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Autor:
Cláudio Boriola
Qualificação:
Consultor Financeiro
E-mail:
[email protected]
Data:
29/04/05
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Empréstimos: Um Golpe na Sociedade às Vistas das Autoridades

Conta corrente com saldo devedor; limite do cheque especial estourado; cheques pré-datados pra tudo que é lado; o cartão de crédito com fatura vencida; agiotas famintos, como hienas atacando o bolso das pessoas; instituições financeiras batendo recordes de empréstimos facilitados e sem burocracias.....

Tudo isso está as vistas das nossas autoridades que nada fazem para controlar essa situação.

Não tem dinheiro para comprar remédios ou comida? A grana está curta, não dá nem pra comer? Não agüenta mais baterem em sua porta ou atender aos telefonemas de cobradores? Perdeu o controle da situação financeira? Está endividado? O que fazer para solucionar os problemas financeiros? Está desesperado! Que tal um empréstimo? O que se deve fazer?

Essas são, sem sombra de dúvidas, as situações mais comuns na vida de milhões de brasileiros.

As pessoas fragilizadas e com excesso de problemas financeiros, buscam fazer dívidas para pagar dívidas anteriores e, no final, pagam mais pelos juros dos empréstimos do que o próprio valor da dívida. Esse é o preço do descontrole financeiro!

Esse é um assunto nada prazeroso, porque observamos nele a condição atual de milhões de brasileiros. A inadimplência é, pública e notoriamente, muito alta no Brasil. O que não falta hoje é a facilidade para aquisição de crédito. Mas por causa de gastos e juros exagerados, cobrados pelos empréstimos e também pelo atraso no pagamento, milhões de brasileiros vêm pagando um preço muito alto pela sobrevivência, culminando com a humilhação e o constrangimento. Esses que são sentimentos impagáveis.

A educação econômica não faz parte do dia-a-dia das pessoas, muito menos das crianças, que não são orientadas de uma forma adequada sobre o assunto.

Tem um ditado muito popular que diz "dinheiro não dá em árvore". É um ditado muito verdadeiro, pois, ao contrário, é conquistado com muito trabalho e sacrifício e, para sair do bolso, que é a parte mais sensível do corpo humano, é rapidinho. Às vezes, nem vemos a cor do suado dinheiro.

Temos hoje que nos preocupar e muito com a qualidade de vida de todos os brasileiros. O advento da educação financeira em outros países vem contribuindo de maneira esplendorosa para a conscientização e a formação educacional. A falta de cultura sobre o assunto leva as pessoas, muitas vezes, ao caos financeiro, contraindo dívidas sem mesmo perceber e, quando menos se espera, a pessoa está no fundo do poço e, a reversão desse quadro torna-se uma tarefa demasiadamente complicada em face do poder aquisitivo estar bem aquém das possibilidades, o que se deu em virtude dos altos índices de juros cobrados que, por sinal, são considerados os maiores do mundo.

Hoje o atrativo para a concessão de créditos fáceis é encontrado em cada esquina. Os prazos para pagamento são à perder de vista e, as pessoas se esquecem ou não têm a consciência de que o prazo vence. Tudo isso faz com que os salários dos meses futuros encontrem-se comprometidos com as "pequenas" parcelas, as quais já tem as taxas de juros embutidas e, geralmente, não informadas ao consumidor.

Situações que levam as pessoas a entrarem em depressão, loucura, quando não, a prática do suicídio. O problema financeiro vem de longa data e o próprio governo nada faz ou não tem interesse na conscientização da população que vem pagando o preço da sobrevivência.

Milhares de aposentados e pensionistas, sem fazer as contas dos juros reais que estão pagando, estão aderindo ao empréstimo consignado que virou uma "praga nacional". Vemos nessa nova modalidade de empréstimos fáceis, mais uma prática de "exploração de mercado" e, acabamos nos esquecendo que os idosos contribuíram e muito para o crescimento e o desenvolvimento do nosso país e não são merecedores desse descaso por parte de nossas autoridades.

Um aposentado que ganha até um salário mínimo (R$260,00), compromete 30% de seu benefício - R$78,00 - por mês. Como será a sua sobrevivência com apenas R$182,00 que lhe restam no mês? São muitos os aposentados que se arrependeram de ter efetuado o empréstimo, e hoje, estão passando fome e sendo sustentado por familiares, uma vez que não conseguem saldar suas dívidas, devido as altas taxas de juros embutidas nas parcelas.

Não basta pagar apenas juros que variam entre 1,75% e 4,0% ao mês. A meu ver, essas taxas de juros praticadas são altíssimas e exploradoras.

Será que o governo não pensou em criar sua própria linha de crédito para os aposentados? Os empréstimos poderiam ser consignados, utilizando-se o caixa da previdência ou subsídio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social).

As parcelas dos empréstimos vêm descontadas diretamente da aposentadoria, o que torna nula a taxa de inadimplência por parte dos beneficiários, exceto em caso de morte ou fraude no sistema da previdência. Dessa forma, as instituições financeiras particulares vêm capitalizando e obtendo lucros invejáveis as custas dos humildes aposentados que contribuíram e muito com o país.

Em um curto espaço de tempo, a população poderá constatar o que está ocorrendo aos nossos aposentados e pensionistas do INSS em todo o país.

É preciso encarar a verdade em todos os seguimentos da nossa economia, assim, teremos um país melhor, digno e justo.

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