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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 353 (10/01/1999)

Varejo Pede Proteção

Com a abertura das fronteiras econômicas, falar em reserva de mercado parece ir contra os princípios básicos ditados pela globalização. Porém, não se pode esquecer de que esse fenômeno da atualidade apresenta injustiças brutais em termos competitivos, quando se trata da disputa entre varejistas de diferentes portes. Países mais desenvolvidos, como a Inglaterra, a França e a Itália, já acordaram para essa realidade há três anos, estudando e implantando medidas protecionistas depois de verem dois terços dos seus mercados internos dominados por grandes marcas e redes. Embora no Brasil ainda predomine em larga escala o pequeno varejo, se não forem tomadas as devidas providências para a garantia da sua sobrevivência, a tendência, a curto prazo, aponta para o enfraquecimento e o desaparecimento dessas empresas, assim como dos benefícios gerados à sociedade por intermédio delas. Quem alerta para o problema, em entrevista exclusiva, é o empresário Carlos José Stüpp, presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) - Tel.: (11) 285-0555.

PROFISSIONALIZAÇÃO URGENTE
"Para cada vaga que se cria numa grande rede, fecham-se sete nas pequenas, e isso tem provocado, por parte dos governos de países europeus, em conjunto com as entidades de classe, ações de proteção. Aí é que está a palavra, estão protegendo o pequeno negócio, a pequena empresa, que é, principalmente no Brasil, o grande gerador de empregos. Esses pequenos têm que dar um basta ao amadorismo, em especial no interior do País, que tem um varejo nada profissionalizado, que precisa informatizar-se, automatizar suas lojas, por menores que elas sejam. Hoje, o custo disso ficou acessível a todos, independentemente do tamanho, do lugar em que se está situado, e quem não se adequar a esse novo momento não vai sobreviver. Já não são suficientes os diferenciais normais de gestão, de crédito, se não houver a agilidade necessária à prestação de serviços agregados. Além de conhecer o produto, é importante saber quem é o consumidor em sua individualidade, de acordo com o que ele está passando a exigir cada vez mais."

RETORNO AO DIFERENCIAL
"Haverá que se discutir, também, formas de reoxigenação dos varejos de rua. O lojista tem que se conscientizar de que o consumidor de hoje busca entretenimento e segurança. O entrave nos pequenos centros comerciais do País é a questão da segurança, do trânsito, das facilidades. Os comerciantes que se derem conta disso não devem esperar só pelo Estado. Que se organizem em associações de bairro e busquem as soluções, pesquisando junto dos clientes e vendo quais são as carências daquele espaço de comércio. É um processo lento, mas que não pode esperar muito, pois a concentração de mercado começa a se desenhar no Brasil. Muitas dessas lojas que estão próximas possuem 20, 30, 40 anos de sucesso e histórias. Elas chegaram onde estão em razão de um produto ou serviço específico que era o seu principal foco de ação. Portanto, precisam redescobrir e voltar a esse sustentáculo, que foi a razão da sua sobrevivência, ter algo todo próprio que faça a diferença. É impossível concorrer em escala com os grandes, tem de jogar de forma a ter condições de levar o produto até o cliente."

PROPOSTAS E INCERTEZAS
"Ninguém está livre da concorrência. Hoje não é mais nem a loja da esquina, nem tem endereço certo. Ela pode aparecer em qualquer lugar do Planeta, com qualquer produto que se queira adquirir, em um curto espaço de tempo e com uma burocracia cada vez menor. Nós estamos falando em delimitar estruturas físicas por intermédio do trabalho que a CNDL está desenvolvendo no congresso brasileiro, propondo medidas que visam, por exemplo, restringir o número de metros quadrados de uma loja em função do tamanho das populações das cidades, assim como limitar as ações da mídia. São temas que ainda representam tabus, mas entendemos que temos a responsabilidade de começar essa discussão, embora saibamos que isso tudo também é temporário. Ninguém sabe o quanto a Internet, entre outras formas alternativas de consumo, vai crescer daqui para frente. Vai ser um mercado sem fronteiras. Esperamos é que esse mesmo processo que vai nos disponibilizar isso nos conceda instrumentos para que possamos desenvolver produtos na mesma escala e nas mesmas condições de agredir novos mercados e não só sermos agredidos por esses que estão chegando."


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