Generalista na Medida Certa
Com a sociedade vivendo um processo de desregulamentação, as empresas seguem o mesmo rumo, em busca de maior liberdade de ação. Sem as intervenções e os bloqueios do governo, cada vez mais o profissionalismo e a competência na gestão de um negócio constituem os fatores determinantes, seja no caso de sucesso, seja na exclusão. Quem destaca a necessidade da formação de administradores qualificados que tenham a capacidade de desenvolver uma visão geral de todos os aspectos que envolvem as pequenas e médias empresas é Roberto Carvalho Cardoso, presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo - www.crasp.gov.br. Em depoimento exclusivo, ele se refere a essas organizações como sendo a grande fonte geradora de empregos e de oportunidades de negócio e fala também das mudanças estruturais do mercado, que exigem novas posturas administrativas tanto por parte dos empreendedores quanto dos executivos.
DIVERSIDADE
"Há quem diga que o povo brasileiro é um dos mais empreendedores, e isso se deve, em parte, ao Fundo de Garantia pelo fato de o trabalhador ter um valor disponível, uma quantia como recurso e possibilidade para partir para um negócio próprio. Na condição de administrador dentro da empresa, o empresário precisa, acima de tudo, adotar uma postura ética. Isso significa ser apolítico, ter a mente aberta e não deixar envolver-se. Ele pode ter as suas tendências ideológicas, partidárias e religiosas, mas tem que agir como se isso tudo não existisse. Especialmente hoje, é necessário aceitar e praticar a diversidade não apenas com as minorias, mas de maneira geral. As faculdades deveriam se preocupar também em estimular o espírito empreendedor e não apenas em formar alunos para serem empregados. Outra crítica com relação aos cursos de administração é que eles não formam profissionais para atuar nas pequenas e médias empresas, que constituem o grande nicho do mercado, já que as grandes organizações representam somente a ponta do iceberg."
TESTE
"Para ser dono do próprio negócio, é fundamental, em primeiro lugar, não ter medo de assumir riscos. É preciso tomar decisões com velocidade, bom senso e ponderação, mas não se pode ter medo de errar. O segundo aspecto importante é esquecer o horário, pois o ideal é que o empresário seja o primeiro a entrar e o último a sair da empresa. Com relação à parte financeira, ele tem que pensar que antes estão os funcionários e os fornecedores. Normalmente, acontece o contrário, uma vez que as pessoas acham que ser dono é pegar o talão de cheques e assinar, como se a empresa fosse uma fonte inesgotável de recursos. É preciso pensar no desenvolvimento tecnológico com profissionalismo, uma vez que não dá mais para improvisar atualmente. Outro aspecto básico seria agir com cautela e com os pés no chão para não contrair dívidas em bancos e nem sempre acreditar naquilo que o governo recomenda. Tem que duvidar um pouco, questionar tudo e aceitar que os pontos altos e baixos fazem parte da história de qualquer empresa."
VIDA OU MORTE
"Na maioria dos casos, as empresas começam aos poucos para dominar o conhecimento. Enquanto se é pequeno, dá para controlar todos os setores, mas, à medida que o negócio cresce e vai distanciando-se da atividade-fim, ele passa a requerer nova estrutura. O índice de mortalidade das pequenas empresas ainda é muito alto porque os seus dirigentes não se preparam para a etapa seguinte, que é a adequação ao crescimento. Boa parte das organizações bem-sucedidas são aquelas que passaram por estágios de transformação de forma consciente. É uma questão de vida ou morte estar aberto para vislumbrar essas mudanças, e são as situações de crise que trazem as grandes oportunidades de inovação. Uma das saídas é encontrar o executivo certo para o lugar certo, ou seja, um administrador bem preparado, pois não dá mais para se aventurar no mercado. Como a fase da qualidade já passou, sem deixar de ser importante, é preciso agora partir para uma profissionalização completa e até mesmo as pequenas empresas já estão conscientizando-se disso."
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