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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 299 (28/12/1997)

Necessidade de Ajuda Externa

Mesmo percebendo claramente - muitas vezes desde o primeiro momento - intensas e profundas modificações que estejam ocorrendo e cercando de incertezas o futuro de seu empreendimento, o empresário brasileiro, talvez muito imediatista e por estar envolvido demasiadamente com pequenos óbices de seu dia-a-dia, não apenas dificilmente compreende as peculiaridades de sua inserção na cadeia econômica, como ainda encontra dificuldades em visualizar novas oportunidades e carece de ousadia e de coragem para trilhar outros caminhos, rompendo laços sentimentais que o mantêm amarrado a um negócio já esgotado. Esse óbvio envolvimento impede o natural encontro de soluções sem apoio externo, ou seja, de um consultor que, situado fora do ambiente emocional da empresa, venha contribuir com novas idéias, pesquisando nichos de mercado e recomendando redirecionamento de atividades, numa parceria amarrada a resultados. Essa é a conclusão que se depreende do depoimento exclusivo de Anunciato Thomeu Sobrinho, proprietário da Thomeu Retífica de Motores Ltda. - Tel.: (11) 6468-8120 -, empresa que enfrenta grande ociosidade com o encolhimento do mercado, principalmente em razão do avanço da tecnologia dos motores diesel e de maior cuidado com a sua manutenção. A seguir, o seu relato.

FOI NECESSÁRIO CORAGEM
"Na década de 70, eu era diretor de uma empresa de ônibus local, mas, a pedido de um parente, tentei intermediar a venda de uma retífica de motores, filial de uma de suas empresas, mas a operação não estava fácil. Então, num estalo, pensei: 'por que não comprá-la, que, de certa forma, já estava ligado à área de motores?!' Evidentemente, foi preciso muita coragem, porque se tratava de importante passo para mim. Embora estivesse bem posicionado como executivo, não deixava de ser mero funcionário... Naturalmente, o ser humano impõe-se limites, anulando certa ousadia, com medo de avançar pelo desconhecido, ao trocar o certo pelo duvidoso; no meu caso, havia apenas incerteza quanto ao futuro, já que o negócio não me era totalmente desconhecido. No entanto, encorajado e incentivado por minha esposa, assumi esse compromisso que, a meu ver, aparentemente, estava acima de minhas possibilidades. Desde 26 de outubro de 1976, a retifica passou a ser minha, com vida própria. Assim, deixar de ser empregado e tornar-me empreendedor foi uma das melhores coisas que já fiz."

NOVAS CONDIÇÕES DE MERCADO
"O segmento de retífica de motores começou a declinar no início dos anos 90, restando conosco apenas 34 pessoas, ou 50% menos. Basicamente, o avanço da tecnologia e o progresso, por paradoxal que possa parecer, impuseram novas características que resultaram no estreitamento do setor. Como? Porque os motores estão ficando cada vez melhores e os veículos de transporte (caminhões e ônibus) cada vez maiores. Por exemplo, um cliente tinha oito caminhõezinhos de 6 toneladas para transportar aproximadamente 40 toneladas e o motor durava 300 mil quilômetros; hoje, ele precisa de apenas um cavalo mecânico com carreta para levar a mesma carga e o motor faz 1,2 milhão de quilômetros. Anteriormente, o motor de seus caminhões durava 300 mil quilômetros, então, completada essa quilometragem, eu tinha oito motores para fazer a retífica; agora, com a durabilidade quatro vezes maior, tenho só um motor... O próprio perfil do frotista mudou, como tudo: há mais cuidado com a manutenção. Também o motorista, com o fantasma do desemprego rondando, dirige e cuida melhor do veículo."

O DIFÍCIL QUEBRA-CABEÇA
"Antes da situação tornar-se irreversível, estou pensando em algo que possa agregar ao negócio, aproveitando e adaptando as amplas instalações disponíveis, o excelente ponto comercial e até a mesma clientela. Estou pensando, por exemplo, em abrir um posto autorizado de freio a ar, equipamento de todos os caminhões e ônibus, portanto, uma atividade correlata que venha somar à retifica... Fui também atrás de uma empresa francesa de lubrificantes, a Elf, igualmente interessada em expandir-se, para verificar de que forma poderíamos entender-nos. Já a adaptação para outro tipo de atividade industrial é inviável, porque os equipamentos são específicos e só servem para retífica de motores. No fim, a solução virá, com certeza - sou otimista. Porém, o que nos deixa, também, um pouco tranqüilos é a situação pessoal estabilizada e a inexistência de dívidas."


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