Mudança de Rota com Planejamento
Nem sempre o surgimento de produtos concorrentes com custo menor e maior valor agregado significa a exclusão de um negócio. Pelo contrário, é nesses momentos que a criatividade empreendedora precisa funcionar a todo vapor para buscar novas alternativas de mercado. Enquanto muitas empresas permanecem na mesmice do dia-a-dia, sujeitas às mudanças imprevisíveis do cenário global, sem avaliar a longevidade do que produzem, a NT Indústria Eletrônica - Tel.: (12) 333-2541, de São José dos Campos/SP - , fabricante de receptores para televisão via satélite por meio de antena parabólica, serve como exemplo de visão estratégica apurada para sobrevivência a longo prazo. Desde 1998, a empresa vem apresentando capacidade ociosa na produção, devido à redução dos preços nas assinaturas de TV a cabo, que permitiu a diversas camadas da população o acesso a essa tecnologia. Conscientes da necessidade de começar a investir desde já para acompanhar a sofisticação e as futuras tendências da eletrônica digital, os dirigentes elaboraram um planejamento cuidadoso com o objetivo de conquistar nichos mercadológicos ainda inéditos, que apresentam grande potencial de expansão para os próximos anos. Quem revela as etapas desse processo, em depoimento exclusivo, é Antônio Carlos de Moraes, diretor da organização.
CONTROLE
"O primeiro passo para a sobrevivência é a forma honesta de trabalhar, principalmente em relação aos nossos distribuidores, respeitando seus clientes e a sua região de atuação. O outro fator está na preocupação em acompanhar as novidades do mercado, correndo atrás das atualizações tecnológicas, assim como da equalização dos custos. De nada adianta, hoje, ter apenas um produto de qualidade a um preço que não seja competitivo. Montamos também uma estrutura tanto para prospectar novos clientes quanto para manter os que já temos. Nossa equipe de marketing trabalha com follow-up, entrando em contato direto com os clientes para saber se estão satisfeitos e qual é o índice de ocorrência de problemas. Fornecemos para sessenta revendas espalhadas do norte ao sul do Brasil, o que nos levou a implantar uma rotina para a checagem do atendimento e da assistência técnica, que é o nosso ponto forte, pois produzimos e montamos aqui mesmo. Por isso, temos peças para reposição imediata, além de pessoas treinadas por nós, ou seja, um suporte completo que nenhum outro fabricante garante em nível nacional."
CRÉDITO
"Atualmente, é fundamental monitorar a clientela do ponto de vista financeiro, porque o dinheiro está difícil, custa caro e não se pode perdê-lo tão fácil. Acreditamos que aqueles que permaneceram no mercado são os melhores, pois a época mais complicada já passou e eles conseguiram sobreviver. Mesmo assim, rastreamos a ficha dos clientes, por intermédio da Serasa, dentro de uma periodicidade que vai de uma a duas vezes por mês. Outro procedimento bastante utilizado é conversar com fornecedores em comum para trocar informações sobre o andamento das empresas. O nosso pessoal de venda também colabora nesse sentido, procurando saber dos próprios clientes que se conhecem como está a situação do vizinho. Até quando não existem impedimentos com relação a cheques sem fundos e títulos protestados, ainda corremos um risco de inadimplência alto, em torno de 50%, pois não há garantia total contra isso."
RETOMADA
"Já temos profissionais trabalhando na área de desenvolvimento para o receptor digital, um dos mercados fortes que vêm pela frente. Não vamos entrar na parte de sinal por assinatura, mas sim fabricar o receptor para esse sinal. Estamos investindo também na Internet por antena, e não mais por linha telefônica, o que ainda demanda algum tempo em razão da complexidade tecnológica, mas já estamos preparando-nos para lançar essas novidades. Além disso, temos a distribuição de divisores e amplificadores para UHF, que não vai morrer tão cedo. A gestão de toda essa tecnologia é longa e cara, o que caracteriza um mercado complicado, que precisa de tempo, pessoal capacitado, ferramentas de software e computadores muito sofisticados que não são fabricados no Brasil. Depois de tudo pronto, o produto ainda precisa ser testado e homologado para poder ser comercializado."
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