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Autor:
Rubens Pimentel
Qualificação: Sócio-diretor da Ynner Marketing, consultor e professor de estratégia e marketing em cursos universitários
E-mail: [email protected]
Data:
28/09/06
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O Planejamento Estratégico e as Pequenas e Médias Empresas

Cada vez mais planejar um negócio independentemente de seu tamanho ou de seu segmento se torna condição indispensável para o sucesso duradouro e sustentável. Apesar desta sabedoria arraigada no mercado a maioria das empresas de pequeno e médio porte não tem a cultura de planejamento estratégico para desenvolvimento do negócio. Empreende-se com um misto de tino comercial, sorte, oportunismo e pragmatismo para que as coisas aconteçam.

O que pode parecer complexo e mais adequado às grandes corporações é sim facilmente aplicável a negócios de menor porte. Estratégia é o conjunto de planos que objetivam, juntos, alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais de curto, médio e longo prazo da empresa. A formulação do planejamento estratégico se divide em analisar oportunidades e ameaças e cruza-los com os pontos fortes e fracos da organização, estabelecer a missão e os objetivos gerais, desenhar planos e estratégias, implementar e controlar para garantir que os objetivos sejam atingidos.

Ainda que alguns profissionais e catedráticos defendam que o planejamento estratégico está perdendo a intensidade de uso como ferramenta de organização das empresas, entendendo-se que cada área da corporação é que deveria formular seu plano e estratégia, e a soma espontânea de todos os planos resultando no plano geral da empresa. Conhecendo a complexidade do funcionamento das corporações, de suas culturas e dos interesses pessoais que as compõem eu diria que acreditar nisto é o mesmo que acreditar que o coelhinho da páscoa entregará ovos de chocolate para nossos filhos.

Quem mais precisa desta ferramenta é quem está iniciando um negócio ou quem está inserido em empreendimentos de pequeno ou médio porte. Negócios em estágio de introdução ou crescimento necessitam de foco e investimentos precisos. A falta de estratégia bem formulada e bem implementada dificulta decisões de investimento e o resultado pode ser olhar em direções menos interessantes e levar a empresa para um caminho sinuoso e sem horizonte. Nada mais perigoso para empresas de pouco tempo de vida!
Planejar bem, com metas ajustadas e implementação competente pede criatividade e muito trabalho, e, o contato com empresas de diversos setores tem mostrado que as desculpas verdadeiras mais utilizadas são a respeito do dia-a-dia corrido que tira o tempo de planejar e as metas de curto prazo que são mais importantes que a visão de futuro do negócio. Desculpas verdadeiras... mas desculpas.

A atitude mais prudente para os novos negócios e empresas que estão em fase de crescimento é investir tempo e recursos na formulação de uma boa estratégia e exigir de seus executivos uma competente implantação e controle com esforço focado na conquista das metas pré-estabelecidas. O futuro é construído hoje a cada ação e investimento feitos pela empresa, não planejar é construir um futuro do qual não fazemos a menor idéia. Podemos não gostar do resultado quando chegarmos lá.

Há em andamento um perverso jogo entre líderes visionários e criativos e o médio escalão das empresas. A falta de fidelidade de uns para com os outros inibe a utilização de planejamentos de médio e longo prazo. O resgate de planos e estratégias consistentes passa por líderes que permitem a ousadia e o risco e um time com capacidades criativas e coragem para formular propostas inovadoras.

Para finalizar deixo o exemplo recente do setor aéreo nacional. Com o ocaso da Varig abriram-se muitas oportunidades no mercado para empresas menos expressivas crescerem e para as grandes aproveitarem as oportunidades remanescentes. Fiquei impressionado com o aumento de tarifas indiscriminado feito por empresas que construíram sua marca apoiadas no conceito low-cost. Correm afobadas para aproveitar as oportunidades de ganho imediato sem re-visitar missão, visão, construção de marca, conceito de comunicação e etc. Virá o ganho imediato, mas fica a pergunta: e quanto ao futuro da marca?
As companhias aéreas regionais e aquelas que operam com tarifas econômicas correm o risco que tem sido a síndrome do século XXI: problemas gerados pelo crescimento rápido e sem planejamento em conseqüência do aproveitamento de oportunidades desorganizadamente. O futuro, que está sendo construído hoje, cobrará pedágio dos afobados de plantão e dos sedentos pelo bônus anual.

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