Tabuleiro dos Negócios
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No competitivo universo empresarial, muitas vezes torna-se necessário mexer nas posições que ocupam os dirigentes envolvidos para possibilitar jogadas decisivas em termos de estratégia de gestão. Principalmente quando se trata de uma empresa familiar que atua em um mercado saturado que pode e deve combinar a experiência dos fundadores com a ousadia das novas gerações, capazes de enxergar outros horizontes, contando sempre com uma estrutura operacional já consolidada e com o aconselhamento daqueles que dedicaram suas vidas ao negócio. Esse foi o caso da Dust Jeans, indústria e comércio de moda jovem, localizada no bairro paulistano do Brás, conhecido como reduto de roupas populares e de baixo custo. Iniciada há dois anos a partir de outra fábrica de jeans, ela é comandada hoje por Kamal Kamel Soueid - www.dustjeans.com.br - um jovem de apenas 24 anos que não perdeu a oportunidade de revitalizar a empresa do pai, trocando de lugar com ele com o objetivo de criar uma marca diferenciada do ponto de vista da qualidade, seguindo as principais tendências do mundo fashion. Em depoimento exclusivo, ele revela com entusiasmo como pretende ajudar a mudar a imagem popular do local, da mesma forma como transformou a própria confecção.
ORIGEM
“Comecei cedo, trabalhando na empresa do meu pai, que sempre fabricou jeans. Com apenas 12 anos de idade, já acompanhava todo o processo e não poderia fugir desse caminho. Quando meu pai veio do Líbano para o Brasil, ele escolheu a cidade mineira de Araxá, porque trabalhava como mascate, comprando roupas no Brás e revendendo naquela região. Aí surgiu a oportunidade de vir para São Paulo e montar uma empresa. Depois de algumas tentativas, conseguimos montar uma pequena fábrica, e tudo começou dessa iniciativa. No final dos anos 80, passamos a confeccionar jeans e fui ajudando desde a vender até a arrumar prateleiras. Hoje, dominamos todos os processos de uma indústria e isso me ajudou muito a pensar em novo rumo para os negócios. Pela tradição libanesa, acabei assumindo toda a responsabilidade pela empresa e montamos a Dust, que vai completar dois anos, e já exporta para muitos países da Europa e América Central e, em breve, estará no mercado de varejo.”
MESCLA
“Enxergamos a necessidade de ter um produto com valor agregado, ou seja, um jeans com mais qualidade, com uma lavagem e com um acabamento melhor, feito com tecidos e matériasprimas de primeira. Eu sentia que havia essa brecha e sempre quis trabalhar com produtos mais sofisticados. Por isso, decidi colocar em prática a minha idéia e fabricar uma roupa bonita que eu gostasse de usar. Hoje, o consumidor reconhece um bom jeans e a marca é muito forte. Para dar esse passo, desativamos a linha de produção antiga e tivemos que reestruturar toda a empresa, desde os funcionários até os fornecedores. Na época, o negócio já não ia muito bem e a concorrência tinha aumentado muito, o que nos levou a querer mudar e a reverter a situação, pois estávamos perdendo espaço no mercado. Hoje, meu pai é meu sócio e cuida da parte financeira, enquanto me encarrego da produção. Na verdade, unimos a experiência dele, que foi o grande incentivador, com a minha ousadia e, felizmente, está dando resultado.”
PRECONCEITO
“A nossa grande dificuldade hoje está na parte comercial por questões externas. Temos uma marca que pode competir em produto com qualquer grife do Brasil, tanto é que produzimos para muitas marcas brasileiras pelo processo de terceirização, mas, por estarmos no Brás, ainda existe um preconceito do mercado em geral. Eu sou diretor de marketing da Associação dos Lojistas do Brás, que abrange 6 mil lojas. Tratase de um grupo de jovens empresários que tem como principal objetivo mudar o perfil do bairro. É um desafio muito difícil e temos focado na mídia para trazer a imprensa até aqui. É importante trazer as pessoas para que elas vejam como o nosso comércio funciona de verdade, sem que precisemos falar nada. Para manter a empresa atualizada, viajo a cada seis meses para o exterior em busca das novas tendências do mercado mundial da moda e considero fundamental participar de cursos para capacitação empresarial como o Empretec, do Sebrae, que estou começando agora.”
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