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Autor:
Mário César de Camargo
Qualificação:
Presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP)
E-Mail
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Data:
30/09/04
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Um Pacto Viável

Acordo de gráficas, governo e trabalhadores contribuiu para exportações de US$ 188 milhões

São muito precipitadas as críticas disparadas sumariamente, por distintos segmentos, à nascente proposta de entendimento entre trabalhadores, empresários e governo, visando conciliar crescimento econômico e inflação baixa. O fato de a idéia ter brotado no âmbito da CUT e da Fiesp não significa sua restrição às duas entidades, como aludem os precoces julgamentos. Também não é justificativa plausível para recusar peremptoriamente a tentativa de acordo o desgaste que esse tipo de pacto teve no País na década passada.

É verdade que algumas tentativas anteriores fracassaram, mas isto não significa que se deva aceitar como desígnio implacável a incapacidade nacional do entendimento. É preciso acreditar na competência dos brasileiros para o diálogo e a cooperação voltados ao bem comum, de forma coerente, aliás, com as mensagens patrióticas que Brasília tanto reforçou neste 7 de Setembro. Renegar a viabilidade de uma atitude civilizada de coesão é um choque de água gelada na auto-estima de toda a sociedade.

Há exemplos pontuais de sucesso nas negociações entre empresas, trabalhadores e governo, suficientemente claros para demonstrar aos céticos o quanto é exeqüível um pacto nacional. A indústria gráfica brasileira avançou muito no mercado externo nos últimos dois anos. Saiu de um déficit de US$ 21,2 milhões para saldo positivo de US$ 72,8 milhões em 2003 (o primeiro superávit comercial em mais de uma década). O valor das exportações, no ano passado, foi de US$ 188,1 milhões, contra US$ 138,9 milhões em 2002, representando crescimento de 35,4%.

O resultado não expressa uma conquista isolada dos empresários. Implicou amplo entendimento com o governo - que participou, por meio da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), do financiamento de consórcios de gráficas para prospecção do mercado externo - e com os trabalhadores, cuja participação no processo foi decisiva. Tem sido bom para todos. Em 2003, ano difícil e recessivo, o setor fechou o exercício com 196 mil postos de trabalho, número um pouco superior ao de dezembro de 2002. Ou seja, a iniciativa privada, o setor público e os funcionários das gráficas, por meio do diálogo, mantiveram o nível de empregos e as máquinas operando e contribuíram para os bons resultados da balança comercial, essenciais ao sucesso da política econômica do Planalto.

A partir de exemplos como esse, por que duvidar e tentar barrar no nascedouro idéias como a que se cultiva no diálogo entre CUT e Fiesp? Que mal haverá se a proposta evoluir, o governo reduzir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e as indústrias paulistas realizarem investimentos de R$ 10 bilhões, como anuncia o presidente eleito da Fiesp, Paulo Skaf? O Brasil somente será verdadeiramente grande e desenvolvido quando houver sinergia, trabalho e empenho para tornar concretas as boas idéias nascidas da inteligência nacional e do intercâmbio de iniciativas dos trabalhadores, empresários e governo.

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