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Autor:
Antoninho Marmo Trevisan
Qualificação: Presidente do Grupo Trevisan
E-mail:
[email protected]
Data:
28/12/2007
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As promessas de 2008

Primeira constatação para 2008: preços dos principais produtos agrícolas devem continuar valorizados no mercado internacional. Destaque especial para o milho que, graças ao programa de produção de etanol nos Estados Unidos, deve ter sua demanda pressionada. O desempenho do setor sucro-alcooleiro seguirá vigoroso, com grandes perspectivas de crescimento.

Na indústria, o melhor desempenho deverá registrar-se nos setores siderúrgico, petroquímico, de produtos de informática,  material de construção e automóveis. O aumento da renda disponível para consumo, suscitado pela recuperação do poder de compra dos salários, a redução das taxas de juros e a expansão nos prazos de financiamento deverão impulsionar as vendas no comércio ao longo dos próximos meses.

Os dados consolidados de 2007 vão demonstrar que as vendas do comércio elevaram-se em 6% na comparação com 2006. Avanço semelhante deverá repetir-se em 2008. Impulsionado pela boa performance do comércio e da indústria e início dos investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o PIB deverá crescer por volta de 5% em 2007 e 2008. No ano que vem, tudo indica que o mercado financeiro evoluirá substancialmente, graças ao ingresso de novas empresas na Bolsa de Valores e à entrada de investimento direto estrangeiro para aplicações em fundos de investimento no Brasil.

A taxa de desemprego apresentou pequeno recuo em 2007 em relação ao ano anterior. É possível que esta tendência continue em 2008.  O IPCA de 2007 deverá ficar em torno de 4%, principalmente em razão da manutenção do dólar em patamar baixo e aos reduzidos reajustes dos preços administrados. Os preços influenciados por esses grupos respondem por cerca de 60% da composição da inflação.

O volume de crédito continuará crescendo, podendo chegar a algo em torno de 37% a 40% do PIB. Hoje, esta relação está em 33%. Essa expansão do crédito será observada no setor habitacional e no financiamento de bens de consumo duráveis (principalmente computadores e periféricos). Espera-se que, no prazo de dois anos, o volume de crédito no Brasil atinja 50% do PIB.

Este ano, o superávit primário das contas públicas deverá atingir 3,9% do PIB, resultado que deverá repetir-se em 2008. A relação Dívida Líquida do Setor Público sobre o PIB tenderá a cair para cerca de 43% em 2007 e para 40%, em 2008. Todo produto da arrecadação fiscal que vem crescendo acima da inflação. No entanto, os gastos públicos correntes também têm crescido no mesmo ritmo da arrecadação. O governo continua como o grande tomador de recursos do sistema financeiro.

O saldo da balança comercial deverá fechar o ano de 2007 em torno de US$ 43 bilhões, valor inferior ao registrado em 2006 (US$ 46 bilhões), mas com volumes de exportações e importações maiores. As reservas em moeda estrangeira deverão alcançar US$ 175 bilhões em 2007 e atingir mais de US$ 200 bilhões em 2008. Estima-se que os investimentos diretos estrangeiros aumentem em 2008, aproximando-se de US$ 40 bilhões. Porém, o volume será ainda insuficiente para levar o nível de investimento da economia a 25% do PIB, índice necessário para sustentar um crescimento econômico duradouro da ordem de 5% ao ano.

Os fortes déficits comercial e fiscal dos Estados Unidos indicam que o dólar continuará se desvalorizando em relação às principais moedas internacionais. O crescimento do PIB norte-americano deverá ficar abaixo de 3% em 2007 e será ainda menor em 2008. Já na  Europa a inflação dos principais países continua pequena, manutenção da taxa de juros e estabilidade no nível de emprego, porém, a economia continuará registrando baixo crescimento do PIB. A principal preocupação das autoridades monetárias européias é o efeito que a contínua valorização do euro frente ao dólar poderia causar no ritmo do nível de atividade de seus países. O Japão deverá continuar crescendo em torno de 3%, e a China, Índia e Sudeste Asiático, entre 7% e 10%. A China deverá continuar batendo recordes de exportações.

A América Latina poderá registrar crescimento em torno de 4% em 2007 e 2008. As principais ameaças à economia mundial em 2008 vêm dos Estados Unidos, que deve sofrer contínuo desaquecimento, e dos altos preços do petróleo. Isso impacta o crescimento da China, Japão e Europa.

Dessa vez, felizmente, o Brasil encontra-se menos vulnerável a crises externas do que em anos anteriores. Enfim, 2008 está aí, com boas perspectivas.

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