Home











...



« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 556 (01/12/2002)

A Revolução da Banana

Untitled Page

A solução para o combate à fome no Brasil, um dos aspectos mais visíveis da miséria em que vive boa parte da população, pode ser mais simples do que se imagina. Com a descoberta do potencial nutritivo da biomassa de banana na composição da maioria dos alimentos, é possível reduzir custos e gerar opções acessíveis à mesa de qualquer brasileiro. Para que isso se torne uma realidade em nível nacional, Heloísa de Freitas Valle, criadora e diretora do projeto Pró-Banana-Verde, vem esforçando-se há quase oito anos, na tentativa de demonstrar para entidades públicas e privadas as numerosas possibilidades e oportunidades de negócio que existem no cultivo e na transformação dessa fruta tão produtiva e, ao mesmo tempo, tão pouco valorizada pela cultura popular. Em depoimento exclusivo, ela faz um apelo a universidades, pesquisadores e a todos os interessados em investir na banana como uma saída econômica e viável para a pobreza do País.

ORIGEM
“O interesse pelo negócio surgiu quando comprei terras no Vale da Ribeira, onde tudo é muito precário e onde todo mundo só planta banana, pois é a capital da banana, como eles costumam dizer. Inicialmente, quando os portugueses aqui chegaram, os índios comiam uma banana chamada pacova, que não podia ser comida crua, tinha que cozinhar primeiro. Como os nossos colonizadores queriam uma banana fruta, como tinha em Portugal, vinda da Ilha dos Açores, eles trouxeram em suas expedições algumas mudas de bananeiras, começando pela nanica, e as plantaram principalmente no litoral. Não sabemos em que época o povo brasileiro começou a depreciar a banana, a usar expressões pejorativas como ‘a preço de banana’, ‘você é um banana’, ‘te dou uma banana’, entre outras, quando, na realidade, na Europa, a banana é considerada quase uma rainha, ela é uma fruta muito nobre pelas suas qualidades nutricionais e até medicinais. Além disso, vem o fator da produtividade. Um hectare de banana bem cultivado produz 22,5 toneladas por ano, enquanto um hectare de trigo vai dar cerca de 1 tonelada, um hectare de milho, 3 toneladas. Só a batata aproxima-se com 19 toneladas, mas, mesmo assim a banana ganha de todos e ainda é perene, ou seja, dá o ano todo.”

ECONOMIA
“O projeto Pró-Banana-Verde teve início em 1994, em parceria com um professor da Universidade Federal de São Carlos. Ao descobrirmos que ela fazia parte da comida dos astronautas, decidimos pensar em maneiras de condicioná-la para a aplicação em vários tipos de alimentos. Começamos esse trabalho na cidade de Eldorado, no Vale do Ribeira. Depois, eu continuei, indo para São Carlos, para São José dos Campos, e fui várias vezes para Brasília falar e testar as receitas com o ministro da Agricultura. A utilização da biomassa feita da polpa e/ou da fibra da casca da banana oferece numerosas oportunidades de economia para quase todos os segmentos da indústria alimentícia. Numa fábrica de sorvete, é possível reduzir 40% dos custos, pois, com apenas R$ 60, a empresa adquire mil quilos de banana que funciona como um ótimo espessante e emulsificante. Na produção de massas, como nhoque, por exemplo, o barateamento pode chegar a 80%. Na verdade, a banana entra na cozinha convencional inteira.”

INAUGURAÇÃO
“A iniciativa de fabricar a biomassa a partir da banana já começou. Acabamos de receber uma máquina especial que foi testada e deu um resultado muito bom. Estamos instalando a parte produtiva dentro de uma fábrica de macarrão no Cambuci, bairro de São Paulo. Estamos pensando, no sábado e no domingo, fazer um tipo de refeição como uma macarronada com um molho também feito à base de banana. A pessoa tanto pode comprar e levar para casa quanto sentar e degustar inclusive as sobremesas. Temos que ensinar as pessoas a comer banana, pois ela é o nosso ouro verde. Não deveríamos falar ‘a preço de banana’ e sim ‘a preço real compatível com o orçamento do brasileiro’. Em dezembro, já estaremos abertos ao público, oferecendo opções para variar a ceia de Natal. Esse projeto não é só meu, é do Brasil, e precisamos da boa vontade de todos que quiserem engajar-se e investir nesse negócio, porque existem muitas oportunidades.”


« Entrevista Anterior      Próxima Entrevista »
...
Realização:
IMEMO

MANTENEDORES:

CNS

CRA-SP

Orcose Contabilidade e Assessoria

Sianet

Candinho Assessoria Contabil

Hífen Comunicação


Pró-Memória Empresarial© e o Programa de Capacitação, Estratégia e Motivação Empreendedora Sala do Empresário® é uma realização do Instituto da Memória Empresarial (IMEMO) e publicado pela Hífen Comunicação em mais de 08 jornais. Conheça a história do projeto.

Diretor: Dorival Jesus Augusto

Conselho Assessor: Alberto Borges Matias (USP), Alencar Burti, Aparecida Terezinha Falcão, Carlos Sérgio Serra, Dante Matarazzo, Elvio Aliprandi, Irani Cavagnoli, Irineu Thomé, José Serafim Abrantes, Marcos Cobra, Nelson Pinheiro da Cruz, Roberto Faldini e Yvonne Capuano.

Contato: Tel. +55 11 9 9998-2155 – [email protected]

REDAÇÃO
Jornalista Responsável: Maria Alice Carnevalli - MTb. 25.085 • Repórter: Fernando Bóris;
Revisão: Angelo Sarubbi Neto • Ilustrador: Eduardo Baptistão

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTAS ENTREVISTAS sem permissão escrita e, quando permitida, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer sistema de processamento de dados. A violação dos Direitos Autorais é punível como crime. Lei nº 6.895 de 17.12.1980 (Cód. Penal) Art. 184 e parágrafos 185 e 186; Lei nº 5.998 de 14.12.1973


Hífen Comunicação
© 1996/2016 - Hífen Comunicação Ltda. - Todos os Direitos Reservados
A marca Sala do Empresário - Programa de Capacitação, Negócios e Estratégia Empresarial
e o direito autoral Pró-Memória Empresarial, são de titularidade de
Hífen Comunicação Editorial e Eventos Ltda.