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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 116 (26/06/1994)

Vencer é Suar a Camisa e Levantar Peso

A atividade empresarial no Brasil pode ser comparada a um exercício de atletismo: é preciso manter a forma, levantar peso, atingir o alvo, quebrar recordes, chegar na frente, pular obstáculos. Ninguém trabalha por conta própria impunemente: suar a camisa faz parte dessa opção ingrata e, misteriosamente, mal vista no País. Numa terra onde a palavra emprego não costuma ser encarada como consequência da gestão bem-sucedida dos negócios, fica difícil ligar o empresário com sacrifício, dedicação exclusiva e risco permanente. Mas essa é exatamente a verdade. O fato de tanta gente tentar sobreviver criando empreendimentos que assomam em todos os cantos do País significa que lutar faz parte do perfil dos brasileiros. Sobram exemplos de heroísmo diário, na indústria, no comércio, na agricultura e nos serviços. Basta abrir os olhos. O caso de João Lopes de Almeida é perfeito para ilustrar essa evidência. Tendo trabalhado até os 13 anos em atividades agrícolas, ele completou em 1974 um curso do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e em 1978 decidiu montar uma tornearia. Mas sua paixão pelo levantamento de peso fez com que unisse suas experiências na metalurgia e no atletismo. Por isso fundou em 1984 a Vitally Indústria de Aparelhos para Ginástica Ltda. www.vitally.com.br –, em São José do Rio Preto, que hoje tem cem funcionários. Para atingir seu objetivo, ele teve que diversificar os produtos, buscar novos nichos e investir na criatividade e na tecnologia, como conta no depoimento a seguir.

EXISTEM MAIS CASAS DO QUE ACADEMIAS
"Em 1975 comecei a fazer ginástica, entrei numa academia, participei de campeonatos de levantamento de pesos e consegui várias vitórias. Fui campeão paulista e brasileiro. Em 1979 me veio a idéia de fabricar alguns equipamentos, como pranchas e outros aparelhos simples, que tiveram boa aceitação. Em 1984 parti para a fabricação em série com a Vitally, onde criei um processo industrial, com um departamento de projetos e um esquema profissional de marketing. Temos hoje três linhas de produtos: para academias, residências e para jogos de basquete. Na linha academia temos aparelhos para os exercícios peitorais, dorsais e de panturrilha "barriga" da perna); de extensão, flexão e agachamento. Os da linha residencial são bicicletas, esteiras e remos. E para a linha basquete produzimos tabelas hidráulicas, a Vita Basket, aros móveis e tabelas comuns. A hidráulica é muito prática, pois tem rodinhas e a altura pode ser regulada. No início só trabalhávamos num segmento, montando academias. Mas numa cidade de 300 mil a 400 mil habitantes, existem em média vinte academias, enquanto o número de residências é muito maior. Com os planos econômicos do governo, começamos a ter dificuldades e aquela febre de academias diminuiu. Hoje inclusive fazemos mais manutenção e complemento dos equipamentos nesse setor. Voltamo-nos então para o mercado residencial, começando com um aparelho, o Vita House. Isso tem dado bom resultado, pois está havendo muita preocupação em se fazer ginástica, de ter um melhor condicionamento físico. Em 1990 diversificamos também para o basquete."

VIAGENS TRAZEM BOAS IDÉIAS
"É muito difícil, principalmente aqui no Brasil, ser atleta e ser empresário. Eu tinha muito pouco tempo para treinar. Precisava, logicamente, me dedicar mais aos meus negócios, já que não existem muitas chances de patrocínio no atletismo. Mas consegui durante sete anos conciliar minhas atividades de empresário com as de atleta, fazendo exercícios nas horas de folga. O atletismo foi muito bom para mim, porque me abriu portas em todo o lugar em que eu chegava, era respeitado na área. Viajei para vários países, e isso fez com que adquirisse muito mais informações sobre o setor. Quando você viaja, conversa, tem contatos novos, conhece gente nova e sempre acaba trazendo idéias. O que atrapalha um pouco é a política e a economia do País. Atuamos num segmento novo e nem estávamos preparados para a concorrência internacional. Pois no governo Collor aumentaram a alíquota do IPI, de 10 para 20% e ainda abriram as importações. Isso nos atrapalhou. Além disso, nossos produtos foram considerados supérfluos. Produto de ginástica é saúde. Até hoje essa decisão faz com que o faturamento fique entre 20 e 30% menor. Sorte que desde o início contamos com uma assessoria contratada, que desenvolveu o projeto da empresa. E também contatamos uma agência de publicidade para fazer o catálogo, e a coisa foi acontecendo de maneira um pouco automática. Fizemos também agora um contato com a consultoria do SEBRAE/SP para desenvolver um trabalho na área de vendas, que ainda não está concluído. Queremos uma visão mais ampla de nossas possibilidades de vendas, para melhorar a empresa."

MERCOSUL, UMA DAS METAS
"Temos hoje aproxidamente setenta produtos, sendo quinze na linha residencial, quatro na linha de basquete e os demais na de academia. Temos intenção de exportar, pois o Mercosul está aí mesmo e precisamos conseguir mais competitividade, com melhores preços. Queiramos ou não, lá fora existem equipamentos americanos e japoneses muito mais avançados. Queremos investir mais na própria empresa, aperfeiçoar, melhorar a produção e a qualidade, alcançar essa tecnologia e entrar no mercado externo. Além, é claro, de aumentar nossa presença no mercado interno. Hoje somos uma das mais importantes empresas do setor no Brasil. Aqui no interior temos dificuldade em terceirizar a produção e, por isso, montamos outros segmentos dentro da indústria. Por exemplo, a fundição, a parte plástica, estofamento, tudo é feito dentro da Vitally. Inclusive assumimos mais da metade do nosso transporte. Temos frota própria. Um dos nossos planos é começar a fazer patrocínios de atletas aqui da região."


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