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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 190 (26/11/1995)

Método usa Consenso para Criar Soluções

Apesar da indústria da informação e das numerosas teorias e experiências da vida em sociedade, o mundo torna-se cada vez mais dividido. Ao mesmo tempo, em todas as nações, crescem os índices de miséria, criminalidade, corrupção, ignorância e desemprego. Qual o motivo dessa diferença entre o acervo de recursos disponíveis para solucionar os problemas e a realidade cada vez mais cheia de problemas?
Falta o consentimento mútuo, que leva ao consenso, diz a sociocracia, método criado pelo engenheiro holandês Gerard Endenburg, que esteve recentemente no Brasil a convite do SEBRAE/SP para falar sobre o assunto. Baseado nos princípios técnicos da eletrônica, em que não se pode atuar sem que haja consenso sobre alguns princípios práticos, ele fez uma transposição aprimorada para as relações humanas e sociais, tendo conseguido resultados surpreendentes. A começar pela própria indústria familiar, a Endenburg Elektrotechniek, que fabrica grandes painéis eletroeletrônicos e que hoje é administrada por ele, passando por todo o tipo de organização, inclusive governamentais.
Longe de ser mais um modismo no gerenciamento dos negócios públicos e privados, a sociocracia está sendo aplicada há 25 anos em todo o mundo, tendo desembarcado no Brasil há cerca de oito anos, onde exibe exemplos de sucesso, como é o caso da Schoen Maker, empresa produtora e exportadora de flores de origem holandesa e sediada em Campinas. A seguir, Gerard fala da importância de adicionar sociocracia para não ignorar as idéias e as necessidades dos outros.

CLIENTE NÃO PODE SER REI
"Os empresários estão sempre procurando o melhor, para poder progredir. Os negócios, em conseqüência, pressionam a sociedade, no sentido de gerar resultados para o nosso desenvolvimento. Por sua vez, a tecnologia está colocando todo o trabalho duro, repetitivo, mecânico para as máquinas, e nós temos que assumir nossa tarefa de ser pessoas humanas. Temos que pensar sobre nós, mas não sabemos como fazer isso, como criar um tipo de relacionamento mais adequado.
Precisamos fazer uma reengenharia do nosso relacionamento. Nos negócios, costuma-se dizer que o cliente é sempre o rei. Mas o cliente não pode ser o rei. Aqui e agora, neste momento, o intercâmbio é que é importante. Entre quem oferece um produto e quem compra, os dois são clientes, são fornecedores e, por esse processo, nós precisamos ser hierarquicamente iguais nas decisões. O importante é a qualidade da conexão entre as pessoas.
Isso serve para todas as situações, pessoais e coletivas, e não apenas no universo profissional. O problema é que o governo está organizado de uma maneira que não permite esse estágio avançado de relacionamento. O governo, em todos os níveis, não consegue manter um intercâmbio com você. Mas está ocorrendo o seguinte: como a luta pela sobrevivência, a competição no mundo dos negócios está provocando melhoras dentro das empresas, os governos estão sendo compelidos a instaurar mudanças na sua estrutura para poder também ser competitivos. Está sendo necessário reorganizar as cidades, para haver progresso, mas eles não sabem como implantar essa reengenharia que atua sobre processos dinâmicos, vivos. A sociocracia é um método para fazer isso."

CRIATIVIDADE CONSTANTE
"A sociocracia dá condições de você fazer a pergunta e, por obrigação estatutária, por consentimento, eu preciso dar uma resposta, e, assim, nós podemos negociar. Por meio desse processo, chega-se a conclusões, e nossa sociedade torna-se muito mais competitiva. Por que estamos, hoje, com essa criminalidade toda? Porque nós ignoramos as situações, e isso acontece, também, com as empresas.
No mundo dos negócios, já existe uma estrutura preestabelecida, e não podemos negar essa realidade. Mas fazemos com que a sociocracia penetre nessa estrutura para somar-se a ela, e, aí, você tem dois estágios: uma hierarquia funcionando operacionalmente e, junto com ela, um sistema de círculos sociocráticos que trabalham dentro do processo dinâmico.
É importante destacar que a sociocracia atua principalmente nas grandes políticas da organização. Não é preciso fazer reuniões a toda hora para decidir itens de rotina.
Com as informações desses grupos, as lideranças podem trabalhar melhor, por conhecer as coisas que estão acontecendo realmente na organização. Se você tem uma estrutura sociocrática agindo, acontece todo um desenvolvimento da organização, onde o homem fica livre para pensar, inovar, lançar produtos, usando a criatividade. Se houver criatividade constante, haverá sempre coisas a serem feitas, então, haverá emprego para todo mundo."

EXECUÇÃO RÁPIDA

"A sociocracia é uma ferramenta que lê as transformações que estão ocorrendo e oferece uma orientação para elas. Num momento de crescimento, como está ocorrendo no Brasil, ela pode ser utilizada gerando excelentes resultados, porque melhora a comunicação e pode atingir toda a sociedade. Há uma demora natural em relação ao planejamento, mas, na execução, você ganha.
Trata-se de uma ferramenta que se aplica em todo o lugar, não apenas para grandes organizações, já que, tanto numa pequena empresa quanto numa grande, a complexidade é a mesma."


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