Prudência Administra Arte da Bijuteria
Como toda arte,
a bijuteria vale mais pela sua criatividade do que pelos materiais que utiliza.
E, como todo negócio, esse ramo precisa de um gerenciamento honesto e
realista para manter-se de pé. A fusão desses dois elementos -
o talento administrado pela prudência -, aparentemente incompatíveis,
é um desafio bem resolvido por pessoas como Bella Golzer. Ela
conseguiu aliar vários vetores num só empreendimento, a empresa
que tem seu nome - Tel.: (011) 853-8094 -, para poder firmar-se nesse
mercado.
Natural do interior do Rio Grande do Sul, Bella fez cursos variados, de pintura
em tela, tecido e porcelana, por exemplo. Aprendeu, também, escultura
e bijuteria, estudou história da arte e lecionou arte para crianças.
Foi gerente de loja e, depois de nove anos nessa atividade, resolveu montar
um negócio por conta própria, que hoje está instalado nos
Jardins, na rua Bela Cintra. No depoimento a seguir, Bella conta como consegue
ser arrojada no seu trabalho artístico, ao mesmo tempo que mantém
uma bem-sucedida estratégia baseada na simplicidade e na multiplicidade
de opções.
DEDICAÇÃO FAZ O PONTO
"Trabalho desde os 14 anos e sempre fui muito dedicada. Quando era funcionária,
acabava sendo chefe, não pela minha capacidade, mas por essa dedicação.
Costumo aceitar os desafios. Um dia, fui numa escola para saber como é
esse mercado de professora de arte e fui contratada na hora. Fiquei um pouco
atordoada, mas decidi montar um curso para despertar o interesse e a criatividade
das crianças. Fiquei quatro anos dando aula.
Quando trabalhava na loja, comecei a montar bijuterias, uma atividade que aprendi
num curso. As amigas ficavam encantadas, isso me emocionava e eu costumava presenteá-las.
Até que um dia alguém levou um produto meu para vender e vendeu
imediatamente. Apliquei meu Fundo de Garantia numa loja que queria passar o
ponto e me instalei. Hoje, tenho catorze funcionários.
Eu cuido aqui da parte artística, da criação das bijuterias
e da parte administrativa. Fazemos entre quinze e vinte modelos por dia. Compro
matéria-prima do exterior, mas costumo usar muitos materiais brasileiros,
como pedras, sementes, conchas. Uso estrass, cristal, coisas de festa, mas dedico-me
mais ao estilo clássico do que à modinha. Apesar da fama, muitos
produtos meus não são caros e podem ser comprados por R$ 8, R$
10 ou R$ 15."
BUSCA DO EQUILÍBRIO
"Eu gosto de criar a minha peça do começo ao fim. Aí,
ela fica sincera. Cada um tem seu estilo, a sua criação. Eu trabalho
sentindo a peça. Isso eu não posso passar para ninguém.
Quando entro na oficina, oriento a montagem e, se não gosto, mando desmanchar.
Talvez pela minha formação - estudei com um pintor muito
rigoroso -, procuro o equilíbrio das peças.
Quando comecei, não ligava para a moda. Eu criei a minha moda. Mas eu
gosto muito de arte decô, arte nouveau, então fiz uma moda bem
feminina e romântica. Atualmente, eu sigo tendências, pois bijuteria
é complemento, então eu tenho que saber o que estão usando.
Acho que foi a originalidade dos meus produtos que começou a chamar a
atenção. Costumo trabalhar também por encomenda. Faço
linhas exclusivas para determinadas pessoas, desenvolvo para terceiros, criando
coleções especiais para outras grifes. Atendo, também,
revistas femininas como Elle e Vogue. Hoje, eu estou prestando serviço
para o SBT, que tem colocado meus produtos na novela Razão de Viver."
A VENDA É A ALMA DO NEGÓCIO
"No princípio, achava que bijuteria era futilidade, mas hoje acredito
que essa arte tem uma função social. Quando abri a loja, notava
que as pessoas chegavam meio deprimidas. Você coloca o brinco, dá
um pouco de brilho, a pessoa levanta a moral. É como uma varinha de condão.
Ela dá o clic, sai aquela estrelinha e a pessoa cresce. Para vender,
é preciso saber apresentar o produto, observar muito, entender o que
o cliente quer e parar de insistir no momento certo. A venda é a alma
do negócio. Quem quiser entrar nesse ramo precisa começar devagar,
conhecer bem o mercado, gostar do que está fazendo. Tenho alguns representantes,
mas gostaria de ampliar esse quadro. Estou, também, pensando em montar
uma franquia. Exportação é outro nicho que me interessa,
inclusive até pedi orientação para o Sebrae sobre esse
assunto."
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