensino inclusivo foi proposto, aliás, imposto aos educadores: crianças especiais com crianças comuns em salas de aula com professores sem qualquer capacitação. A celeuma foi geral. Não foram poucos os casos de escolas que rejeitaram crianças e professores que exigiram o que eu aqui peço, ou seja, uma reflexão quanto ao preparo dos docentes.

A verdade é que há necessidade de um choque na educação. Prova é que o ministro da pasta, Fernando Haddad, lançou nesta terça, 24, o Plano de Desenvolvimento da Educação que inclui, entre outras metas, a informatização de todas as escolas públicas até 2010. E este é um dos pontos cruciais para a implantação de uma disciplina de informática. Mas não só ele. E volto a pontuar, também é fundamental a capacitação do corpo docente.

Por tudo isso, proponho pensarmos no quão importante é a iniciativa, mas sem esquecer de mapearmos toda a situação para que o projeto seja real e, efetivamente atinja de maneira profícua seus objetivos. O que todos queremos é que não seja mais uma lei só do papel. Para isso, ela deve vir junto com todo um programa de qualificação de professores com condições de lecionarem a disciplina, além, é claro, de equipar as escolas com laboratórios e computadores. Além disso, temos de discutir também, questões como a de que, para o ensino de conteúdo básico não será muito difícil a formação de instrutores ou professores. Já para conteúdos mais específicos e técnicos, haveria também a alternativa do ensino à distância. Ficam as sugestões, porque como empresário, e como presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet (Assespro), louvo a iniciativa, e coloco nossa Entidade à disposição para colaborar neste projeto, mas alerto para que o que pode ser uma revolução na educação e no mercado não deve se perpetuar a exemplo de outras, como apenas mais uma bela lei.

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