Do Limão à Limonada
Quando uma pessoa decide optar pela livre iniciativa por meio do seu próprio negócio, ela não tem o direito de errar, e sim o dever de buscar novas soluções, caso as estratégias adotadas até então não tenham dado resultado. Nenhuma derrota resiste ao trabalho e à capacidade contínua de descobrir que o caminho para o sucesso empresarial não é uma linha reta, uma vez que existem oportunidades muitas vezes ocultas, à espera da visão empreendedora. Nisso consiste a filosofia de atuação de Nelson Camargo, fundador e um dos diretores da Ryco Pão de Queijo - www.rycopaodequeijo.com.br. Filho de imigrantes de origem simples, ele aprendeu desde cedo a comercializar hortaliças para ajudar no sustento da família e logo ingressou nas feiras livres vendendo limão. Depois de trabalhar como vendedor de carpetes e corretor de imóveis, Nelson começou uma trajetória bem-sucedida na Kibon como promotor de vendas. Em 1985, com a oportunidade de montar uma distribuidora de sorvetes artesanais em sociedade com um fabricante argentino, ele abriu mão da segurança de ser empregado para dar início a uma história repleta de desafios e de pioneirismo. Em depoimento exclusivo e rico em experiências vividas na prática, o empresário revela os segredos das suas conquistas no segmento de Food Service.
ANDANÇAS
"Começamos um negócio muito pequeno no ramo de sorvetes. O meu sócio argentino tinha um imóvel bem localizado nos Jardins, que era apenas uma sala. Como trabalhávamos com o atacado, recebíamos o sorvete da fábrica e eu oferecia aos clientes que compravam da Kibon a infinidade de sabores que tínhamos. Nessas andanças, passamos a fornecer o produto de uma grande franquia de pão de queijo, e disso nasceu uma parceria. Nós começamos a fazer eventos juntos, porque eles faziam pão de queijo e nós vendíamos sorvete em todas as exposições que aconteciam no Anhembi. Nessa época, o pão de queijo era bem diferente do que é hoje, de tamanho bem grande, assado apenas pela manhã e que ficava murcho no decorrer do dia. Fomos um dos pioneiros em levar o conceito de unidades menores, assado na hora e consumido quentinho."
DEFINIÇÃO
"O pão de queijo veio a calhar e estava pronto para ser servido junto com o café. Com isso, o nosso negócio de sorvetes foi ficando de lado, porque percebemos um espaço muito grande nesse novo nicho de mercado. Em cada ponto, tínhamos que colocar um forno, um freezer e um equipamento para fazer o negócio acontecer. Entretanto, a fornecedora de pão de queijo começou a crescer muito como franquia, e eles não tinham mais interesse em vender para lanchonetes e para padarias. Foi aí que começamos a ter conflito, pois tivemos que romper a parceria e dar início à fabricação do nosso próprio pão de queijo. Depois de muitas pesquisas e testes, fomos buscar um profissional em Belo Horizonte, que já tinha uma história na fabricação de pão de queijo. Daí, veio o advento do ultracongelador. Hoje, temos uma produção de 300 toneladas de pão de queijo por mês para atender a região sudeste e precisamos desse equipamento para conservá-la."
QUIOSQUES
"Quando a sociedade com o argentino terminou em 1987, fui buscar um amigo de infância, George, para continuar tocando o negócio. Com a chegada do Plano Real, nós começamos a ter dificuldades e percebemos que a nossa falta de preparo em termos de conhecimento e de administração começou a fazer diferença, porque não tínhamos mais como repassar o lucro no preço e precisávamos ter uma empresa enxuta. Nesse ponto, não havia outra alternativa a não ser sobreviver. Em 2001, estávamos no pior momento, com dificuldade até de obter crédito. Percebemos que faltavam pessoas, porque nós dois não nos complementávamos. Éramos bons vendedores, mas da porta para dentro, a empresa sempre enfrentou problemas na parte administrativa. Encontrei em outro amigo, Ronaldo, que trabalhava em uma estatal, o perfil ideal do administrador que estávamos precisando. Começamos a fornecer para as padarias e, nos últimos sete anos, crescemos dez vezes. Também criamos novos produtos de fácil preparo e montamos quiosques em pontos estratégicos nos terminais de ônibus e de metrôs. A partir do início de maio, vamos começar a exportar para o Caribe."
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