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Autor:
Paulo Pandjiarjian
Qualificação: Consultor de varejo e marketing e Embaixador em São Paulo da ADVB DF.
e-mail:
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Data:
28/10/2009
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Integração regional e globalização: desafios estratégicos para Brasil e Argentina

O momento para acelerar a integração da América do Sul é mais do que oportuno. Está se formando um campo extremamente favorável à ação da diplomacia brasileira, no sentido de acelerar o intercâmbio comercial e o fluxo de investimentos entre Mercosul e Comunidade Andina, fortalecendo o Cone Sul em suas aspirações em relação ao mundo globalizado.

A forma como isso poderá ser feito não tem muita importância – união aduaneira entre os dois blocos ou simplesmente concedendo-se preferências mútuas por meio da redução progressiva de alíquotas de uma série de produtos e mercadorias – desde que o assunto seja debatido com seriedade entre todos os países, inclusive Equador, Colômbia, Suriname e República da Guiana.

As vantagens de se iniciar o mais rapidamente possível essas negociações são várias. A principal delas é a necessidade de compensar a queda de trocas comerciais entre Brasil e Argentina e de ambos com Paraguai e o Uruguai, em conseqüência da crise dos nossos vizinhos portenhos.

A mais importante vantagem dessa união é criar um espaço alternativo para atrair os investimentos estrangeiros de risco. Explicando melhor: os indicadores mundiais pós-crise permitem traçar um cenário medíocre para os próximos dois ou três anos.

A persistirem esses sinais negativos, os investimentos de risco tenderão a se retrair e a permanecer em aplicações seguras em seus países de origem.

Trata-se de criar uma sinergia econômica entre os dois blocos sul-americanos de tal sorte que a visibilidade política e institucional supere amplamente a soma de seus mercados internos.

O Brasil está fazendo a lição de casa. Apesar de todas as dificuldades, está se sobressaindo um Brasil que está dando certo.

Apesar do fraco crescimento econômico, da extorsiva carga tributária, da injusta repartição dos tributos entre União, que fica com a maior parte; Estados e Municípios; da baixa eficiência da máquina pública, e da paralisação das reformas - a da CLT e dos encargos sociais, a política, e a do Judiciário -, um seleto grupo de empresas brasileiras vem obtendo resultados expressivos, nos mercados externos globalizados.

Gerdau, as construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, Vale, Petrobrás, Marcopolo, Sabó, Weg, Embraer e Tigre, as dez empresas nacionais mais internacionalizadas, foram buscar lá fora oportunidades e vantagens que não encontram por aqui.

Além delas, o Frigorífico Friboi, recentemente, após duas bem-sucedidas operações internacionais, apoiadas pelo BNDES, tornou-se o mais recente participante de um clube fechadíssimo – o das empresas brasileiras que entraram na globalização como “caçadoras” e não como meras “caças” -, como era costume.

Ao adquirir o Swift Armour, sediado na Argentina, em 2006, e, em seguida, o Swift, sediado nos Estados Unidos, o Friboi tornou-se o maior frigorífico de carne bovina do mundo e está ensaiando novas aquisições.

O sucesso dessas empresas, que se aventuram lá fora, tem sido de tal ordem que o ministro da Indústria e do Comércio Exterior, Miguel Jorge, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, já estudam, em conjunto, a adoção de instrumentos de apoio (linhas de crédito e de financiamento) para apoiar a internacionalização de companhias brasileiras.

Seguindo o exemplo de tais empresas, muitas outras, de porte médio, fazem planos parecidos, baseando-se, inicialmente, na abertura de franquias e em parcerias com similares, localizadas, principalmente, na Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México, dentre outros países.

O desafio é grande, mas vale a pena tentar!

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