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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 146 (22/01/1995)

Inflação do Real Impacta os Pequenos

A estabilização da moeda é um evento tão gratificante que falar em inflação chega a parecer pecado. Mas é como história de feitiçaria: ninguém acredita, mas que existe, existe. Como reage, por exemplo, uma pequena indústria que fecha um acordo comercial com uma grande empresa e não pode repassar o aumento dos custos? Num cenário competitivo, em que a ética no cumprimento dos prazos e preços é o diferencial decisivo, essa pergunta pode virar um pesadelo.
Não para Lina M. Toledo Bressanin, da Antese Artes Gráficas Ltda. - tel.: (011) 277-1388. Desde que entrou para o ramo, em 1985, ela teve de enfrentar um pico crescente de dificuldades: viuvez precoce e ruptura com uma empresa familiar. E, no mesmo dia em que assumiu a direção de sua nova empresa, o seu capital de giro foi seqüestrado pelo recém-empossado governo Collor. O susto fez com que saísse em busca de novos mercados, pesquisando produtos que ainda não eram fabricados no Brasil.
Foi assim que entrou firme nos nichos de painéis para equipamentos eletroeletrônicos de última geração, placas de segurança (com produtos refletivos à luz) e teclados de membrana, sem abandonar segmentos tradicionais, como impressão de decalques auto-adesivos e etiquetas. No depoimento a seguir, ela conta como utilizou a experiência de antigos traumas profissionais para navegar com segurança e otimismo na era do Real.

A BATALHA POR CLIENTES NOVOS
"Na empresa anterior, que tinha sido fundada pelo meu pai, e da qual me acabei desligando, a produção estava centrada nas etiquetas auto-adesivas. Vi que meu caminho era buscar novos clientes e detectar as necessidades do mercado. Percebi que existia muita procura por outro tipo de etiqueta, fora do universo tradicional do silk-screen. Fui, então, buscar novos equipamentos que me permitissem fabricar produtos diferenciados.
Foi exatamente na época em que surgiu uma série de modernas máquinas nos setores eletroeletrônico, de telecomunicações e de medicina. Os painéis que passei a fabricar eram, inicialmente, feitos com materiais importados. Em pouco tempo, consegui desenvolver similares nacionais mais baratos. As chapinhas e etiquetas metálicas ou em aço inox, inclusive as com impressão em relevo, foram outro passo em nossa fabricação.
Reproduzimos telas de artistas plásticos famosos, como Tomie Ohtake e Arcângelo Ianelli. Produzimos faixas para frotas transportadoras e de táxis. Trabalhamos em parceria com várias multinacionais, como a Mercedes-Benz, Iochpe Maxion, Fiat e Autolatina, mas também temos pequenos clientes, pois aceitamos encomendas de qualquer quantidade."

PRODUTIVIDADE CONTRA OS AUMENTOS
"Creio que as empresas que fornecem para multinacionais mediante pedidos mensais pré-programados e preços preestabelecidos estão passando por uma fase difícil. Com a entrada do Real, houve estabilização, mas as coisas ficaram muito caras. A matéria-prima aumentou mais de 10%, pois os descontos foram tirados, houve realinhamento de preços e os juros sofreram um salto. Além disso, tivemos o dissídio da categoria dos gráficos e tornou-se um problema repassar todos esses custos para clientes com programação fixa.
Precisei, então, fixar metas de produtividade através de novos procedimentos no chão de fábrica, alavancando um método capaz de fechar um ciclo de produção num tempo bem menor - ou seja, produzir mais com o mesmo número de funcionários (atualmente 25). Dinamizei a parte administrativa, integrando os setores e informatizando-os através de rede.
Penso bastante em incrementar as exportações. Atualmente, tenho um representante nos Estados Unidos e alguns negócios fechados com o Mercosul. Para aumentar nossa participação no mercado, estamos em fase final de implementação da ISO-9000. O conceito de qualidade total é bem mais abrangente do que a apresentação de um bom produto. Inclui a compra da matéria-prima com certificado de garantia, todo o processo de produção e a conscientização dos funcionários. Aqui, todos sabem que é o cliente que paga o salário, e trabalhamos em sintonia, como numa orquestra."

EXPANSÃO DA ÁREA COMERCIAL
"Com a estabilização econômica, houve aumento da produção industrial, e as vendas estão em ascensão. Espera-se a anexação ao mercado de mais 10 milhões de consumidores. Por isso, a época é propícia para investimentos, visando atender essa demanda num futuro próximo. Entre os meus planos de crescimento, está a aquisição de novos equipamentos. Isso será possível graças à Associação de Aval e Fomento (Associaval), entidade criada pelo SEBRAE/SP em parceria com o Banco do Brasil para viabilizar investimentos em capacitação tecnológica, entre outros, e da qual sou vice-presidente. Estou expandindo toda a área comercial, impulsionando o telemarketing e retomando uma equipe própria de vendedores direcionados.
A verdade é que, com tantos altos e baixos, o empresário, hoje, é mais cauteloso. Devemos buscar uma maneira de melhorar as coisas. Somos responsáveis pelo que fazemos, pelo que deixamos de fazer e pelo que impedimos que seja feito. Por isso, devemos, a cada instante, preocupar-nos em construir um mundo melhor."


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