Poupança com Capital
A popularização do mercado de ações vem sinalizando o interesse crescente dos pequenos investidores uma nova forma de aplicar seus recursos, mais rentável e, ao mesmo tempo, mais participativa. No entanto, todo o cuidado é pouco na hora de efetuar essas operações, sendo necessário o suporte de uma corretora de valores confiável e capaz de indicar aos seus clientes as melhores opções de investimento. Quem discute o assunto, em depoimento exclusivo, é Paulino Botelho de Abreu Sampaio, presidente da Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias (Ancor) - Tel.: (11) 232-6322 - site: www.ancor.com.br.
PULVERIZAÇÃO
"Existe um esforço para popularizar o mercado de ações a médio prazo, de seis meses a um ano. A venda das ações em bloco da Petrobrás pode ser considerada o início dessa tentativa de pulverização e também uma forma de educar a sociedade para que o produto ações seja realmente reconhecido como uma boa forma de poupança, com grande probabilidade de se ter bom retorno. Nós atravessamos um período bastante longo em que a inflação se manteve muito alta, fazendo com que o mercado acionário ficasse à margem do investidor, principalmente do pequeno. Falta, atualmente, um pouco de cultura em relação ao investimento em renda variável por meio de ações, mas isso já está mudando de uns três anos para cá. A própria mídia está chamando a atenção do investidor de que está na hora de passar um percentual para a renda variável, de ter um horizonte maior em certos tipos de investimento. Muito se aprendeu com as crises da Ásia, da Rússia e, mais recentemente, com a crise brasileira, que se deu em razão da mudança cambial."
CONSULTOR
"As corretoras de uma maneira geral estão preparando-se para atender esses novos clientes não só pelo meio tradicional, que seriam as operações offline, com call centers, telefones 0800, departamento técnico, como também elas vêm se estruturando para atender via Internet, que é um instrumento bastante propício para o pequeno investidor movimentar suas carteiras de ações. Atualmente, o papel do corretor de valores é muito parecido com o do médico de família, mais próximo e confidente das pessoas que está atendendo, pois nem todos os clientes gostam de estar inseridos no plano da super-loja, das grandes instituições bancárias. Cada vez mais o investidor quer formular o seu próprio plano e, para isso, ele precisa da orientação de um consultor, que é a corretora de valores. Não existe hoje a figura do corretor isolado, é a corretora que assume a figura do consultor de valores imobiliários, esse é o termo certo, cujo trabalho tem uma importância crescente, em especial em um mercado em que ainda existe um pouco daquela cultura inflacionária. Daqui para a frente, para obter algum rendimento diferenciado, vai ser preciso ajuda de uma consultoria. Por isso, as corretoras estão procurando sofisticar-se bastante para poder prestar esse tipo de serviço mais personalizado."
ENTRAVES
"O governo quer a pulverização do mercado de ações e está colaborando para isso. O que está prejudicando ainda é o custo dessas transações por causa de uma legislação muito pesada, que causa vários problemas, sendo a cobrança do CPMF o mais visível e o mais transparente deles. Cada vez que se está comprando uma ação, está sendo debitado o CPMF que, apesar de ter sido reduzido de 0,38 para 0,30%, ainda é muito caro. Se nós tivéssemos, a curto prazo, uma solução para isso, passando pela reforma tributária e também a aprovação da Lei das S.A., o país ganharia bastante, assim como o investidor iria sentir-se mais protegido, principalmente o minoritário. O governo deveria olhar com carinho esses aspectos, porque o desenvolvimento econômico passa obrigatoriamente pelo mercado de capitais. Com a globalização, nós temos que ser competitivos perante as outras bolsas, senão vamos continuar exportando mercados, que é o que vem acontecendo. A quantidade de papéis brasileiros sendo negociados na Bolsa de Nova Iorque chega a representar um volume superior ou quase igual ao negociado aqui. Tudo por força do custo Brasil, que pode comprometer o mercado ao longo do tempo."
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