No Bolso do Tempo
De acordo com as técnicas da administração moderna, que incluem as ações de marketing de uma empresa, já não basta lançar um produto ou serviço considerando apenas a qualidade e o custo competitivo. A famosa expressão "tempo é dinheiro" nunca esteve tão presente como hoje. Por isso, é preciso repensar as estratégias mercadológicas observando o relógio, para fazer com que o consumidor tenha condições de incorporar a nova aquisição ao seu dia-a-dia. Muitas vezes, as pesquisas realizadas com o objetivo de analisar as necessidades do mercado falham justamente por não conseguir detectar se o público-alvo terá tempo suficiente para adquirir o lançamento e também para utilizá-lo em seu cotidiano. Quem observa essa característica tão marcante da sociedade atual e formula conceitos inéditos a respeito do comportamento do consumo é Francisco Alberto Madia de Souza, diretor da MadiaMundoMarketing www.mmmkt.com.br . Em depoimento exclusivo, ele fala sobre a evolução do marketing no Brasil e no mundo, além de revelar que tempo e dinheiro são duas faces da mesma moeda.
EVOLUÇÃO
"Marketing é todo o movimento empresarial que tem como ponto de partida e como óptica o mercado. Óptica essa que se volta primeiro para dentro da empresa, abrangendo desde da reorganização dos recursos humanos até a capacitação do ponto de vista tecnológico, que se traduz nos produtos e nas marcas para, na seqüência, retornar ao mercado sinalizando algum tipo de comportamento. O marketing aterrissa no Brasil, assim como no resto do mundo, na década de 50, sendo definido como sinônimo de administração moderna, considerando que a razão da existência de uma empresa é conquistar e preservar clientes. A partir dos anos 60, isso vai evoluindo com a modernização das estruturas de comunicação e de comercialização e, no início dos anos 70, com a institucionalização do auto-serviço e dos shoppings centers como distribuidores. No Brasil, o profissional de marketing, voltado à inovação e à antecipação diante dos concorrentes, teve que sobreviver e se adaptar ao ambiente totalmente inóspito da inflação, que privilegiava a gestão financeira nas organizações. Só com o advento do Plano Real, houve a abertura de mercado e o prevalecimento da competência estratégica do ponto de vista mercadológico."
POSIÇÃO PRIVILEGIADA
"No Brasil, ainda existem empresas que estão na pré-história do marketing e outras que já estão bastante avançadas, independentemente do tamanho ou segmento. Há microempresários que nunca freqüentaram uma escola de administração, mas praticam o marketing por uma questão de intuição e sensibilidade, enquanto outros, de maior porte, encontram-se voltados ao passado, especialmente as empresas que atuavam em setores fechados, desfrutando de numerosos privilégios e que hoje precisam ir ao mercado para competir. Se considerarmos as nossas empresas de ponta em termos de marketing avançadíssimo, cerca de 10 a 20% do total que conduz a economia brasileira, estamos à frente das empresas européias e em segundo lugar no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Por se tratar de uma função indelegável, o marketing pode ser administrado por uma área da empresa, mas a definição do rumo, do plano de vôo, tem que ser do presidente."
CARA E COROA
"A terceirização do marketing pode beneficiar as organizações que estão muito defasadas e querem dar um salto para recuperar o tempo perdido, mas elas nunca devem desconsiderar a hipótese de voltar a planejar seu próprio marketing. No estágio atual em que nos encontramos, descobrimos que o consumidor moderno possui uma moeda que tem duas faces, de um lado o dinheiro e do outro o tempo. Por isso, quando uma empresa vai fazer o seu planejamento de marketing, é preciso dimensionar um produto ou serviço que caiba não só no bolso do dinheiro, mas também no bolso do tempo, que não pode ser multiplicado e tende a se tornar cada vez mais escasso. Daqui para a frente, a empresa que não se preocupar com o tempo dos seus clientes e que não estiver atenta ao aprendizado e à atualização em marketing está assumindo o risco de levar sustos, de ter problemas e até de desaparecer do mercado."
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