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Autor:
Paulo Antenor de Oliveira
Qualificação: Presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal (SINDIRECEITA)
E-mail: [email protected]
Data:
29/04/06
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A Hora e a Vez de Repensar o Sindicalismo

Nos últimos anos os sindicatos, principalmente os de servidores públicos, não têm conseguido passar para a sociedade uma imagem da importância do serviço público e dos seus servidores. Sem querer abarcar todas as causas da imagem negativa do serviço público, entendemos que vale a pena comentar alguns dos principais motivos do fracasso das entidades sindicais dos servidores públicos.

A greve, que é um instrumento legítimo, tem sido utilizada para qualquer fim e a qualquer hora, não se levando em consideração a sociedade. Isso é um erro, pois três são os principais pilares da democracia, a sociedade organizada, a mídia e o parlamento. Se, na época da ditadura, os movimentos de paralisação eram vistos como afronta ao regime de força, hoje, são vistos como causadores de prejuízo para a sociedade.

E isso é simples de entender. O que choca mais: a falta de reajuste para o servidor ou a situação do velhinho que ficou horas na fila sem atendimento e que depende de uma aposentadoria muito menor que a remuneração do servidor paralisado? É evidente supor que a sociedade organizada, a mídia e o parlamento vão se sensibilizar mais com aquele velhinho.

Então como fazer para demonstrar a esses setores a importância do que se reivindica? A resposta está em deixar de defender apenas interesses corporativistas e colocar-se ao lado da sociedade na busca de seus legítimos interesses.

Não se trata aqui de defender que uma entidade do fisco vá apoiar a salvação das baleias africanas, mas de interesses sociais ligados a sua área de atuação. A título de exemplo, atualmente, o Sindireceita tem duas campanhas, uma voltada a favor da formalidade e contra a pirataria e outra a favor da edição de um código nacional de defesa do contribuinte para que haja equilíbrio na relação fisco-contribuinte. Essa última campanha, por sinal, vítima de ataques de outras entidades do fisco, defensoras ferrenhas de um corporativismo cego e surdo. É fácil argumentar a favor de um código de defesa do contribuinte, pois, na medida que os contribuintes são melhores atendidos, as atividades dos agentes do fisco serão facilitadas e valorizadas, ou seja, o reconhecimento dos profissionais envolvidos será decorrência natural.

Se um sindicato não deve aparecer somente quando faz greve por aumento salarial, também não deve aparecer quando um de seus representantes candidata-se a um cargo eletivo. Ou seja, os dirigentes sindicais têm que se preocupar mais com os trabalhadores que representam do que com o apoio a partido ao qual estão atrelados. A ligação estreita de sindicatos com partidos políticos tem sido extremamente nociva para seus representados. Os sindicatos deveriam atuar de forma independente.

Resumimos então algumas das características que deveriam nortear um novo sindicalismo: independência, politização sem partidarização, preocupação com a sociedade (a chamada responsabilidade social), autenticidade com a mídia, atuação no parlamento e legitimidade no trato dos interesses dos representados.

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