Marketing Sem Discurso
O marketing tem sido visto apenas como discurso vazio, sem ações práticas, geralmente mal-entendido. No entanto, no marketing moderno não basta comunicar, mas tem-se de buscar uma resposta. Assim, ele compreende percepção, posicionamento e comunicação. O que é marketing? É um conjunto de esforços que visa garantir a satisfação total de certo público, oferecendo-lhe um produto e uma facilidade de transação, com responsabilidade social, que, hoje, faz parte de sua definição mais moderna. Trata-se de releitura do marketing tradicional, constituindo instrumental eficiente e inovador, denominado marketing de relacionamento. Esse conceito atualizado de marketing está sendo empregado, em caráter pioneiro, num projeto de reposicionamento da cidade de Valparaíso (Chile), visando melhorar a sua competitividade e promover a melhora da qualidade de vida. É o que relata, em depoimento exclusivo, a consultora Mírian Bretzke, diretora da Bretzke Consultoria www.bretzke-marketing.com.br , empresa responsável pela implantação do projeto.
A MISSÃO DAS CIDADES
"Muitas vezes o cidadão está tão revoltado com seus problemas que não consegue perceber a sua cidade, desacreditando até do que existe de bom ao redor. É preciso, então, resgatar isso, digamos, resgatar uma cidade na cabeça do cidadão. É preciso definir a missão da cidade. A missão primeira é a melhora da qualidade de vida. Para isso, há que se ter um plano, uma estratégia de desenvolvimento, estabelecida a partir do mapeamento das principais necessidades, do ponto de vista estrutural da cidade (saúde, urbanismo, planejamento de investimentos, limpeza etc.). Qualidade de vida resulta de emprego que, por sua vez, decorre do desenvolvimento dos negócios. Quando os habitantes de Curitiba dizem 'nós somos uma cidade padrão', pode-se até torcer o nariz e considerar que eles 'têm o rei na barriga'. Mas, não. Esse comportamento deve ser entendido como conseqüência de um bom trabalho de marketing... E não se faz apenas da boca para fora, porém deve corresponder à realidade."
RESGATANDO O ORGULHO DO CIDADÃO
"Na hora em que observar que está tudo limpo, que a prefeitura está cumprindo a sua parte, o cidadão não irá mais sujar a cidade, pois sabe exatamente qual o seu papel e como deve agir, conforme lhe foi comunicado por meio de técnicas de marketing. Estaremos induzindo a população a ter orgulho de sua cidade, a não sujá-la. Vejam-se, entre nós, os exemplos antagônicos do Metrô e do trem de subúrbio. São questões de expectativa e de posicionamento, em que o usuário do metrô espera que tudo esteja limpinho - 'então não vou sujar' -, enquanto, ao contrário, no trem, ele não precisa preservar nada, pois sente que tudo é uma bagunça, então ele dá vazão à sua revolta... Na minha visão, primeiro, vamos fazer, vamos agir, depois, iremos buscar a conscientização dos vários públicos, mediante a comunicação de massa (mídias impressa e eletrônica) e a comunicação dirigida. Não diremos 'veja o que vamos fazer' e, sim, 'eis o que já fizemos, cabe agora a vocês cuidar'."
MARKETING COM RESPONSABILIDADE SOCIAL
"Como nós o entendemos, o marketing de relacionamento é coisa de cinco anos para cá e não vem para enganar o cidadão. Ele ajuda a prefeitura a buscar o desenvolvimento, mas não a qualquer custo, porém visando, principalmente, a satisfação e a qualidade de vida do cidadão. Para tanto, desenvolvemos uma metodologia, trazida do marketing tradicional, utilizando conceitos como, por exemplo, o 'multiplicador', do Banco Mundial. Baseia-se em concepção de Regis MacKenna, que adaptamos no nosso dia-a-dia. Ao contrário do tradicional, praticado pelas agências de publicidade e que emprega técnicas de propaganda como estratégia principal de comunicação, oferecemos um marketing um pouco diferente, com outras técnicas (banco de dados, telemarketing e comunicação dirigida) e uma metodologia que incorpora conceitos de qualidade total. Pensa-se, mais a longo prazo, na entrega do produto com qualidade que atenda às expectativas do consumidor, especialmente por meio de um bom atendimento pós-venda. No caso das cidades, não significa que elas serão perfeitas, mas que o cidadão terá condições de entender que a falta de determinado recurso num momento será resolvida mais tarde, com certeza."
|