O Sonho Nosso de Cada Dia
Fazer de um empreendimento pessoal um negócio bem-sucedido atualmente é uma tarefa difícil até mesmo para os profissionais mais capacitados do mercado. Mas, transformar essa mesma história em um modelo de referência para toda uma nação, é um desafio que poucos conseguiram enfrentar e dele sair vitoriosos. Um caso exemplar é o do polonês Samuel Klein, um sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que, com determinação e simplicidade, construiu no decorrer de cinco décadas uma das mais bem consolidadas redes varejistas do Brasil, formada por 419 lojas. Quando começou a vida de mascate, com uma charrete cheia de mercadorias, ele foi ao encontro do público para o qual vende a realização de sonhos parcelados todos os dias até hoje, gente simples que o entendia mesmo falando pouco. Foram esses sonhos em conjunto que ajudaram a construir as Casas Bahia - www.casasbahia.com.br -, a maior rede de comércio de varejo de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis do País, o maior anunciante nos meios de comunicação e uma das empresas brasileiras de maior crescimento nos últimos anos. Em depoimento exclusivo, ele narra essa trajetória de forma comovente e mostra por que sua estratégia empresarial virou estudo de caso até na Universidade de Harvard.
SUCESSO
"Em primeiro lugar é preciso ter simpatia. Sem simpatia, não se conquistam clientes. Eu que os conquistei um a um, desde o tempo que era mascate nas ruas de São Caetano do Sul, sei o quanto eles são fundamentais para o sucesso de qualquer empresa. Depois, além de ter uma visão de comerciante, de comprar bem comprado e de vender bem vendido, eu tive a sorte de contar com meus dois filhos me ajudando na empresa e contribuindo para que a empresa esteja hoje na liderança do setor de eletrodomésticos e móveis no Brasil. Também acredito que o nosso sucesso se deve à agilidade com que tomamos decisões, na rapidez com que as implementamos e na política de investir o lucro bruto do exercício anterior na empresa. Este investimento sempre financiou nossa expansão e a nossa carteira de crédito. Se temos mais lojas, temos mais clientes comprando, podemos ir avançando, com cautela, passo a passo, mas sempre em frente. Outro grande fator de sucesso foi a ousadia. Nós estamos sempre pensando um passo à frente."
PORTAS ABERTAS
"Costumo dizer que mais do que vender produtos, queremos vender sonhos. Eu quero que a população pobre deste país tenha direito e condições de entrar em qualquer uma de nossas lojas e comprar o que quiser para si mesmo, para a mulher e para os filhos, pagando prestações que caibam no apertado orçamento doméstico. Se podemos esticar o prazo, esticamos, se podemos praticar uma taxa de juros menor, nós fazemos isso também. Estamos sempre atentos a esse nicho de mercado, porque eu fui pobre e sei muito bem o quanto vale o nome para uma pessoa que não tem crédito. No meu tempo, os bancos não davam crédito, as pessoas não davam crédito. Foi por saber e viver essa dificuldade, que estamos sempre concedendo crédito aos bons pagadores, aos pais de família, às faxineiras. Não precisa ter carteira de trabalho assinada. Basta ter o nome limpo e ser um bom pagador para as Casas Bahia. Se o cliente for assim, nossas portas estarão abertas para ele e para toda a sua família."
CONFIANÇA
"As Casas Bahia sempre trabalharam para as classes C, D e E. Temos produtos para todas as classes sociais em nossas lojas, mas o nosso foco está na camada mais popular, aquela que ganha salário mínimo. Anunciamos bastante para que os nossos clientes possam saber as ofertas e os produtos que temos nas lojas. Temos um mix de mais de 7 mil produtos em todas as unidades. Qualquer freguês pode comprar o que quiser, desde geladeira, fogão até relógio, radinho de pilha ou uma bicicleta. Nossa carteira hoje contém mais de 16 milhões de clientes de todas as idades, de todos os credos e de todas as profissões. As Casas Bahia não discriminam ninguém. A minha mensagem para os empreendedores brasileiros, especialmente para aqueles que estão começando o seu negócio, é que lutem para diminuir as diferenças sociais. Que sejam empreendedores, que aproveitem as oportunidades e que sigam em frente. Mas, acima de tudo, que confiem no Brasil e em si mesmos."
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