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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 131 (09/10/1994)

Ecologia é o Último Estágio da Engenharia

A saudade da mata virgem ainda seduz a luta antipoluição no Brasil, mas ecologia é um assunto essencialmente técnico que está sendo tratado em todo o mundo a partir de uma evidência: o sonho pré-industrial chegou ao fim, e a tecnologia substitui o romantismo velho de guerra. Essa diferença de enfoque faz com que, nos países desenvolvidos, o governo participe da solução, orientando as empresas sobre os processos adequados para evitar a agressão ao meio ambiente, e não apenas punindo, como acontece por aqui.
Enquanto temos uma legislação generalista e ultrapassada, nos Estados Unidos, por exemplo, a Enviromental Protection Agency (EPA) oferece em quatro grossos volumes - agora também em disquetes - todas as informações necessárias a cada setor de atividade para não agredir o meio ambiente. Trata-se de um estágio ideal para o País, sonhado pelos engenheiros Gerson Jeronymo e Roberto Roberti Junior, da Fluvitech - tel.: (011) 949-6817 -, de São Paulo, uma empresa que, desde 1987, oferece soluções para o controle da poluição por meio de consultoria, projetos, métodos e equipamentos adaptados às necessidades das empresas brasileiras.
Esse não tem sido um trabalho fácil, pois muita gente ainda desconhece o assunto e precisa ser sensibilizada num processo que começa lidando com conceitos. Simultaneamente, surge um horizonte cheio de possibilidades: reaproveitamento de matérias-primas, geração de materiais de grande valor industrial a partir do lodo tóxico, estações portáteis de tratamento, miniusinas para uso de pequenas empresas etc. É sobre essas janelas para a modernidade que os dois sócios falam no depoimento a seguir.

O PERIGO DO CRESCIMENTO MODULAR
"Trouxemos o modelo de administração das grandes empresas e o implantamos aqui. Isso nos criou um problema, pois começamos a assumir tarefas que não nos diziam respeito. Com essa estrutura na mente, a tendência é crescer de maneira modular, verticalizando tudo. Isso faz o empresário perder o referencial, pois ele não encontra tempo para administrar a estrutura extraordinária que foi criada.
Quando fizemos o curso de Qualidade Total do SEBRAE/SP, tivemos que definir qual nossa missão e chegamos à conclusão de que devemos trabalhar só com a poluição da água, deixando a do ar e a do som para outros especialistas.
Essa definição da meta foi fundamental para não dispersar nossas atividades e poder agir estrategicamente com mais tranqüilidade. Conseguimos implantar uma administração mais lucrativa, atuando com menos stress e mais qualidade de vida. Numa pequena empresa como a nossa, essa mudança é fácil de fazer. Mas, nas grandes, esse é um processo dramático, pois implica corte pesado de pessoal."

RECICLAGEM GERA ECONOMIA

"Fazemos basicamente equipamentos para controle da poluição - como adensador de lodo, clarificador, filtros -, montamos estações de tratamento de efluentes inorgânicos, de água afluente para uso industrial ou humano. Esse é ainda um mercado muito restrito, pois existe pouca consciência sobre o assunto, mas o potencial é muito grande. Muitos empresários não gostam de duas coisas: do órgão governamental de controle e de empresas especializadas como a nossa, pois ainda somos vistos como um custo adicional.
Existem razões para isso. O governo não orienta, pune. E há muita falta de credibilidade na oferta de tecnologia nesse setor, no Brasil. Assim mesmo, temos exemplos de implantação de processos que, só na reutilização da água, houve economia significativa e o projeto se pagou entre três e quatro meses. Mas o horizonte é muito maior. Nos países desenvolvidos, cada indústria pode gerar materiais de grande valor para empresas de outro setor. Aqui, estoca-se a poluição, pois acumulam-se os tambores com resíduos não tratados adequadamente.
Atuamos preferencialmente no tratamento físico-químico dos efluentes, mas estamos querendo entrar na parte de tratamento orgânico. Para isso, estamos em contato com empresas americanas para trazer sistemas compactos que ocupam áreas de 6 a 7% da área utilizada num tratamento convencional."

PROJETOS PARA OS PEQUENOS -
"Um equipamento físico-químico pode atingir até US$ 500 mil, mas, numa empresa pequena, é possível o preço ficar nos US$ 14 mil. Nossas miniestações de tratamento são facílimas de instalar e adequadas a um volume de 8 metros cúbicos diários de liquído tóxico.
Nos Estados Unidos, existem empresas que montam uma usina de recuperação de resíduos sólidos, que atendem vários clientes. E também existem as empresas especializadas em fabricar e alugar estações de tratamento portáteis, que são acondicionadas em carretas. Queremos implantar um projeto semelhante aqui. Em Limeira, por exemplo, mais de duzentas empresas de joalheria emitem, cada uma, pouquíssimas vazões de efluentes, na ordem de 2 a 3 mil litros por semana.
Com uma pequena estação, isso pode ser tratado em uma ou duas horas. Ela pode ser colocada numa estrutura metálica, de tal forma que um caminhão possa carregá-la para onde for necessário. Esse é um projeto de baixo custo que depende ainda da aprovação da Cetesb.
Ficamos sabendo que a nossa visita em julho à EPA, o órgão controlador americano, foi a primeira ida do Brasil em quinze anos. Copiamos a legislação deles, mas, lá, eles evoluíram e, aqui, continuamos como antes. Em algumas atividades, por exemplo, não faz mais sentido controlar a emissão de efluentes, pois já foram inventados aparelhos que fazem a reciclagem automaticamente. Alguns equipamentos reduzem custos em 85%. É por isso que as empresas especializadas de lá ficaram muito interessadas no nosso mercado, pois temos um enorme parque industrial sem que nada desses avanços tenha sido ainda implantado. A Fluvitech já está pensando em fazer 'joint ventures' com empresas de lá para trazer toda essa nova tecnologia."


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