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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 100 (06/03/1994)

A Solução do Álcool sem Veneno

Para transformar álcool hidratado em álcool anidro, muita gente adiciona benzeno, um produto proibido por lei, por ser cancerígeno e que costuma deixar resíduos. Existem outras soluções, mas são consideradas muito caras. A da peneira molecular, por exemplo, patente americana que pode ser utilizada sob licença, exige alto investimento. Para que colocar tanto dinheiro num processo que, no fim, pode ser feito de maneira mais barata?
Esse desafio fez o engenheiro chileno Augusto Ivan Basualto Diaz procurar uma saída. Com a ajuda do SEBRAE/SP e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, desenvolveu e está oferecendo no mercado uma saída honrosa para os usineiros: a utilização do ciclohexano, uma espécie de primo do benzeno, conseguido através da hidrogenização, que não tem contra-indicações. Tem as propriedades similares às do benzeno, é mais volátil e oferece outro diferencial importante: o álcool anidro conseguido pode ser exportado. Pois ninguém compra nosso produto, devido ao resíduo de benzeno contido no mesmo.
Augusto montou a SOS Álcool, Indústria e Comércio de Equipamentos Ltda., em Piracicaba - tel.: (0194) 34-6333 - exatamente para esse tipo de oferta, apostando na modernidade dos serviços e dos produtos da sua especialidade, as destilarias de álcool. Por possuir apenas trinta funcionários e conseguir montar destilarias a preços baixos e com qualidade, está começando a incomodar. Mas essa é uma estratégia que tem suas raízes nos anos 70.

VIM NA ÉPOCA DO MILAGRE
"Saí do Chile em 1974, quando o país enfrentava uma grave crise, com alta inflação e mais tarde o sucateamento da indústria nacional. Aqui, acontecia o milagre brasileiro e consegui colocação numa fábrica de destilarias, a Conger S. A. Sou formado em engenharia química e trabalhei lá dez anos, primeiro, assumindo o cargo de gerente da área de projetos e, depois, sendo responsável por toda a parte de engenharia.
Saí em 1984, quando o Pró-Álcool praticamente acabou, e, junto com mais dois gerentes, fundei esta empresa, que, no início, cuidava apenas de prestar socorro às destilarias. Não construíamos nada, mas isso não funcionou muito. Existem quinhentas destilarias no Brasil, e o empresário, pela compra do equipamento, quer a assistência técnica gratuita. Aí, resolvemos retomar o trabalho que fazíamos na empresa, fabricando os equipamentos: colunas que destilam o álcool, os condensadores e os resfriadores, além dos acessórios, como tubulações, válvulas etc.
Fazemos destilarias de qualquer porte, oferecendo bom preço e qualidade. Nossa luta tem sido convencer os empresários do setor da necessidade de implantar novos processos, para ficar sintonizados com os desafios da modernidade. Felizmente, tem havido boa receptividade, principalmente devido à safra de empresários jovens que tem assumido o comando e estão abertos às inovações. Uma delas é a manutenção preventiva, uma das nossas especialidades."

NEGÓCIO NA BASE DA CONFIANÇA

"O usineiro não fecha um contrato com você baseado no seu porte. Ele leva em consideração a confiança que deposita em você. E, como temos vinte anos de atuação no mercado, conseguidos bons resultados. Esse tipo de relacionamento significa também uma seleção rigorosa, pois quem não cumpre o acordo fica imediatamente queimado. Ninguém mais faz negócios com quem não cumpre a palavra.
O importante é elevar o nível do setor. Precisamos olhar para o ser humano, procurar soluções que não criem problemas nem para a saúde dos funcionários nem para a imagem das empresas. Nosso produto, por exemplo, o ciclohexano, não é tóxico e aumenta a qualidade do produto final. Além de o empregado não aspirar os efeitos tóxicos do benzeno, o dono da destilaria ainda vai ter mais lucro. Esse duplo efeito é a contribuição da SOS Álcool para um mercado tradicional e conservador, mas muito dinâmico, apesar dos problemas dos últimos anos.
Damos treinamento aos gerentes e engenheiros para a perfeita manipulação e manutenção dos equipamentos, mas não descemos até os operadores. Quando havia o Instituto do Açúcar e do Álcool, existia essa preocupação. Isso precisa ser assumido pelos empresários, para evitar riscos desnecessários. Ainda há muito o que fazer neste setor."

FALTA DE PLANEJAMENTO DÁ PREJUÍZO
"Sendo empresa pequena, devemos redobrar a atenção em relação aos custos, pois, se a gente gastar mais do que tem, cai nos bancos, e hoje isso é fatal. A empresa tem seu ponto de equilíbrio, e, se eu ficar abaixo disso, posso fechar as portas. Outra preocupação é não assumir todos os cargos e delegar um pouco. Hoje, felizmente, consegui três pessoas-chave para tocar o barco.
Além disso, estamos procurando centrar forças no planejamento da produção, senão podemos perder muito dinheiro. Precisamos baixar os custos, manter o mesmo pessoal e elevar o lucro. O problema é que nossa atividade é sazonal. Temos uma curva ascendente que vai até abril e maio e depois cai. Por isso, estamos tentando inaugurar outra linha, fabricando churrasqueiras, tanques para caminhão, pias, tudo o que seja de aço inoxidável, que, junto com o cobre, é o material mais usado por nós.
Além disso, resolvemos intensificar a exportação, pois já conseguimos colocar nossos produtos em alguns países da América do Sul, como Chile, Colômbia e Bolívia, e da América Central, como Martinica, Guadaloupe e Barbados. Considero o Mercosul confuso, pois faltam definições quanto aos impostos, às taxas tarifárias. Os impostos nas atividades de exportação são muito complicados, e esse terreno precisa estar aplainado para intensificarmos os negócios com o Paraguai e a Argentina. Todo esse processo, apesar dos riscos, é muito estimulante."


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