Fotografia Atrai Empreendedores
Todo mundo fotografa
e leva filmes para revelar na loja mais próxima. A massificação
do consumo multiplica os pontos-de-venda, que, à primeira vista, oferecem
serviços padronizados, já que são poucas e poderosas as
marcas de insumos e equipamentos existentes. Mas um negócio com esse
perfil e que parece ser de fácil execução - já
que, em tese, as máquinas dão conta do recado - também
exige qualidade e serviços personalizados. Para quem é do ramo
e gosta de fotografia, esse é um diferencial decisivo na conquista de
clientes.
Marcelo Gama, por exemplo, cedo se aventurou a abrir um negócio
a partir dessa especialidade que se tornou sua profissão. Aos 20 anos,
montou, junto com um colega, um estúdio para prestar serviços
na área. Tendo já trabalhado fotografando produtos, uniu-se ao
sócio, que fazia "books" para modelos e também conhecia o trabalho
de revelação de slides. Mas, cedo, descobriu que a parceria não
daria certo e partiu para um novo empreendimento.
Hoje, aos 25 anos, ele mantém junto com a mulher, Milene dos Santos,
sua sócia e incentivadora, a Artes Fotográficas Universal Ltda.
- tel.: (011) 5561-2133 -, que oferece um diferencial importante. Trata-se
da loja situada em frente ao Shopping Ibirapuera que, graças a um projeto
arquitetônico bem elaborado, funciona como uma grande vitrina. A seguir,
Marcelo conta como chegou a essa solução e o que faz para seu
negócio ser identificado como um modelo para o setor.
CONCURSO MUDA TUDO "Esta empresa existe há
muitos anos. Resolvi comprá-la, porque ela já tinha uma carta
de crédito e era conhecida por todos os fornecedores e, assim, ficava
mais fácil de entrar no mercado. Mas, no início, não tinha
essa intenção. Eu estava atrás de uma câmara 4x5,
para poder trabalhar, mas o dono só me vendia o equipamento com a loja
junto. Fiz uma pesquisa, analisei as condições da transação
e, junto com minha esposa, que é uma pessoa extremamente trabalhadora
e organizada, e com dinheiro emprestado do meu cunhado, resolvemos fechar negócio.
O local em que se situava a loja não era muito apropriado, o movimento
era fraco e, mesmo investindo dinheiro do capital de giro em melhoras, vimos
que aquilo não tinha perspectiva de evolução. Como ponto
de comércio, era muito limitado, e acabamos vendendo a loja.
Cheguei a pensar em mudar de ramo, mas participei de um concurso de fotografia
patrocinado pela Fuji que mudou tudo. Junto com meu cunhado, ganhamos o primeiro
lugar, fazendo uma foto que tinha o futebol como tema. O prêmio era um
carro zero e uma viagem à Copa do Mundo. Com isso, tivemos acesso ao
presidente da Fuji Film do Brasil, ao Departamento de Marketing da empresa,
e, assim, foi aberto um importante canal de comunicação. Na volta
da viagem, decidimos entrar de novo para valer no setor."
A LOJA VIRA VITRINA "A gente não tinha
planos de fazer um comércio neste local em que estamos instalados. Aqui,
é a residência dos meus pais, e onde fica a loja existia um jardim.
Tínhamos consciência de que fazer qualquer coisa aqui, em virtude
do ponto, seria necessário um investimento razoável para não
queimar o local. Foi aí que meu sogro, Max Schiefer, um brilhante arquiteto
autodidata, me deu uma idéia muito boa, fazendo um esboço desse
projeto arquitetônico.
Esta loja é uma grande vitrina, não tem nada escondido. Com toda
a sua estrutura metálica, tornou-se uma construção limpa
e moderna. Em termos de material empregado, ela não é barata,
mas torna-se barata em questão de tempo, pois foi feita de maneira rápida.
Apresentei esse projeto para a Fuji, que teve muito interesse e nos deu uma
ajuda de custo para a cobertura do luminoso e algumas instalações.
Como fica perto da matriz, num ponto altamente estratégico, eles nos
tratam como a vitrina da empresa.
Eu mesmo fiz os desenhos e as plantas, adaptando o modelo original, vendi um
apartamento, que ainda estava pagando, e ainda tomei dinheiro emprestado. Essa
fase das obras foi uma grande realização, porque a gente conseguiu
fazer com pouquíssima verba uma coisa que ficou muita bonita e bem acabada.
Meu pai, Ruy Gama, que é professor e doutor em Arquitetura e tem vários
livros publicados, é nosso grande incentivador."
VARIÁVEIS DE QUALIDADE "Nosso forte é
a revelação de filmes, especialmente às segundas e terças-feiras,
quando o pessoal volta dos seus passeios de fim-de-semana. Cobramos um preço
bem menor do que se cobra numa loja de shopping. Precisei comprar uma máquina
nova de revelar, mais cara, pois nem sempre podia atender o cliente no período
determinado. A dívida cresceu, mas, se não fizesse isso, nem poderia
pagar a dívida anterior.
Minha proposta como empresário, que veio de trás da câmara,
é oferecer qualidade. Isso é um diferencial, pois tem muita gente
que revela muito mal. Depende dos insumos que você usa, do prazo de validade
que você respeita, do técnico que você contrata, da manipulação
que você faz, dos procedimentos todos que envolvem desde a chegada do
filme até a saída final. A nova máquina possibilita todo
o tipo de correção.
Através do SEBRAE/SP, conseguimos otimizar a administração,
pois tivemos acesso a uma consultoria muito atenciosa e eficiente. Aprendemos
coisas simples, mas de grande valor prático, como, por exemplo, calcular
corretamente o preço final para equilibrar custos fixos e variáveis."
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