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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 114 (12/06/1994)

Metalurgia é Fonte de Novos Negócios

Quando o consumo da carne entra em recesso, o que faz a pequena empresa que fabrica equipamentos para açougues? Primeiro, avalia o comportamento do mercado. Pão, por exemplo, é alimento mais barato e tem consumo garantido. Padaria, portanto, é alternativa de negócio que sofre menos a crise do que outros setores. Por que não desenvolver equipamentos específicos para esse ramo tão dinâmico? Mas existe um problema: como competir com fabricantes tradicionais, há tempos estabelecidos em decanas rodas de negócio?
A saída é partir para a industrialização de máquinas mais adequadas aos novos tempos. Foi o que fizeram os sócios da Metalúrgica Becaro Ltda., de Rio Claro - telefone (19) 3534-1600. Sérgio Antônio Becaro, de 42 anos, e José Aldo Nevoeiro Demarchi, de 24, continuam fabricando oito tipos de equipamento para açougues, mas já acrescentaram à linha de produção mais seis para padarias - incluindo um revolucionário forno para estabelecimentos de pequeno porte -, outro para indústrias de suco de laranja e dez tipos de roda para veículos agrícolas.
São, ao todo, 25 itens, produzidos por uma empresa que tinha cem funcionários antes da tempestade - o Plano Collor - e agora conta com 42. Instalada numa área de 3 mil metros quadrados, com um barracão alugado, a firma possui uma fundição que está desativada desde 1990. As dificuldades e as perspectivas da Becaro são expostas pelos dois empresários no depoimento a seguir.

A MESMA QUALIDADE DOS GRANDES

"A firma existe desde maio de 1977, tendo começado como uma pequena serralharia, que fabricava portas e janelas de ferro. A partir de 1984, ela foi entrando na atividade de peças e ferramentas para açougues e desenvolvendo-se nesse setor de máquinas para preparação de carne. No final de 1992, entramos no ramo de padaria e conseguimos importar uma tecnologia para fabricação de fornos, mas não ficamos nisso, pois precisávamos desenvolver outros equipamentos para que a oferta nesse setor ficasse completa.
Os fornos tradicionais, a gás, a lenha ou a eletricidade consomem altas quantidades de energia, enquanto o nosso é supereconômico e viabiliza a montagem de novos empreendimentos com pouco investimento. Mas serve, também, como auxiliar para as padarias tradicionais, que, com a ajuda do nosso forno, podem oferecer pão quentinho fora dos picos de venda. É uma linha extremamente moderna, feita com aço inox, que compete com qualidade com os maiores fabricantes do País.
Continuamos com nossa marca firmada de ponta a ponta no País, comercializando nossa linha de açougue, mas, no ramo de padaria, ainda precisamos desenvolver mais nosso marketing. Outro tipo de máquina fabricada por nós, o extrator industrial de sucos, já é mais voltado para o mercado externo. Esse é um nicho muito próspero e pretendemos ampliá-lo, não só para os Estados Unidos mas também para os países do Mercosul."

GOVERNO ATRAPALHA O EMPRESÁRIO
"Na época da serralharia, os problemas eram pequenos. No momento em que começamos a crescer, quando entramos na linha de peças e de máquinas, que exige um investimento maior, tivemos problemas de capital de giro. Conseguimos resolver isso ao longo dos anos 80, mas, quando o Collor assumiu, a indústria virou de ponta-cabeça. O que atrapalha a economia é o governo.
Coloquem isso bem grandão, se é que vocês vão publicar alguma coisa. O governo não deixa os micros e pequenos empresários trabalhar. Mesmo com a inflação chegando aos 40%, o mercado já começava a se ajustar. Com a URV, começou um desajuste total. No nosso caso, por exemplo, que é uma pequena empresa, a gente está na mão de grandes empresas fornecedoras de aço. Somos obrigados a comprar de revendedores, pois nossa demanda não permite ter cota direto da usina. O revendedor, então, dita o preço, e ficamos completamente vulneráveis.
Nessa virada do cruzeiro real para a URV, sofremos um aumento do motor elétrico na base de 10% reais, em dólar. Já fechamos o preço nos Estados Unidos, e o nosso motor representa uns 60% do valor da máquina. Não posso negociar, chorar para meu cliente lá fora, pois, para ele, inflação não existe. Tudo isso ajuda a destruir os empresários de micro, médio e pequeno portes."

JOGO DE CINTURA DEPOIS DO VENDAVAL
"Chamamos um consultor do SEBRAE/SP para cuidar do marketing, mas ele sugeriu que começássemos com uma consultoria sobre custos. Existem, por exemplo, uns cem itens numa máquina. O custo disso para uma pequena empresa é muito complicado. Um especialista no assunto detecta uma porção de erros que você comete numa planilha. Então, você fica mais tranqüilo com o resultado final. E todos os pequenos precisam de tranqüilidade. Precisamos concentrar-nos na produção e ficar esquentando a cabeça com a economia.
O importante é que o pessoal do SEBRAE/SP não esconde nada e indica caminhos. As mudanças têm que partir da gente. O recado mais importante é que é preciso reciclar os produtos, pois, com um mercado aberto, existe concorrência mundial. A concorrência obriga a modernizar o produto, a mudar os componentes, a trocar os materiais. O ferro fundido, por exemplo, era uma matéria-prima muito barata, mas ficou cara, então, trocamos por aço. Estamos utilizando também plástico injetado, que é uma coisa que está abrindo um campo imenso.
Você é obrigado a fazer isso, tendo ou não capital. É preciso fazer novos ferrametais, investir em mão-de-obra qualificada, para tornar seus produtos mais competitivos, sem perder a qualidade. Temos, inclusive, alguns projetos na gaveta, com grande potencial de vendas e, em conseqüência, de geração de empregos. É preciso abrir novas linhas de crédito para os pequenos empresários, uma receita específica para o desenvolvimento de projetos sérios."


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