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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 101 (13/03/1994)

Desafios do Mercado Comum do Brasil

A pluralidade do mercado brasileiro exige dos empresários uma estratégia de fôlego "internacional": é como se as diferenças regionais compusessem uma soma de "países" internos, cada um com características, ameaças e potenciais diversos. Nesse vasto Mercado Comum do Brasil, a experiência, a criatividade e a persistência são atributos essenciais para o sucesso. Os territórios e filões a serem explorados são infinitos, e essa diversidade é que pode garantir a sobrevivência num ambiente ainda regido por camisas-de-força institucionais, que dificultam os negócios.
Para cruzar as fronteiras, alguns empreendimentos tentam soluções originais. É o caso da Arte & Oficina Acessórios de Couro, empresa criada em Goiânia que conquistou o Nordeste e, desde o ano passado, procura penetrar no competitivo mundo dos negócios de São Paulo. Com uma fábrica e uma pronta-entrega no "país" de origem, os sócios da empresa instalaram um ponto-de-venda no bairro paulistano do Itaim, onde procuram montar um esquema apropriado ao perfil da nova região.
O depoimento a seguir do engenheiro Eduardo Pina, um dos sócios da Arte & Oficina - tel.: (011) 820-2793 - e responsável pela loja recém-instalada, revela os detalhes dessa empreitada: a difícil conquista de clientes já acostumados a outros fornecedores e a montagem de uma equipe de vendedores na capital e outra de representantes no interior e no litoral do estado que queiram trabalhar com acessórios de couro - especialmente voltados para o público jovem - de uma marca pouco conhecida no Sul e no Sudeste.

A CONQUISTA DE MARCAS FAMOSAS
"Couro é matéria-prima viva, que vem com falhas e precisa ser corrigida. Por isso, apesar da abundância da produção brasileira, couro aqui não é barato. Além disso, existem custos de materiais auxiliares, como as ferragens de cinto, que são fornecidas por empresas preocupadas com a qualidade. O cuidado com a confecção de cada peça permite-nos ter um perfil próprio no mercado, o que é fundamental para alcançar sucesso nas vendas. Mas é preciso agir estrategicamente.
Desde o início do empreendimento, meu irmão e minha cunhada - que são os fundadores da empresa - procuraram saídas diversas, não se confinando a espaços restritos. Há cinco anos, eles montaram a loja e a fábrica e consolidaram a Arte & Oficina em Goiânia, vendendo no esquema de pronta-entrega, com griffe própria. Depois, partiram para o Nordeste, onde existe hoje excelente aceitação, pois os clientes de lá chegam a comprar no escuro, confiando na qualidade da marca.
Aqui, o esquema é diferente. Não tivemos, no início, o retorno esperado, por isso, estamos criando um roteiro mais a longo prazo de conquista de mercado. Não é costume, em São Paulo, a venda na base da pronta-entrega, mas através de pedidos. Também não estamos pensando apenas na nossa marca, mas produzir para marcas famosas. É difícil convencer um cliente, acostumado a seus fornecedores tradicionais, a prestar atenção nos nossos produtos, qualidade e preços. Mas, com o tempo, vamos chegar lá."

PRECISAMOS DE REPRESENTANTES

"Nesta loja aqui da rua João Cachoeira, só vendemos no atacado. Considero uma traição aos lojistas fazer venda direta para o consumidor. É importante um comportamento rígido, dentro da ética comercial, para que sejamos respeitados. É por isso que não fazemos venda em consignação, pois quem compra nesse sistema tem vantagens em relação aos outros lojistas, que compram à vista.
Estamos com muita esperança no interior de São Paulo, pois nossos produtos, em sua maioria, são voltados para o jovem com estilo de vida dessa região. É por isso que estamos abertos a representantes que queiram trabalhar com nossos produtos. Só de cintos, por exemplo, que são o nosso carro-chefe, temos sessenta modelos, entre variações de fivelas e cintos. São criações exclusivas, desenhadas por minha cunhada, trabalhadas em máquinas próprias e com matéria-prima de primeira qualidade.
Pegando a via Dutra como referência, precisamos de representantes em Mogi e no Vale do Paraíba inteiro. Pela Anhangüera, estamos pensando em Campinas, Limeira, Araraquara e também nas regiões de Ribeirão Preto, Franca, Barretos. Pelo litoral, precisamos de gente que desça para Santos, Guarujá, São Sebastião. São cidades com grande potencial para nossos produtos."

FUNCIONÁRIO NÃO TEM SEGURANÇA

"Sou engenheiro, mas na empresa em que trabalhava era responsável pelas vendas. Isso é muito comum acontecer com pessoas da minha formação, pois grande parte da tecnologia é importada. O mercado de trabalho ficou muito estreito e sem perspectivas, além da falta de remuneração adequada. Ao mesmo tempo, não existe muita segurança para quem é empregado. Quem garante que não estaremos na próxima lista de corte?
É por isso que atendi à convocação familiar, que precisava de gente de confiança em São Paulo. Sinto-me gratificado nas novas funções, pois aqui existe liberdade de ação. Trabalha-se mais, mas isso não importa. Na empresa em que era empregado, vi que talvez ficasse sempre nas mesmas funções. Estou há nove anos em São Paulo e, para assumir esta loja, tive um período de preparação, pois é necessário saber todos os detalhes e as dificuldades. Só assim você poderá argumentar com os clientes sobre processos de produção e preços.
Nas novas tarefas, tem sido valiosa a ajuda do SEBRAE/SP, que nos tem assessorado na participação de feiras do setor e no preparo da empresa para o comércio internacional. Há muito o que aprender nas atividades empresariais. Não só as nuanças de cada mercado mas, principalmente, entender a interferência do governo, que, com sua carga tributária complicada e pesada, nos obriga a ficar sempre atentos e atualizados. Não é fácil conviver com isso."


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