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Autor:
José Santiago da Luz
Qualificação:
Contador e sócio-diretor da RCS Auditoria e Consultoria
E-mail:
[email protected]
Data:
29/07/05
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O Novo Papel da Auditoria

Com a crescente competitividade do mercado e a necessidade de uma atuação cada vez mais planejada, a mera garantia de credibilidade das informações financeiras já não é o bastante para as empresas brasileiras. É nesse contexto que entra em cena o novo conceito de auditoria de desempenho. Mas como ficam as companhias de menor porte, que são grandes geradoras de renda e empregos, porém não apresentam uma estrutura totalmente profissionalizada e ajudam a compor a triste estatística de mortalidade empresarial no Brasil?

Para as empresas não obrigadas a ter um auditor limitadas ou sociedades anônimas de capital fechado a auditoria de desempenho garante plena credibilidade aos negócios, na medida em que identifica os mais variados problemas relacionados não apenas a controles internos, fiscais e trabalhistas, como também a fluxo de caixa, orçamento e precificação.

O conceito de que se trata aqui representa uma verdadeira radiografia da empresa, por meio do acompanhamento contínuo de sua atuação e de seus processos mercadológicos. No entanto, por envolver empresas de menor porte mais carentes de um atendimento individualizado, a programação dos trabalhos de auditoria deve ser direcionada às necessidades específicas da companhia em análise. Ou seja: não há modelos pré-definidos.

É importante salientar que esse tipo de trabalho só caminha bem se houver alto grau de comprometimento do auditor e do cliente. A adoção de muitas das ferramentas que funcionam como suporte para a execução e o sucesso desse trabalho exige uma mudança de comportamentos e posturas muitas vezes já arraigados no dia-a-dia da empresa. Mas como funciona, na prática, uma auditoria de desempenho? O modelo sustenta-se em quatro pilares:

Planejamento estratégico: O passo inicial é a verificação do cumprimento dos objetivos do negócio. O que foi traçado como meta para a empresa está sendo seguido de fato? As prioridades e atributos da companhia revertem em vantagens competitivas? O plano de trabalho obedece a um calendário anual? Este calendário sofre constantes reavaliações, à luz da volatilidade do cenário econômico e tributário? São esses os questionamentos que permeiam a primeira etapa do trabalho.

Parte-se então para a avaliação do grau de segurança das ferramentas utilizadas para gestão do negócio, cujo objetivo é verificar se as mesmas enfocam aspectos como a análise da participação de cada produto por cliente, a avaliação do desempenho da equipe de vendas, bem como a revisão e a formação dos preços de venda. Este último item apresenta especial importância, pois muitas vezes esbarra na visão amadora de que preços reduzidos seduzem mais compradores. Os empreendedores com esse pensamento, entretanto, ignoram o enorme perigo de adotar preços inferiores aos custos e com isso comprometer a lucratividade.

A compreensão do que é margem de contribuição passa ainda pelo controle e redução de custos. O auditor será responsável por promover uma avaliação da estrutura de custos da empresa, visando sua redução ou melhor distribuição. O foco do seu trabalho serão as áreas econômica, tributária, trabalhista e previdenciária.

Sua empresa está em ordem, mas as feras estão soltas. Mercado e concorrentes também devem ser observados de perto, por meio da aferição e controle dos riscos existentes no setor e tendo como parâmetro a forma de atuação da empresa. O controle dos riscos, para se tornar realidade, deve objetivar a verificação da existência de ferramentas adequadas ao acompanhamento dos riscos e que possibilitem sua gradual redução. É fundamental averiguar o nível de informações disponível sobre o setor de atuação e a adequação da forma de trabalho da empresa ao mercado em questão.

Um bom planejamento e o monitoramento freqüentes são garantias de sucesso. Sendo validada nesses moldes, a empresa agrega valor aos seus negócios e ratifica, perante o mercado, a alta qualidade de sua gestão. Portanto, é hora de deixar de simplesmente ouvir conselhos para colocá-los no papel, por uma questão de sobrevivência.

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