Contabilista Volta-se Para o Futuro
As empresas de contabilidade foram criadas para assumir uma das mais ingratas tarefas das atividades produtivas. O problema é que muitas delas acabaram sofrendo os efeitos colaterais dessa missão. Ou seja, ficaram excessivamente centradas na burocracia, sem atentar para o fato de que o mundo mudou e os empresários estão precisando de outra qualidade de serviços. Quem tem uma firma especializada, como o contabilista João da Silva Cardoso Neto, se preocupa em reformular essa mentalidade. Essa é
sua preocupação principal na gestão que inaugurou com sua
posse, no dia 1º de junho último, como presidente do Sescon-SP, gestão 1996/1997 - www.sescon.org.br. Seus objetivos estão bem definidos:
modernizar a profissão, treinar o profissional, reformular as tarefas,
lutar pela reforma fiscal e tributária, combater a sonegação
e ampliar os serviços do sindicato. É o que ele conta a seguir.
ERROS DA ABERTURA
"O despreparo dos profissionais do setor é muito grande, então, o sindicato precisa agir de diversas formas. Estou fechando convênios com órgãos governamentais para tirar a carga de trabalhos burocráticos existente. Hoje, 80% do tempo gasto pelas empresas é para fazer informações em duplicidade, todas voltadas para o passado. Mas isso vem de cima. No meu escritório, tenho quatro funcionários só para levar e buscar documentos do cliente. Existe escritório com frota de veículos ou motoqueiros para fazer esse trabalho. Você envia um funcionário de madrugada para a Receita Federal, que vai pegar uma fila para ser atendido à tarde. Acho que é o momento de mudar isso. O governo precisa mudar e, o empresário de contabilidade deve estar preparado para trabalhar com visão para o futuro. Ele tem que gerar e gerir informação, ajudar nas projeções, fazer estimativas e orçamentos, assessorar realmente o cliente. Não temos que estar aptos só para levantar custos, mas de formar o preço, definir a capacidade produtiva do cliente, o seu custo marginal. Para isso, precisamos de treinamento e convênios, pois muito contador está parado no tempo, fazendo contabilidade da época de D. Pedro. Paralelamente, eu vou manter um tipo de comissão técnica permanente, aqui no Sescon, que vai começar a estudar a reforma fiscal. Nossa classe precisa levar uma proposta concreta sobre esse assunto ao governo. Pois o custo de qualquer produção, hoje, no Brasil, é quatro ou cinco vezes maior em relação ao mercado internacional. O governo fez a coisa errada: abriu o mercado sem dar condições de o empresário nacional produzir a preço mais em conta."
RECADASTRAMENTO GERAL
"O Sescon, a Fenacon e a Federação dos Contabilistas estão fechando um convênio com a Junta Comercial de São Paulo para fazer o recadastramento de todas as empresas existentes no estado, com exceção das sociedades civis, que são registradas em cartório. Isso deverá vigorar entre 1º de setembro e 30 de novembro deste ano. Existem 3 milhões de empresas cadastradas, e apenas 874 mil declararam Imposto de Renda nos últimos dois anos. Quem não fizer o recadastramento receberá baixa da Junta Comercial, que comunicará à Receita Federal para fazer a fiscalização. Os CPF dos sócios vão constar na relação dos inadimplentes, e eles ficarão impedidos de conseguir financiamento público ou simplesmente sair do País, por exemplo. Toda empresa vai ter que procurar um profissional da área para poder fazer esse trabalho."
PLUGADOS NA INTERNET
"Outro convênio que nós vamos assinar com a Junta Comercial vai permitir que todo associado do Sescon tenha o direito de estar ligado on-line com ela. Todo o governo do Estado de São Paulo está sendo informatizado. Vamos dar treinamento maciço para nossos associados na área de informática, de transmissão de dados, de Internet. Estamos tentando fazer um convênio com a Internet que não envolve a Embratel. É muito mais rápido, tudo via satélite. O governo, em vez de ficar exigindo uma centena de informações totalmente desatualizadas, que não servem para nada, deveria estar concentrado em atualizar-se e ter condições de ligar tudo on-line com os órgãos contábeis que existem no Brasil."
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