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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 95 (30/01/1994)

O difícil Atendimento Sob Medida

Vendedor disperso é veneno puro, tanto para o consumidor quanto para o lojista e o fabricante. É sintoma de que os hábitos continuam os mesmos, apesar de todo o discurso de mudança que atualmente assola o universo empresarial. Normalmente, a desatenção na ponta do varejo significa falta de sensibilidade em relação à única fonte de renda, o cliente. Ou pior, é sinal de que o industrial e o comerciante, ainda embalados pelas ilusões dos monopólios, não despertaram para as novas tendências da moda: qualidade, diversificação, atendimento personalizado e preço baixo.
Quem atua nas regiões vizinhas às grandes tentações da capital paulista - como o ABC, por exemplo - precisa ficar atento a esse tipo de veneno, sob pena de fechar. Flávio Rodrigues Sousa, proprietário, em São Caetano, da loja Isaías J. de Souza - Hommes, tel.: (011) 442-2007, e, em Santo André, da F.R.S Comércio de Roupas - Hommes, duas empresas especializadas em moda masculina, está situado bem no miolo dessa luta. Herdeiro, junto com os dois irmãos, dos negócios do pai, que se aposentou recentemente, ele foi obrigado a mudar para continuar na ativa.
No depoimento a seguir, Flávio conta como uma empresa familiar enfrenta as pressões da recessão e qual sua estratégia para não permanecer nos erros que fazem a desgraça de muitos lojistas.

CURSOS MOTIVAM VENDEDOR
"Faço parte de uma família de nordestinos que há vinte anos trabalha no comércio de São Caetano. Meu pai começou com o Depósito Super G, onde me iniciei aos 10 anos de idade. Quando entrei na Faculdade de Administração, ficava o dia todo na loja. O Depósito Super G destinava-se a um segmento mais popular e, quando ele cresceu, vimos que o mercado era muito grande e resolvemos diversificar.
Há três anos, quando meu pai se aposentou, decidimos dividir os negócios. Um dos meus irmãos ficou com a Bucare, especializada em moda jovem. O outro, com a Veneza, que atua num segmento mais clássico. E eu fiquei com a Hommes, que foi fundada com o objetivo de trabalhar com uma marca exclusiva. Hoje, 80% do meu estoque tem nossa griffe.
Tenho um ponto-de-venda em São Caetano e outro no Shopping Santo André. A idéia é expandir com lojas próprias, primeiro, no ABC, e, depois, em São Paulo. Precisamos ir devagar para poder estruturar-nos de maneira adequada. No passado, chegamos a ter oito lojas e enfrentamos vários problemas por falta dessa estrutura. O ponto-chave é o material humano. A carga horária no comércio é muito grande, e nosso setor é uma espécie de última alternativa de emprego. É uma atividade encarada como provisória.
Se você dá treinamento, a pessoa vai embora quando está no ponto ideal. Por isso, desenvolvemos uma política de benefícios que inclui treinamento permanente, para manter a motivação, e prêmios em dinheiro, para quem cumpre metas e também quem consegue fazer girar produtos que estão parados. O vendedor precisa entender a psicologia e o 'timing' do consumidor. Em muitas lojas, ele está totalmente disperso, pensando na namorada ou no bate-bola do fim de semana."

QUEM TENTA IMPOR NORMAS MORRE

"Os clientes foram perdendo o poder aquisitivo, e descobrimos que precisávamos baixar os preços sem perder a qualidade. A solução, para atingir esse objetivo, é optar pela marca própria, que tem ainda o apelo do diferencial, outra exigência do mercado. Mas, para manter sua griffe, o trabalho é muito maior.
Tenho tudo terceirizado. Preciso correr atrás do tecido, da lavanderia, dos aviamentos e dos profissionais de confecção. Corro atrás de tudo, mas é dessa forma que consigo um preço entre 30 e 50% mais barato do que os artigos de outras marcas famosas. Esse desconto eu repasso para o cliente. E faço um controle rigoroso de qualidade, para evitar transtornos. Tenho pessoas-chave nas peças mais importantes, como calças, camisas e camisetas. E todos os produtos são revisados aqui mesmo na loja.
Trabalho com pequenos fornecedores, pois com eles é possível manter um diálogo. Os grandes são mais difíceis de tratar, pois querem impor quantidade e outras condições. Acredito que o mercado não está mais para esse tipo de relacionamento. Vimos pessoalmente a guerra provocada por grandes marcas, que, devido ao seu gigantismo, quiseram impor suas normas. Resultado: foram devolvidos caminhões de mercadorias, e elas tiveram que partir para as lojas de fábrica.
Não há clima para parceria, quando existe esse tipo de confronto. O consumidor está cada vez mais exigente, e nós temos que seguir a tendência que ele determina. Para sobreviver, você tem que atender as necessidades dele, detectadas no balcão. Mesmo que eu não consiga estar todo o tempo à frente do balcão, quando chega no fim do dia, converso com os vendedores para ver o que vendeu, o que não vendeu e quais os problemas. Eles passam para mim as demandas de cores, tamanhos, modelos, estampas etc."

CONCORRENTES PRECISAM DE UNIÃO
"Nos últimos três anos, por exigência do consumidor, o atendimento tem melhorado muito, mas não chegamos a um estágio ideal. O empresário, principalmente o pequeno, tem uma grande parcela de culpa pelos problemas da mão-de-obra, pois não acredita em treinamento. Hoje, é preciso mostrar ao funcionário toda a estrutura da empresa, a interdependência entre os setores e a necessidade do bom atendimento.
Mas o mais importante é a união entre os empresários. É preciso trocar experiências com os concorrentes. São Caetano é um exemplo dessa necessidade. É uma cidade prensada, onde o consumidor tem condições de sair dela rapidamente para ir comprar em outras praças. Precisamos, então, criar novas opções para prender o consumidor aqui. No processo de aprimoramento obrigatório do comércio, tem sido valiosa a contribuição do SEBRAE/SP, com seus cursos específicos e sua consultoria permanente."


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