Como Gerar Emprego Dentro de Casa
Desenvolver uma
atividade produtiva no ambiente doméstico depende do equipamento adequado,
da postura correta e do apoio a esse mercado, que cresce em todo o mundo. Segundo
a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 52% das empresas
britânicas, 33% das francesas e 31% das alemãs já colocaram
pelo menos parte de seu pessoal para trabalhar em casa. Os setores que mais
aderiram ao trabalho doméstico foram as agências de viagem, de
telemarketing, as seguradoras e as telecomunicações.
A nova modalidade de trabalho virou verdadeira febre, que já tem até
uma designação própria: Soho, que significa Small Office,
Home Office, ou Pequeno Escritório, Escritório em Casa. Seus indicadores
são dados pelo consultor Álvaro Mello, diretor da Beca e-Work - tel.: (11) 9 9110-1615 -, consultoria
especializada no assunto. Ele diz que, nos Estados Unidos, o Soho movimenta
cerca de US$ 427 bilhões ao ano - sendo que 14 milhões de americanos
trabalham o tempo todo em casa e outros 13,1 milhões ficam em casa metade
do expediente. A seguir, ele fala sobre essa tendência.
A IMPORTÂNCIA DO COMPROMISSO
"Não é todo mundo que se dá bem trabalhando em casa.
Em primeiro lugar, o tipo de atividade tem que ser compatível com o local
- os profissionais liberais, de vendas e de outras atividades correlatas
são os que mais se adaptam à nova fórmula. É necessário,
ainda, trabalhar com empresas que confiem no profissional liberal sem ficar
controlando se ele está ou não produzindo.
Para ter sucesso, é preciso adotar uma série de atitudes fundamentais.
A primeira de todas é o que chamam de comprometimento. A pessoa tem que
atender a clientela - ou a empresa à qual é ligada -
com tanto ou mais compromisso do que quem está no escritório,
cumprir os prazos à risca, apresentar qualidade em tudo o que faz. Além
disso, é preciso separar o espaço e o tempo dedicados ao trabalho,
sem a interferência da família.
É preciso também investir o máximo de esforços na
busca constante de informações, pois, sem o escritório
da empresa, o profissional reduz bastante as oportunidades de reciclagem e atualização.
O profissional deve equipar-se bem, com microcomputador de mesa e um portátil,
se ele trabalha também na rua atendendo clientes; além de fax,
impressora, telefone sem fio, celular, secretária eletrônica, vídeocassete
e uma boa relação de escritórios virtuais e de gráficas
de conveniência. Dependendo do caso, podem ser necessários vários
outros equipamentos."
NOVAS TECNOLOGIAS
"Apenas em São Paulo, há pelo menos 310 mil casas com microcomputadores,
segundo pesquisa da Datafolha. Em cinco anos, esse segmento deverá responder
por aproximadamente 40% do mercado nacional. A perspectiva é de que com
as novas tecnologias de acesso remoto - via Internet, por exemplo -
e de videoconferências, as condições de trabalho serão
otimizadas dentro da filosofia do escritório virtual.
Paralelamente, crescem os serviços de apoio. Um deles é a Associação
Brasileira para o Desenvolvimento do Empreendedorismo (Abrem), da qual sou vice-presidente.
É uma entidade associada à International Association for Entrepreneurial
Development, que congrega professores, consultores e especialistas no assunto
em vários países.
Na Brasil Entrepreneur, damos apoio para muitas organizações que
precisam desenvolver empreendedores internos e externos, identificando os potenciais
dessas pessoas, orientando em quais aspectos cada um precisa de treinamento,
e criamos esse treinamento individualizado. Desenvolvemos, também, nosso
trabalho junto a pessoas que se desligam das funções tradicionais
dentro da empresa, precisando reorientar a sua vida."
REDE DE CONTATOS
"Uma necessidade de quem trabalha em casa é o monitoramento e o
planejamento sistemáticos das atividades, com metas a serem atingidas,
programação rígida de atividades e fichas atualizadas dos
clientes. Outra providência é uma boa rede de contatos, saber ver
as pessoas e ser visto, para não se isolar e não ser esquecido
pelo mercado. Numa pesquisa nacional, descobriu-se que o empreendedor brasileiro
é forte em persuasão e rede de contatos, busca de oportunidades,
iniciativa, independência e autoconfiança, além de busca
de informações. Os pontos fracos são planejamento e monitoramento
sistemáticos e comprometimento."
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