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Autor:
Guglielmo Gafforini
Qualificação:
Diretor de Relações Internacionais da Abiesv (Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo)
E-Mail
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Data:
30/06/04
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Insumos e produção

As notícias alentadoras sobre o nível de atividade da indústria nacional no primeiro trimestre deste ano e o prenúncio de crescimento da economia contrastam com o pragmatismo do empresariado, escaldado pelo conservadorismo da política de juros, a escassez de capital de giro e a pesada carga tributária que, por vezes, inibem novos investimentos.

Fator agravante, e que se soma aos naturais entraves macroeconômicos, reside na própria relação comercial entre indústria e fornecedores de matérias primas, acirrada nos últimos meses com a alta de até 20% no preço de insumos como aço e plástico, essenciais para a fabricação de equipamentos vitais ao varejo, que são exatamente os sistemas de exposição de produtos.

No momento em que os varejistas brasileiros dão sinais claros de otimismo, animados com o crescimento das vendas no comércio e planejando, por vezes, a abertura, reforma ou ampliação de seus estabelecimentos, torna-se imperioso que a indústria de equipamentos esteja apta a suprir a demanda interna, fornecendo respostas rápidas e priorizando a qualidade.

Os empresários do setor de equipamentos, como gôndolas, check-outs, mobiliários e manequins são unânimes em apontar que a capacidade instalada é suficiente e absolutamente adequada para atender o mercado interno neste ano. Paralelamente, é notória a modernização e o avanço tecnológico do segmento, que hoje exporta seus produtos para países do Mercosul e Europa.

Pronta para produzir, a indústria se depara com um novo fator complicador ao fazer encomendas e cotações das matérias primas. Os fornecedores de insumos, aparentemente mais interessados em vender ao mercado internacional, atravancam o processo ao estipular, sem exceções, valores inflacionados e prazos de entrega incompatíveis com a realidade do mercado.

As conseqüências nefastas dessa prática nada respaldada pela ética podem ser verificadas na outra ponta, ou seja, na relação comercial entre os fornecedores de equipamentos e o setor varejista. Relação essa que, diga-se de passagem, sempre foi pautada pelo bom senso e pela cordialidade.

Sem condições de promover repasses significativos, a indústria se vê obrigada a, mais uma vez, apertar suas já reduzidas margens de lucro para conseguir atender à demanda. E com um agravante: a intransigência por parte dos fornecedores de insumos impede quaisquer negociações em torno de preços, prazos de pagamento e entrega dos pedidos encomendados.

Os resultados são no mínimo desanimadores, prejudicando o varejo que pretende se expandir e, em última instância, o próprio cliente final, que poderá ter que pagar uma parcela, mesmo que pequena, dessa conta. Em suma, como se não bastasse o cenário ainda adverso e incerto da macroeconomia, a indústria de equipamentos fica engessada por conta da imprudente prática comercial dos fornecedores de insumos.

Diante desse impasse, urge, de um lado, que as empresas do setor de matérias-primas repensem sua política de preços e, de outro, que os industriais se mobilizem através de suas entidades de classe mais representativas, para reverter o quadro sombrio que hoje se instaurou em nosso segmento.

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