Exportação Sem Comodismo
Está na hora de o mercado externo deixar de ser encarado como alternativa apenas nos momentos de desconfiança em relação à estabilidade econômica do País. É preciso compreendê-lo enquanto um mercado permanente, capaz de regular as atividades de produção e de comercialização do segmento empresarial brasileiro. O apelo feito aos empresários veio do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alcides Lopes Tápias, durante o almoço-palestra promovido pela Associação Brasileira dos Executivos de Comércio Exterior (Adede) - Tel.: (11) 259-8479, no dia 25 de fevereiro de 2000, em São Paulo.
CONJUNTURA NACIONAL
"Há boas razões para sermos otimistas no plano interno, pois todos os indicadores estão apostando em um ano de recuperação das atividades econômicas e da retomada do emprego. A inflação está e certamente vai continuar sob controle e os efeitos benéficos da mudança do regime cambial já estão refletidos em nossa balança comercial, que no ano passado conseguiu ter seu déficit reduzido em US$ 5 bilhões. Essa mudança estrutural permanece como fator de competitividade das nossas mercadorias, uma vez que reduzimos em US$ 3,3 bilhões os nossos gastos com importações de bens de consumo duráveis e não duráveis. Portanto, é justo acreditar que esses recursos estão demandando bens no mercado interno em um processo novo e importante de substituição competitiva de importações que demonstra o alto grau de modernização do parque industrial brasileiro. Precisamos importar porque nenhuma economia global é auto-suficiente em um cenário importante de interdependência de produtos e capitais."
MODERNIZAÇÃO
"Esse também é o momento propício para apostar no crescimento do mercado exportador, pois o cenário mostra-se favorável no exterior, com a normalização nos preço do petróleo e nenhuma crise financeira à vista. Exportar hoje é vital para retomarmos o crescimento com base sustentável, lembrando que cada bilhão a mais em exportações pode representar até 60 mil novos empregos. No entanto, há obstáculos a serem vencidos, como as barreiras comerciais aos nossos produtos e também a ainda fraca cultura brasileira de exportações. Contabilizamos atualmente 15 mil empresas exportadoras, no entanto, o número de empresas importadoras é o dobro, o que significa que sabemos importar, mas ainda necessitamos aprender o caminho da exportação. É importante termos grandes firmas exportadoras, mas precisamos também estimular fortemente os pequenos e micro empresários. Para isso, estamos empenhados em um grande processo de modernização, que abrange a simplificação de registros, a desburocratização para a obtenção do certificado de origem bem como a ampliação do número de produtos que podem ser exportados em consignação, além da redução das exigências para cadastramento das empresas."
MARCA BRASIL
"O projeto Brasil Exporta, em desenvolvimento no ministério, tem como meta possibilitar a identificação e a análise das práticas do comércio internacional mais adequadas à realidade brasileira, de modo a permitir maior organização na seleção de setores e de pólos exportadores. O mais importante de tudo será a integração desses esforços públicos e privados, por meio do Portal Brasileiro de Exportações, cujo objetivo é a criação de uma infra-estrutura de informações e serviços voltados especialmente às pequenas e médias empresas, incluindo a divulgação online das oportunidades de negócio dentro da nova onda do comércio eletrônico, bem como da marca Brasil. A nossa intenção é que alguém que tenha computador e saiba navegar na Internet não precise sair da sua mesa para obter respostas para questões relativas à área de exportação. No que diz respeito ao suporte de crédito, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador autorizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a ampliar de 20 para 40% as aplicações dos recursos recebidos em financiamento às atividades exportadoras, o que representa um montante de pelo menos R$ 5 bilhões."
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