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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 290 (26/10/1997)

Precisamos de Isonomia de Tratamento

Além do fato notório de que multinacionais estão investindo no mercado brasileiro, porque a defasagem cambial e a estabilidade econômica trazida pelo Real, de um lado, e o baixo custo do capital no exterior de outro, tornam muito baratas as associações, fusões ou mera aquisição, verifica-se também tendência de as indústrias associarem-se entre si, com o propósito de alcançar escala de produção, redução de custos e, em conseqüência, ganhar competitividade. Para o pleno sucesso, ela pressupõe uma espécie de aliança da livre iniciativa com o poder público que, inevitavelmente, deve prover condições necessárias para mudar o cenário e as circunstâncias que complicam a vida das empresas, como não elevar os juros à estratosfera, estabelecer incentivos (não privilégios ou vantagens descabidas...) às exportações, racionalização do cipoal burocrático-tributário, que emperra o ciclo produtivo, diminuição do incrível ônus trabalhista e outras. Quem emite essa opinião, em depoimento exclusivo, é uma das raríssimas mulheres-empresárias que atuam no setor de autopeças, Carmem Lucia Rossini, diretora-geral da Niken Metalúrgica - www.niken.com.br -, indústria de estamparia fundada há mais de três décadas que fornece basicamente às grandes montadoras. A seguir, o seu relato.

O ENTRAVE DA NOSSA CULTURA
"Isso não é fácil. Não obstante preconizada por consultores e especialistas, como providência racional também ditada pelo bom senso, as associações e fusões esbarram em obstáculos quase intransponíveis, engendrados pela nossa cultura empresarial, mais ou menos contrária a essas soluções, especialmente com perda do controle maior do negócio, bem como à 'submissão' a outro sócio mais elevado na hierarquia, com a idéia equivocada de que 'não vou ser mais o dono...' Ora, a meu ver, é melhor ser dono de pouco, mas de um bom negócio e rentável, do que de uma empresa agonizante, com os dias contados. Vários aspectos devem ser levados em conta, pois de nada adianta a gente associar-se e a conjuntura continuar a mesma, E os investimentos? Precisa-se de dinheiro para se investir em novos equipamentos e instalações mais adequadas e racionais etc. Aí já entramos em desvantagem, onerados com as taxas de juro vigentes internamente que, aos níveis internacionais, o pagamento em dois meses, aqui, corresponde ao total relativo a um ano, no exterior!"

O SUCESSO DO MODELO ESPANHOL
"Para competir numa economia globalizada, precisamos ter isonomia no tratamento, isto é, a adoção de soluções semelhantes para todos os setores, como as adotadas para os segmentos de brinquedos e de máquinas, em que o governo impôs sobretaxas para igualar as condições de competitividade com o exterior. Evidentemente, nunca fomos e nem se poderia ser contra a abertura da economia; o erro foi a maneira como aqui foi feita, escancarada, sem que tal mudança tivesse sido preparada gradualmente. Assim, ficamos vulneráveis, sem capital de giro, dinheiro com juros altíssimos, enfim, com altos custos e nenhuma competitividade. A experiência da Espanha é muito interessante. Eles passaram por uma fase muito parecida com a nossa: muitas empresas falindo e os grupos procurando associar-se, mas o governo instituiu uma reforma fiscal, com imposto único, e hoje o progresso é tanto que já estão aportando aqui, para investir nas nossas empresas..."

VENCENDO O DESAFIO
"A empresa foi fundada há mais de três décadas por um grupo de jovens operários que havia chegado da Itália na década de 40 - entre eles, meu pai, Rossini Francesco. Encantaram-se com o país, acharam que havia boas perspectivas para começar vida nova, principalmente sob o forte impulso da indústria automobilística que aqui se estava instalando. Na década de 80, meu pai convidou-me para ajudá-lo na indústria, contrariando - curiosamente - suas atitudes até então, pois me havia educado com a idéia de que "empresa não é lugar para mulher..." Minha formação era voltada para a filosofia e adorava o trabalho com educação que fazia na periferia, porém o convite coincidiu com um período em que enfrentava problemas pessoais e estava numa fase de questionamentos. Com o hábito de levar muito a sério as coisas que faço, acabei mergulhando de cabeça no empreendimento. Atualmente, faço parte também da diretoria do Departamento de Pequenas e Médias Indústrias (DEMPI), do Ciesp/Fiesp."


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