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Autor:
Geólogo Fernando Valverde
Qualificação:
Diretor executivo da Anepac - Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil.
E-Mail
[email protected]
Data:
21/07/04
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O Geólogo e o Mercado de Trabalho no Brasil

O Geólogo e o Mercado de Trabalho no Brasil
Geólogo Fernando Valverde
Desde se perder no fascinante mundo e encanto das gemas e metais preciosos, como diamantes, esmeraldas, ouro, platina, paládio e outros, ou ainda pesquisar minerais como cromo, níquel, cobre, zinco, titânio, carvão, petróleo, alumínio, bauxita, manganês até analisar as estratificações cruzadas em uma rocha Marciana descobertas recentemente pela sonda Opportunity no Planeta Vermelho, a atuação do Geólogo é imprescindível.

O que muita gente não sabe é que o conhecimento geológico básico é fundamental à obtenção dos confortos da vida moderna, ao desenvolvimento social e econômico e na preservação ambiental, tanto de qualquer país da Terra, como do planeta como um todo.

Você talvez me pergunte: mas o que faz um geólogo? Dentre milhares de atribuições, ele decifra os sinais das rochas sobre onde se escondem os tesouros minerais da Terra, analisa o meio ambiente, planeja da ocupação urbana, indica o melhor caminho para atravessar uma montanha, o melhor local para colocar uma represa, uma grande ponte, um arranha-céu ou para fazer um furo que forneça petróleo ou água para o nosso uso. Essas são as habilidades que um profissional formado em Geociências pode oferecer aos seus semelhantes.

Essas habilidades ele as aplica em atividades como: preservação do meio ambiente, ensino e pesquisa em universidades e institutos, trabalhos em empresas de mineração e companhias de exploração de petróleo, cartografia em geral, exploração de recursos hídricos, prevenção de desastres naturais (deslizamentos de encostas, assoreamento de rios e mangues), geomatemática (aplicação de conhecimentos matemáticos a problemas geológicos), geofísica (monitoramento de abalos sísmicos, definição da geometria de corpos geológicos), geoquímica analítica (análise e interpretação de dados químicos de minerais, rochas, solos e águas), sensoriamento remoto, tratamento digital de imagens, mapeamento geológico etc.

Mas será que há mercado para o geólogo no páis? Eu diria que sim, pois existem inúmeras obras de engenharia paradas que podem gerar emprego e desenvolvimento econômico e que precisam de licença ambiental. Hoje, não se admite mais a construção de uma obra de grande porte, sem o EIA/RIMA. Isso não existia há algum tempo atrás. Para se fazer um EIA/RIMA completo é necessário ter Geólogos na equipe. Por outro lado, existem e devem surgir grandes passivos ambientais: todas as obras que foram realizadas sem cuidados ambientais precisam agora despoluir os estragos que fizeram: poços de petróleo, postos de gasolina, indústrias químicas, siderurgia, fundições (areias de fundição) etc. Nas cidades moram hoje 81% das pessoas do Brasil. É preciso ocupar o espaço urbano respeitando suas limitações. É preciso proteger mananciais e áreas de servidão para fornecer matérias primas minerais. É preciso ainda proteger a população, como deslizamentos, tarefa em que o geólogo é fundamental. Muito desastres naturais que acontecem hoje ocorreram por não ter tido a participação do Geólogo no passado.

“Outro problema das grandes metrópoles é a necessidade de se planejar as cidades (Planos Diretores Municipais) reservando-se áreas para as finalidades específicas (agricultura, indústria, mineração, lazer, habitação, etc). As regiões metropolitanas no Brasil vêm, dia após dia, requerendo quantidades cada vez maiores de insumos minerais para a indústria da construção civil, como areia e brita, por exemplo. Essas matérias-primas possuem uma baixa relação preço/volume, ou seja, são grandes quantidades produzidas e baixo preço dos produtos, portanto o transporte é fundamental. Não se traz brita da Amazônia para São Paulo, nem areia de Minas Gerais pois o preço do frete seria um absurdo. Portanto, esses bens minerais obrigatoriamente devem ser produzidos dentro ou no entorno dos grandes aglomerados urbanos. E aí surge uma situação paradoxal. Uma sociedade criando uma demanda cada vez maior de insumos minerais e, ao mesmo tempo, impedindo que a atividade se desenvolva (ninguém quer morar do lado de uma pedreira, ou porto de areia, nem tampouco de um aeroporto, ou cemitério, mas tudo isso tem que coexistir). Por isso, há necessidade de planejamento. Saber onde estão, quanto tem e para que servem os recursos minerais nos grandes centros urbanos para que se preserve e planeje um aproveitamento racional deles. Neste quadro o papel do geólogo é fundamental. No Brasil não existe nenhuma grande cidade com essa preocupação. E cada vez mais estão buscando brita e areia mais longe. Não existem políticas de preservação destes recursos, ou seja, a reserva de áreas para a mineração atender as demandas futuras. Grandes reservas estão sendo continuamente esterilizadas. Isso é papel do governo (nas três esferas), pois destes bens minerais dependem as obras públicas (habitação, estradas, pavimentação, infraestrutura etc.) fundamentais para a melhoria da qualidade de vida das populações urbanizadas”, explica o Eng. Tasso T. Pinheiro é Presidente do Sindipedras (Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo).

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