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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 124 (21/08/1994)

Não Coloque o Lixo Industrial no Lixo

É fácil fazer marketing ecológico e jurar, publicamente, que o meio ambiente nunca foi tão respeitado. Mas, no fundo, a cadeia produtiva é carente de novas soluções para velhos problemas e ainda precisa investir muito para definir uma estratégia de não agressão aos recursos e às paisagens naturais.
Muitos empresários bem que gostariam de colaborar, efetivamente, para a despoluição não só por motivos éticos mas, principalmente, práticos. O que se joga fora ocupa espaço e leva embora muita matéria-prima que poderia ser reaproveitada. Fala-se constantemente em reciclagem de materiais, mas ocorre que ainda estamos no início de um trabalho que demanda ousadia e paciência. E que nem sempre custa uma exorbitância.
De olho nessa enorme defasagem que existe no mercado, quatro profissionais uniram-se para fazer da Apliquim Equipamentos e Produtos Químicos Ltda., de São Paulo - www.apliquim.com.br -, uma empresa especializada em criar, desenvolver e aplicar soluções para os resíduos industriais. São eles: Cyro Eyer do Valle e Wade Drummond Junior, sócios desde 1988, e os fundadores Adolfo José Cattaneo e Norberto Gaviolle. No depoimento a seguir, Cyro fala sobre a evolução da Apliquim, fundada em 1985 e que, neste ano, recebeu o Prêmio Eco, instituído pela Câmara Americana de Comércio, por seu trabalho de descontaminação de lâmpadas usadas.

UMA SOLUÇÃO PARA A LAMA TÓXICA
"Norberto e Adolfo tinham um pequeno escritório de engenharia consultiva, onde desenvolviam soluções e faziam projetos. O Adolfo, que é químico, criou um processo para tratar os resíduos sólidos gerados pela Carbocloro, instalada em Cubatão. Esse foi um trabalho que complementava um projeto seu, feito na década de 70 para a mesma empresa, para resolver o problema dos efluentes líquidos. Ele fez com que a água contaminada fosse tratada para ser lançada adequadamente no rio - que é a solução utilizada para o Tietê, hoje.
Só que o tratamento de um efluente líquido gera uma lama em que estão concentrados os produtos tóxicos que foram retidos. A Carbocloro vinha acumulando milhares de toneladas desse lodo contaminado. Foi criada, então, a Apliquim, para tratar os resíduos sólidos gerados por esse cliente. As coisas começaram a tomar vulto, porque era um processo de desenvolvimento próprio que requeria equipamentos fora de série.
Começamos a fabricar esses equipamentos numa pequena oficina que hoje é um das nossas fábricas, situada em São Bernardo. Começamos, inclusive, a fazer equipamentos para terceiros, não só na área de despoluição mas também em outros setores, abrindo o leque para peças de reposição, instalações para transporte, para bombeamento etc. Ao mesmo tempo, a empresa começou a construir, em Paulínia, uma instalação para processamento de resíduos."

PILHAS, LATAS E LÂMPADAS

"Nossas soluções têm atraído a atenção de algumas empresas do exterior. É comum valorizar a importação de tecnologia, mas isso nem sempre se aplica entre nós. É importante criar caminhos para as nossas condições. Os países desenvolvidos adotam tecnologias com pequena utilização de mão-de-obra, com o máximo de automação, graças à facilidade de capital, o que não temos. Mas o Brasil é líder mundial em percentual de latas recicladas, pois temos uma rede de catadores que estão fora da economia formal.
Esse é um caminho para gerar empregos e oportunidades, dentro de um tamanho de empresa que é compatível com nossa realidade. Temos, por exemplo, soluções para pilhas e lâmpadas, em diferentes estágios de receptividade no mercado. Podemos transformar uma pilha usada em produtos absolutamente puros e reaproveitáveis pelas indústrias. Mas não conseguimos, ainda, encontrar uma base de sustentação que custeasse esse trabalho. O caso das lâmpadas é diferente. O grande usuário da lâmpada é uma pessoa jurídica que está interessada em não gerar nenhum poluente.
A região metropolitana de São Paulo consome 25% das lâmpadas fluorescentes de todo o Brasil, e isso significa milhões de lâmpadas que são descartadas, com uma quantidade expressiva de materiais contaminantes, entre os quais o mercúrio. Se fizéssemos como nos países desenvolvidos, apenas colocar o lixo industrial em minas ou em aterros, perderíamos matérias-primas que fazem falta ao País. Conseqüentemente, ao reciclar, eu contribuo não só para a conservação ambiental como também para o desenvolvimento. Vendemos vidros descontaminados, tirados de lâmpadas e termômetros, que são utilizados, por exemplo, pela indústria de cerâmica."

ECOLOGIA PARA OS PEQUENOS -
"Atuamos em três áreas bem diversas. Continuamos como consultores, desenvolvendo processos e fazendo projetos; fabricamos aquilo que desenvolvemos; e também somos operadores, tratando diretamente os resíduos. Esses três elos, apesar de trazer embaraços pelo fato de se ter que administrar posturas diferentes numa empresa pequena, trazem benefícios, pois criamos soluções integradas. Não somos apenas uma firma que projeta para alguém executar.
Essa confluência de atividades faz com que a Apliquim tenha a experiência de criar soluções realistas, pois, muitas vezes, nos confrontamos com soluções teoricamente muito bonitas, mas que não funcionam na prática. Mas também não temos nenhuma objeção de prestar apenas consultoria, respeitando a vontade do cliente, que tem seus próprios fornecedores. Às vezes, fabricamos equipamentos desenhados por quem nos faz a encomenda.
Preenchemos o mercado naqueles campos em que são necessárias soluções originais. Somos especializados em engenharia de soluções. Durante a realização da Subcontrata 94, evento patrocinado pelo SEBRAE/SP, apresentamos, por exemplo, unidades compactas baratas para o tratamento de efluentes das pequenas galvanizadoras. Estamos falando de eliminar de seus efluentes os metais pesados, tais como níquel, cobre, zinco etc."


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