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Investidores privados injetam US$ 56 bilhões por ano Cerca de 65% dos empreendedores americanos contam com membros da família entre suas fontes de capital. Outros 33% iniciaram seus negócios com algum dinheiro levantado por seus amigos, de acordo com pesquisa do Grupo Inc. Aparentemente, esses números indicam que pouco mudou no mundo dos negócios de pequeno porte. Na prática, entretanto, as micro e pequenas empresas dos Estados Unidos nunca dispuseram de tantas fontes de capital, oferecido pelos bancos e garantido pela Small Business Administration (SBA), a agência federal americana que, desde 1953, atua como uma espécie de ministério para fomento da pequena empresa. Mas a fonte principal de recursos é o "venture capital" (capital de risco), injetado pelos chamados anjos financeiros os investidores que apostam dinheiro em novas idéias e empreendimentos. Essa tendência também se revelou na pesquisa através da constatação de que 23% das novas empresas contaram com investimentos de seus parceiros comerciais; 21% receberam financiamento de seus fornecedores; e 13% foram apoiados financeiramente pelos seus próprios consumidores. "A primeira fonte de financiamento ainda é o patrimônio pessoal do dono do negócio", lembra Iris Lorenz-Fife, da revista "Entrepreneur". O varejo miúdo dos empréstimos, seja através de prazo de carência oferecido pelos fornecedores ou de injeções de capitais de amigos e parceiros, foi ampliado pela multiplicação dos regimes de franquia, com o franqueador financiando até 85% de um novo negócio. Passada a recessão americana do final da década de 80, os bancos também voltaram a abrir linhas de crédito a partir de US$ 500 para pequenas empresas, tornando-se mais sensíveis e mais flexíveis para o financiamento de programas de expansão, de aquisição de know-how e de bens de capital como maquinaria e equipamento. "Alguns dos novos programas (de financiamento) podem ser atribuídos à pressão social que os bancos sofrem para satisfazer as necessidades de crédito das comunidades de baixa renda onde têm suas agências, explica Easy Klein, editor de "Financing" da "Crains Small Business". Ele acrescenta que, nesses programas, a aprovação do crédito se dá de forma muito menos burocrática e os bancos seguidamente levam em consideração a personalidade do empresário, além da história financeira do seu negócio. Grande parte desses empréstimos, porém, se viabiliza através de nova série de planos de garantia de crédito criada pela SBA. O sistema de garantias da SBA tem dois formatos básicos. Nos financiamentos abertos para levantar capital de giro e de investimento (até US$ 155 mil), a agência atua como avalista de até 90% do empréstimo como um parceiro comercial que "assina" junto com o empresário as notas promissórias do banco. Nos financiamentos exclusivos para investimento em bens de capital (até US$ 750 mil), a agência federal garante 85% do financiamento, aceitando como garantia a maquinaria ou instalações adquiridas. Nos últimos dez anos, a Small Business Administration atuou junto a 10 mil agências bancárias, viabilizando dinheiro novo para 27 mil empresas por ano. Esses empréstimos podem ser financiados em até 25 anos, com juros de no máximo 2,75% (no momento, um pouco acima da inflação dos Estados Unidos).
Muitos empresários descontentes com o programa alegam que os critérios para escolha da SBA praticamente excluem as micro e pequenas empresas: unidades de cem até quinhentos funcionários no setor industrial; até cem no comércio; faturamento anual de US$ 2,5 milhões no setor de serviços etc. A SBA aprova financiamentos a partir de US$ 5 mil para novas empresas. Para receber apoio da agência, entretanto, o interessado deve "ter bom caráter, demonstrar conhecimento administrativo suficiente para fazer sucesso, dispor de recursos próprios para os custos iniciais e as prováveis perdas da fase de implantação do negócio, apresentar estudo indicando que o faturamento da empresa vai cobrir o empréstimo dentro dos prazos e dispor de patrimônio capaz de garantir pelo menos parte do financiamento". Não existem números nacionais atualizados de quanto os bancos americanos estão alocando para financiamento de pequenas empresas. Em 1992, a SBA garantiu mais de US$ 5 bilhões em empréstimos. Em junho de 1994, só no Estado de Nova York, a Veribanc Inc. registra que cinco bancos (Citibank, Bank of New York, Chase Manhattan e Marine Midland) contavam com cerca de US$ 700 milhões cada um, distribuídos em cerca de 10 mil empréstimos por instituição bancária. Menos de 15% desses empréstimos, entretanto, são para novas empresas. "Negócio novo continua passando dificuldade para obter financiamento", segundo Easy Klein. Os bancos americanos continuam relutantes em financiar o desenvolvimento de novos produtos. Segundo David Evanson, analista da Financial Communications Associates, os agentes financeiros institucionais não se interessam pelo que o empresário diz que será capaz de fazer no futuro. "Eles só olham para o desempenho no passado", afirma. "Assim, os novos negócios montados nos Estados Unidos prosperam porque são socorridos pelo venture capital." Robert Gaston, autor de "Finding Private Venture Capital for Your Firm", identificou a existência de 700 mil investidores privados que colocam US$ 56 bilhões por ano em cerca de 450 mil pequenas empresas. "Esses investidores seriam a fonte de US$ 6 em cada US$ 10 do capital de companhias com menos de quatro empregados e faturamento inferior a US$ 150 mil por ano." A maioria desses "anjos financeiros" da micro e pequena empresa está interessada na perspectiva de crescimento da empresa em que investem. Em geral, são pessoas de 40 a 55 anos, com renda média de US$ 100 mil por ano, que trabalham por conta própria ou têm experiência na administração de pequenos negócios e se interessam em investir dentro de sua comunidade. Esse "venture capital" pode ser classificado em cinco formas distintas de investimento: a compra de ações de uma empresa; a entrada do investidor como sócio da empresa; emissão de debêntures conversíveis (título de direito a compra de ações); ações preferenciais; e as tradicionais notas promissórias. Na região de Nova York (provavelmente a maior concentração de pequenas empresas do mundo), investidores e empresários criaram o New York Venture Group, que é aberto a todos os interessados e se reúne mensalmente para trocar idéias e criar boas oportunidades, aproximando investidores e empresários. Segundo levantamento do grupo Crains, na "big apple" esse "venture capital" vem sendo captado, principalmente, por oito setores de atividade econômica: comunicações/mídia (22,3%), programação de computador/software (21,7%), serviços e produtos (16,7%), varejo miúdo (11,9%), assistência médica e serviços ligados à saúde (9,3%), produtos químico-farmacêuticos (7,5%), semicondutores e componentes eletrônicos (7,5%) e equipamento médico (2,6%). O capital privado disponível nos Estados Unidos para investimento em micro e pequenas empresas também se arrisca no financiamento de empreendimentos no exterior. Nos anúncios classificados das publicações econômicas, por exemplo, sempre se encontram ofertas de capital para negócios em países asiáticos, da Índia à Coréia do Sul. Existem mais de doze organizações voltadas para investimento em economias menos desenvolvidas. Em Illinois, a Opportunity International levanta dinheiro para financiar microempresas nos países ex-comunistas do Leste europeu. Em Massachusetts, desde 1991, a Accion International coloca anualmente US$ 200 milhões de dólares à disposição de microempresas da América Latina interessadas em miniempréstimos de cerca de US$ 500 para auxiliar o fomento da iniciativa privada em áreas mais pobres. New York Venture Group: |
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