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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 226 (04/08/1996)

Vitória da Persistência

No mundo dos negócios, o sucesso é invariavelmente creditado a um meticuloso planejamento que leve na devida conta a existência do capital necessário, a tecnologia ou o conhecimento do ramo, a capacidade do mercado e a estratégia de marketing e vendas, além de muito trabalho.
Mas a história empresarial é repleta de exemplos de empreendedores que alcançaram êxito na base de pura criatividade e de muita persistência, dedicação e trabalho, não obstante tenham ignorado as regras mais elementares da boa administração. É o caso de Ulisses Augusto Sarlo, proprietário de uma fábrica de equipamentos para aquários, principalmente bombas, de Santo André, a Sarlo Equipamentos - Tel.: (011) 415-0005. Apenas pelo "ouvir dizer", o empresário transferiu-se do segmento de serviços (oficina de conserto de televisores), primeiro para o comércio e, finalmente, para a fabricação de bombas submersas de aquários.
Nem a falta de dinheiro afastou Sarlo de seu objetivo: projetou a bomba e fabricou o ferramental necessário (estampo e moldes para plástico), utilizando-se de máquinas fora de uso, velhas ou quebradas, que ele próprio consertou e reformou.

COM A CARA E A CORAGEM

"Durante cerca de trinta anos, desde garoto, fui técnico em reparos de eletrodomésticos, rádios, aparelhos de som, rádios de carros etc. e, nos últimos catorze anos, eu tinha a minha própria oficina de consertos, em Santo André, na região do ABC paulista.
Um dia, visitei um cliente, proprietário de uma loja de aves e de peixes ornamentais e aquários. Seu entusiasmo com o negócio, que tinha adquirido havia pouco tempo, me contagiou, achei que era rentável e decidi montar, também, uma loja de aquários, mesmo sem conhecer o ramo. Já no negócio de aquários, resolvi produzir as pequenas bombas que oxigenam a água. Havia uma fábrica delas aqui, no ABC, com muitos funcionários e grande movimento de vendas, o que me incentivou ainda mais.
Comprei, então, uma bombinha importada e desmontei-a para ver como funcionava: um simples motor, com uma hélice para movimentar a água. Preparei um protótipo como achei que deveria ser, apenas com meus conhecimentos e minha prática, sem nenhum cálculo. Funcionou. Decidi, então, apostar tudo no projeto."

"TEM QUE SE VIRAR E FAZER FUNCIONAR ..."
"Como para fabricar as carcaças era preciso dispor de moldes de plástico injetado, muito caros, apelei para um sobrinho, dono de uma firma especializada em Itu, já em fase de encerramento. Apenas observando o trabalho, aprendi a injetar plástico e resolvi comprar uma velha injetorazinha manual enguiçada, que precisava ser consertada, e fazer eu mesmo as carcaças das bombinhas. Consertei-a e segui em frente. Depois, passei a executar os serviços de estampagem de chapa do motor, numa prensa excêntrica de duas toneladas, e de enrolamento de bobinas por meio de uma máquina improvisada a partir de um motorzinho de limpador de pára-brisa comprado num ferro-velho que, com as minhas "melhorias", consegue enrolar quatro bobinas simultaneamente. Está funcionando até hoje.
Para fazer as peças cilíndricas do ferramental, apelei para um amigo de infância que me emprestou um velho torno, pequeno e bem ruinzinho. Eu também nunca tinha operado a máquina, mas procurei aprender e dei conta do recado. É assim que eu me viro: acho que é fácil, depois quebro a cara, então, o jeito é me virar e fazer funcionar."

QUALIDADE É O MARKETING
"De início, tive que apagar a imagem de má qualidade das bombas submersas nacionais. Aos poucos, a boa qualidade do meu produto conquistou os clientes, que, espontaneamente, passavam a informação adiante e, assim, pude ir aumentando a produção. Eu não fazia publicidade. O mercado eu já conhecia desde quando ainda tinha a loja e ia aos atacadistas comprar artigos de aquário. Quando comecei a fabricar as bombinhas, fui oferecê-las a esses comerciantes. O negócio cresceu, e dois filhos trabalham comigo.
Procurei consultoria do Sebrae para tentar informatizar os controles administrativos, de estoque, de faturamento etc. Mas cheguei à conclusão de que seria muito complicado, que precisaria ter gente treinada para executar o serviço, então decidi esperar um pouco mais. Ainda tenho de crescer mais um pouco para chegar nisso aí."


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