Lucro com a Mão na Massa
Montar uma empresa vai muito além de escolher um ramo de atuação, abrir uma porta e esperar o cliente chegar. Além da inspiração empreendedora, o futuro empresário deve procurar capacitação em todos os níveis, não só para saber se possui tino comercial mas, principalmente, para entender como funciona a rotina empresarial e a melhor forma de gerar lucro. Aprender tudo isso na prática leva anos e requer boa dose de persistência, além do risco de exclusão pela falta de visão estratégica. É o que mostra a experiência de José Justino Geraldo, ex-metalúrgico e atual dono da 1ª Opção Alimentos ([email protected]). Com a ajuda e o apoio da mãe e do irmão, ele dominou o medo, quando deixou a segurança de ser empregado para assumir o risco do próprio negócio. Em depoimento exclusivo, Justino conta como está conseguindo crescer em um ramo que era desconhecido para ele, graças ao esforço de aprendizagem e à ajuda financeira do Banco do Brasil.
ENTUSIASMO
Em 1992, eu trabalhava como metalúrgico e estava caminhando para a falência. Após três anos e sete meses sem oportunidade alguma de progredir na empresa, resolvi sair e comecei a vender pastel em um quartinho de 2x2. Dois anos depois, meu irmão passou a me ajudar e nós legalizamos o negócio, montando um estabelecimento um pouco maior, na frente da minha casa, para vender esfiha aberta e outros salgados. Ainda nessa época, nós estávamos na base do entusiasmo, sem ter uma noção correta do negócio em si e do controle do caixa. Só pensávamos em trabalhar o tempo inteiro, sem saber direito o que estava acontecendo, até que um dia descobrimos que o negócio estava ruindo, e só então resolvemos procurar ajuda. Ficamos cerca de quatro anos só na persistência, sem ganhar nada, apenas mantendo o negócio. Foi aí que procuramos o Sebrae para tentar um financiamento no Banco do Brasil, porque a primeira coisa em que se pensa quando se está quebrado é no dinheiro."
CONSTRANGIMENTO
Nós simplesmente abríamos a loja e ficávamos lá, sentados de forma passiva, esperando os fregueses. Vivíamos culpando o governo pelo pessoal não ter dinheiro, e hoje eu sei que não é nada disso, que estávamos completamente errados. Como é que as pessoas gastavam nas padarias, nos açougues, na farmácia, nos hipermercados? Nós é que tínhamos que buscar algum jeito de fazer presença. Existe muito a ilusão de que abrir uma portinha vai ganhar muito, vai comprar casa, carro e tudo mais. Na verdade é muito mais abrangente do que isso. Esse é o sonho, só que tem a parte da responsabilidade do negócio, de se assumir como empresário, o que não estava acontecendo comigo. Eu ficava até constrangido quando era tratado como tal em repartições, embora pagasse todas as contas e todos os impostos. Para quem vive na periferia, isso é normal. O máximo que se consegue admitir é ser um comerciante, sem saber a importância que se tem até mesmo para o País. Foi depois de observar os problemas dos outros que eu consegui identificar os meus, e hoje já temos uma boa expectativa para o futuro."
CAPACITAÇÃO
"Hoje, com um pouco mais de consciência, mais do que nunca, sei que fiz a coisa certa ao pedir para ser mandado embora. Eu continuo com a loja, mas sem aquela mentalidade de cruzar os braços. O que funciona na minha região são os panfletos, faixas e carro de som. Estamos utilizando esse marketing e tem dado resultado. Vai ser melhor ainda quando implantarmos o projeto de um novo forno turbo que estamos comprando, graças ao financiamento concedido pelo Banco do Brasil. Com ele, a economia de energia vai ser grande, a produtividade vai aumentar muito e a diversificação de produtos será maior. É importante lembrar que, quando comecei a vender pastel, não sabia nem fritar um ovo. Foi então que comecei a pegar gosto pela coisa, o que é o mais importante, a gente precisa gostar do que está fazendo. Quando chegou a vez da esfiha, no primeiro dia saíram umas pastas, mas, em menos de uma semana, já estávamos dominando o negócio. Na hora das fogazzas, fizemos alguns testes e inventamos a nossa receita, que está dando certo. Hoje eu sinto prazer em trabalhar no que é meu, em gerar a minha própria renda. Aconselho a quem quer montar uma empresa a, mesmo estando empregado, buscar informações e capacitação em todos os sentidos, para sentir se é aquilo mesmo e não perder o tempo que eu perdi para começar a entender o negócio."
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