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Autor:
Philippe D´Audenhove
Qualificação:
Gerente de Marketing da AACD e coordenador executivo do Teleton
E-mail:
[email protected]
Data:
28/12/04
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Investimento Social Produtivo

Resultados visíveis ampliam a credibilidade dos projetos do Terceiro Setor

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) acaba de divulgar resultado parcial da segunda edição da Pesquisa Ação Social das Empresas: no Sudeste, 71% realizam projetos. No Nordeste, 74%. Outro estudo do organismo, também anunciado em dezembro e realizado em parceria com IBGE, GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) e Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), demonstra que, no Brasil, entre 1996 e 2002, o número de fundações privadas e associações sem fins lucrativos saltou de 105 mil para 276 mil e o de trabalhadores que empregam, de um milhão para 1,5 milhão.

Os números atestam a dupla e crucial importância desse segmento no universo socioeconômico: o trabalho voltado à melhoria da qualidade de vida e à inclusão social, suprindo parte das demandas públicas que o Estado já não é capaz de atender; e a criação de empregos e renda. O desafio permanente do Terceiro Setor, para que a intervenção da iniciativa privada possa realmente produzir transformação significativa no País, é ampliar cada vez mais o engajamento de empresas e voluntários. Neste sentido, o marketing social é poderosa ferramenta, contribuindo para multiplicar ações, conquistar adesões, apoios, realizar campanhas e possibilitar a manutenção e crescimento do trabalho realizado.

Consideradas essas premissas, uma das principais características do marketing social deve ser a transparência e objetividade na divulgação à opinião pública, em linguagem clara e acessível, dos resultados de cada projeto ou programa. Estes, por sua vez, também devem ser bem definidos, palpáveis e mensuráveis. Exemplo disto é o Teleton, maratona televisiva anual, cuja receita, no Brasil, destina-se à AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que detém os direitos da marca no País. De 1998 a 2004, foram sete programas, totalizando uma receita acima dos R$ 90 milhões.

Com esses recursos, realizaram-se os seguintes empreendimentos: construção e equipamento dos centros de reabilitação da AACD de Recife e da Mooca, em São Paulo, do centro do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, do centro de Minas Gerais, em Uberlândia, e do Bloco E - Ambulatórios na sede da entidade, em São Paulo. Também foram construídos o centro de reabilitação de Osasco (SP) e do Rio de Janeiro, em Nova Iguaçu. O dinheiro foi aplicado, ainda, na ampliação do atendimento, manutenção e melhoria de unidades já existentes. Hoje, a entidade realiza mais de cinco mil atendimentos por dia, 96% dos quais gratuitos.

Além da devida clareza, o marketing social não pode ser encarado como a finalidade precípua do voluntariado, responsabilidade empresarial ou atuação das organizações não-governamentais. Trata-se, em termos efetivos, de um instrumento destinado a contribuir para o sucesso das iniciativas de caráter público do setor privado, direcionadas ao bem comum. Uma frase sintetiza muito bem a questão: as organizações de caráter particular não devem realizar ações sociais para aparecer, mas podem aparecer por realizar ações sociais.

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