Gestão Empresarial Eficiente
Da perspectiva de eficiência, é possível distinguir, pelo menos, dois tipos de empresário: o cerebral-intelectual, verdadeiro formador de opinião, plenamente consciente das condições do ponto de inserção de sua empresa no ciclo produtivo; e o prático, lutador, o empresário "de balcão", conhecedor dos segredos do dia-a-dia do negócio, fundamentando o trabalho na "transpiração" do corpo-a-corpo diário no mercado. Enquanto o primeiro se mantém atento às peculiaridades do funcionamento da economia, efetuando periódicas avaliações do negócio, para precaver-se contra possíveis alterações de rota ou eventuais acidentes de percurso, o outro coloca a emoção no negócio, preferindo o contato "olho no olho" com o cliente, numa intimidade que visa agradá-lo sempre. Um é o testemunho vivo de que, na atividade econômica, conta, preferencialmente, a ação mental, o trabalho do cérebro, com agilidade e presteza, portanto, nem sempre "suar a camisa" é indício de eficiência de gestão empresarial; o segundo enfrenta enormes dificuldades para visualizar soluções, diante de mudanças no seu segmento. Integrado no grupo dos empresários "de balcão", segundo sua própria classificação, Wilson Farani Júnior, sócio da Casa da Fogazza Lanchonete Ltda. - Tel.: (11) 607-1723 -, em depoimento exclusivo, relata, a seguir, as dificuldades para manter o negócio na atual fase de estagnação econômica.
FORTE IMPACTO DO DESEMPREGO
"Desde 12 de junho de 1993, sou sócio do idealizador da Casa da Fogazza, amigo de longa data, que montou diversos estabelecimentos para comercializar esse alimento da culinária italiana, semelhante a uma pizza, explorando o nome registrado e patenteado. O movimento manteve-se em nível excelente até o final de 1995; daí em diante, a atividade começou a entrar em declínio. O que aconteceu, as pessoas deixaram de se alimentar? O movimento em dinheiro-nota é o mesmo; no entanto, com o agravamento do desemprego, caíram as vendas com tíquete-refeição, que correspondiam a cerca de 50% do total. Isso porque o tíquete é a moeda do assalariado, utilizado na região central da cidade por bancários, gerentes, secretárias, office-boys, entre outros. Na minha avaliação, atualmente, na área central da cidade, a massa assalariada mal alcança os 40% - exatamente os de poder aquisitivo mais baixo - do total existente há cerca de dois anos. E o movimento de passagem basicamente é formado por pessoas que têm, em média, R$ 2,00 no bolso."
QUANDO NEM ABAIXAR PREÇOS RESOLVE
"Também muitos profissionais autônomos ou pequenos empresários de prestação de serviços deixaram o centro e foram abrir escritórios (home office) na própria residência, para reduzir despesas com aluguel, condomínio, secretária, principalmente. A crescente falta de segurança tornou a área central cada vez mais perigosa, contribuindo, igualmente, para a migração de executivos para outros locais e inibindo a maior circulação de pessoas. Na tentativa de encontrar solução, procuramos abaixar os preços, logicamente mantendo a qualidade dos produtos. Também não resolveu. Comecei a olhar a rua, a "infiltrar-me" entre os clientes ou a ocupar a caixa, para realizar uma espécie de 'minipesquisa', por assim dizer. Então, sem transformar a casa em lanchonete - porque também não é fácil fazê-lo de uma hora para outra -, decidimos ampliar o leque de ofertas, com preços variando de R$ 0,80 a R$ 15,00, oferecendo pizza grande, fatiada, 'brotinho', sorvetes, cerveja (a baixo preço e pode ser tomada a dois) etc. Hoje, a média de gasto por pessoa na minha principal loja é de R$ 3,00."
FATORES QUE INIBEM A EXPANSÃO
"Assim como a culinária árabe foi popularizada nas últimas décadas, tenho consciência de que o comércio da fogazza é 'pedra preciosa', aguardando ser lapidada para tornar-se 'jóia' de atividade comercial de grande valor no mercado. Contudo, as atuais circunstâncias da economia, principalmente a alta taxa de desemprego mencionada, bem como a baixa rentabilidade do investimento de cerca de R$ 150 mil necessário para montar uma loja de 90 m2, impõem muita cautela em planos de expansão. A alternativa de associação com eventual grupo de investidores também esbarra no perfil fortemente conservador de meu sócio (que detém parcela majoritária) e na opção familiar de não ampliar o negócio, pelo menos por enquanto."
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